sexta-feira, 16 de novembro de 2012
Exibição de “O Leopardo” na V janela internacional de cinema do Recife: teste de paciência
23:58 |
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Miradouro Cinematográfico |
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Uma das imagens de divulgação do festival
Fila do lado de fora do cinema: na sessão de "Psicose", ela deu a volta completa no prédio; na sessão de "O Leopardo", ficou "apenas" em frente e numa das laterais do cinema
A atriz Cláudia Cardinale, em uma das cenas de "O Leopardo"
Os atores Alain Delon e Cláudia Cardinale em uma das cenas de "O Leopardo"
Por Erick Silva
A exibição de "O Leopardo", na Janela Internacional de Cinema, no Recife esta noite, foi uma enorme decepção em (quase) todos os aspectos.
Primeiro, a desorganização nas filas do cinema São Luíz, o que já virou praxe para o Festival (vide sua edição ano passado). Não obstante, o filme começou a ser exibido com mais de meia hora de atraso. Isso, sem contar a própria programação da edição deste ano (muito fraca e sem atrativos extras). Pra completar, na metade de "O Leopardo", a legenda em português "sumiu", deixando apenas a de inglês! Quando eu fui reclamar, foi-me dito que se tratava de uma falha no computador, e que a legenda seria reiniciada, mas o filme, não! Resultado: minha namorada Gorette Kaiowá Silva e eu exigimos nosso dinheiro dos ingressos de volta depois de cinco minutos SEM LEGENDA!
Resolvemos esta questão, pois nos prometeram a devolução amanhã, com o caixa do cinema aberto. Porém o que acabou nos incomodando de verdade foi a PASSIVIDADE latente da platéia, que mesmo com boa parte não entendendo as legendas em inglês continuaram inertes em seu canto. Ora, todos fomos para assistir a um filme legendado TAMBÉM em português; não tínhamos a obrigação de saber da língua inglesa! Mas, é aquela estória: pega mal se manifestar sobre algo assim, já que deve ser vergonhoso pra alguns não saber inglês! Sabem como é: é preciso manter o STATUS em alta!
"O Leopardo" fala justamente de uma aristocracia em plena decadência, que não quer perder suas mordomias. Assim como a platéia do São Luíz hoje, que se acomodou, teve medo dese manifestar, acovardou-se de reclamar! Foi um micro-retrato dessa nossa sociedade, que, com medo de perder o pouco que tem não faz nada (mesmo diante das maiores injustiças).
Detalhe: são os mesmos pseudo-intelectuais que expressaram sua selvageria na sessão de Febre do Rato, na edição da Janela ano passado, e que pagarão R$ 99,90 para ter o DVD desse filme em casa (só por exibicionismo). Da mesma forma que chegarão em casa hoje e se gabarão de terem assistido um "clássico do cinema"!
Como meus amigos Angelus Novus e Wilker Medeiros estavam lá, gostaria de saber também a opinião deles a respeito desse fato.
Da minha parte, parabéns à Janela Internacional de Cinema e à platéia, em geral, do São Luíz hoje! Vocês fornecerem dados suficientes para um promissor estudo sociológico!!!
"É ESSA A JUVENTUDE QUE QUER MUDAR O BRASIL? VOCÊS NÃO ESTÃO ENTENDENDO NADA! NADA!" (Caetano Veloso).
Erick “Kaiwoá” Silva, 14/11/2012
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- Alguém que escreve para viver, mas não vive para escrever; apaixonado pelas artes; misantropo humanista; intenso, efêmero e inconstante; sou aquele que pensa e que sente, que questiona e duvida, que escapa a si mesmo e aos outros. Sou o devir =)
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4 comentários:
Este texto foi redigido por Erick Silva e publicado pelo mesmo em sua página no Facebook; está publicado aqui (na íntegra) com a devida autorização de seu autor; apenas o título é meu, haja vista sua ausência no texto original. Abaixo repetirei as observações que fiz à postagem deste texto no Facebook.
Alberto Bezerra de Abreu
Filas imensas e atraso considerável (até 10 minutos seria perdoável) são recorrentes nas exibições dos filmes famosos do Janela, quando ocorrem no São Luiz; talvez sejam inevitáveis, pois ao final de cada sessão faz-se necessária a limpeza da sala, bem como avaliação de suas condições (ver se não houve avarias, etc.); no entanto, penso que se, de fato, for impossível sanar estes problemas, ao menos seria possível minimizá-los, haja vista que recorrência de atrasos de cerca de 30 minutos constituem algo bastante desagradável.
Quanto ao problema técnico, como disse uma amiga numa das noites do Cine PE deste ano, "Festival de cinema sem problemas técnicos não é festival de cinema" (http://www.miradourocinematografico.blogspot.com.br/2012/06/cine-pe-2012-terca-feira-uma-noite.html); porém, como o filme não foi pausado enquanto se resolvia o problema, e como a lacuna foi grande (pelo menos 10 minutos de um diálogo importante perdidos para quem não compreendia o aúdio em italiano e/ou a legenda em inglês), o que deveria ter sido feito seria a distribuição dum ingresso para outra sessão para os espectadores ali presentes; quando assisti "Xingu", neste mesmo cinema, e houve falta de energia elétrica, fizeram isso e o São Luiz possui um time de ingresso/convite que não especifica qual o filme, então seria a solução perfeita. Contudo, ninguém apareceu para pedir desculpa e/ou dar satisfações; o filme continuou sem leganda, até que uma hora, enfim ela voltou; a maioria dos espectadores não saiu e não houve vaia ou algo do tipo. Pessoalmente, não me senti impelido a protestar, por ter uma relação afetiva com o festival; contudo, a verdadeira palhaçada (no sentido mais pejorativo do termo) que foi a exibição de "A febre do rato" ano passado me daria direito de protestar com veemência; aliás, iria escrever sobre isso aqui, mas acabei nem fazendo.
Continuando, na exibição de "A febre do rato" em 2011, cheguei em cima da hora, devido ao escandaloso atraso do/s ônibus dos quais eu dependia; me deparei com muita gente do lado de fora sem ingresso (estes haviam esgotado), enquanto muitos convidados entravam; me pareceu óbvio que a quantidade de convidados era grande e que isso prejudicou muitos dos expectadores "normais", como eu. Alguém da organização afirmou que fariam outra sessão na sequência, mas como eu estava só, não fiquei esperando e sai contrariado. Vale salientar que esperei até o filme começar, para ver se não rolava o famoso "jeitinho", mas provavelmente o cinema já estava completamente lotado (conviados em demasia + filme de um autor pernambucano da moda [Cláudio Assis] = cinema lotado). Penso que se era p/ ter convidados, deveriam ter feito uma sessão específica para eles, para não prejudicar assim quem queria assistir ao filme e se dispôs a pagar por isso.
Por fim, o que mais me chamou atenção (e me agradou) no texto que agora comento, foi a analogia entre o conservadorismo burguês-aristocrático dos personagens de "O Leopardo" e o comodismo da classe média modista recifente (na qual estou incluído?!?)...
Penso que se fosse no Cine PE, cujo público não chega a ser tão diferente do que frequenta o Janela, embora seja maior e mais variado, teria chiado, embora não creio que muita gente fosse ter pedido o dinheiro de volta.
Observação 1: quase esqueço de explicar o motivo de não terem parado o filme: como ele tem cerca de 3h de duração e como houve atraso de 30 minutos no início de sua exibição (deveria ter iniciado às 20h, mas começou às 20:30), com a pausa a exibição teria findado próximo da meia-noite, horário ingrato para aqueles que, como eu, voltam de ônibus (mesmo sem a pausa, por conta do atraso o filme terminou tarde, por volta das 23:30); desse modo, o ideal (e exequivel, penso eu), teria sido a reexibição.
Observação 2: deveria ter dito isto no começo, mas como esqueci, antes tarde do que nunca:agradeço a Erick Silva por permitir a publicação do texto aqui; agora, ele se junta a Pedro Tenório Sobral e a Daniel Gomes como os únicos que, além de mim, tiveram textos postados neste blog, cuja proposta é postar textos de qualquer pessoa que escreva algo relacionado ao cinema com um mínimo de qualidade.
(comentário redigido ao som de Jeff Beck =)
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