domingo, 2 de maio de 2010
Cine PE completa 14 e 10 anos simultaneamente
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Miradouro Cinematográfico |
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O invasor
Silêncio e sombras
Alberto Bezerra de Abreu, 02/05/2010
Inicio este texto já com um pedido de desculpa: não consegui achar muitas informações sobre a trajetória do festival; resta-me, portanto, dizer o pouco que sei. Nascido em 1997, com a então nomenclatura de “Festival de cinema do Recife”, o evento ocorreu no tradicionalíssimo cinema São Luiz onde se deu a estréia do longa metragem pernambucano “Baile Perfumado” (Lírio Ferreira); no ano seguinte ocorreu no festival a pré-estréia do indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro “Central do Brasil” (Walter Salles). Minha estréia no evento se deu no ano 2000, levado por minha professora de literatura; foi minha descoberta dos curtas-metragem, bem como da qualidade do cinema brasileiro que não aquele divulgado na TV por conta das (bastantes questionáveis) indicações a melhor filme estrangeiro no Oscar (nessa época, até onde lembro, o cinema brasileiro estava em baixa e não havia grandes sucessos da Globo Filmes desvinculados de tais indicações). Infelizmente não consegui lembrar (nem encontrar na internet) nenhum título exibido nesta minha estréia (que se deu na sexta, dia 31 de maço de 2000).
No ano seguinte, em que “Bicho de sete cabeças” de Laís Bodanzki conquistou boa parte dos prêmios principais me ausentei, comparecendo novamente em 2002, ano em que tive oportunidade de assistir ao aclamado “O Invasor” (SP), de Beto Brant, que conta com o titã Paulo Miklos no papel principal, filme este que hoje tenho em DVD e pretendo resenhar para este blog. Retornei em 2003 e tive a oportunidade de assistir o divertidíssimo longa “Durval discos” de Anna Muylaert (outro que hoje possuo em DVD e pretendo resenhar). Neste mesmo ano foi exibido o documentário (curta) “A composição do Vazio” (PE) de Marcos Enrique Lopes, sobre o filósofo pernambucano Evaldo Coutinho (por quem eu viria a me interessar a partir de 2006, ao ingressar no curso de filosofia da UFPE, sendo que não tive ainda a oportunidade de assistir ao curta, que foi novamente exibido na Bienal do Livro de Pernambuco de 2007).De 2004 a 2007 me ausentei do festival, apesar de residir bem perto do Teatro Guararapes e de não ter o menor problema em ir sozinho (na verdade, na maior partes das vezes fui só). No ano de 2005 o grande vencedor foi o documentário “Do Luto à Luta” de Evaldo Mocarzel. Em 2006 merecem destaque os premiados e pernambucanos “Árido Movie”, longa de Lírio Ferreira (o qual ainda não assisti, mas pretendo faze-lo em breve) e o curta “Eletrodoméstica” de Kleber Mendonça Filho, que assisti noutra oportunidade não gostei. 2007 foi marcado pelo domínio dos longas de São Paulo “Cão sem Dono”, de Beto Brant e Renato Ciasca, “Os 12 trabalhos” de Ricardo Elias, “O mundo em duas voltas” de David Schürmann e “Não por acaso” de Philippe Barcinski.
Após quatro anos de ausência, meu retorno se deu em 2008, no sábado (eu estava estudando a noite); dois curtas ficaram em minha cabeça: a animação “Dossiê Rê Bordosa” (SP) de César Cabral, e “Os Filmes que Não Fiz” (MG), de Gilberto Scarpa, ambos hilários. Outros curtas que merecem destaque são a animação divertidíssima e deveras inteligente “O Paradoxo da Parada de Ônibus” (RJ), de Christian Caselli, que eu veria posteriormente no You Tube (viva a democratização!), a também animação “Até o Sol Raia” (PE) de Fernando Jorge e Leanndro Amorim, (a qual assisti somente este ano, num dos dias da inauguração do cinema São Luiz, e simplesmente adorei) e o documentário longa metragem “Guia Prático, Histórico e Sentimental da Cidade do Recife” (PE) de Leo Falcão, inspirado na obra homônima de Gilberto Freyre (o qual ainda não assisti).
Em 2009, antes mesmo de adentrar ao cine-teatro, aconteceu algo interessante: recebi um folder da Revista “Zé Pereira” (http://www.revistazepereira.com.br/). Antes da competição de curtas, tivemos a exibição da mostra Cellucine, com curtas de até 3 minutos realizados em celular e a temática “De Cabeça Para Baixo” (e não é que produziram coisas boas?); meu favorito (que se sagraria o vencedor) foi “A palavra mais difícil” de Bruna Baitelli, belíssimo. Entre os curtas em competição no festival (infelizmente não lembro de todos), destaco o também belo “Pelo Ouvido” (MA), de Joaquim Haickel, o pertinentíssimo documentário (até onde sei, não existem outros registros sobre o célebre evento musical pernambucano) ”Abril Pró-Rock – Fora do eixo” (PE), de Everson Teixeira, Ricardo Almoêdo e Julio Neto, e (quase esqueço, o que seria uma falta gravíssima, já que foi um dos filmes mais belos que já assisti) a sombria e encantadora animação “Silêncio e Sombras” (PR) de Murilo Hauser, livre adaptação do poema “Erlköning” de Goethe.
Finalmente, este ano de 2010 foi um marco para mim em diversos aspectos, a começar pelos 10 anos desde meu primeiro contato efetivo com o festival (também no ano 2000 seria minha estréia no Abril pro Rock, mas ao contrário do que aconteceu com o festival de cinema, fui ao evento musical religiosamente todos os anos, alguns deles só um dia, outros dois ou três); foi também neste ano de 2010 que finalmente compareci em mais de uma noite (em quatro, na verdade, terça, quina, sexta e sábado, todas a serem devidamente resenhadas por mim em postagens posteriores); foi o ano no qual finalmente adquiri uma camisa do evento, ainda que não estivesse lá muito bonita... E, claro, foi o primeiro ano em que escrevi sobre o evento. Entre os curtas, destaco a animação divertida (e tocante, em seu final) “Eu queria ser um monstro” (RJ), de Marão e o esteticamente impecável “Azul” (PE), de Eric Laurence. Entre os longas o destaque vai para o acessível “As melhores coisas do mundo” (SP), de Laís Bodanzky e o não convencional “Não se pode viver sem amor” (RJ), de Jorge Duran (ambos concorrendo a prêmios), mas “Quincas Berro d’Água” (RJ) de Sérgio Machado, inspirado na obra de Jorge Amado, tendo como protagonista Paulo José (que estava no festival e foi aplaudido de pé, assim como o homenageado da noite de sábado, Tony Ramos) foi deveras divertido e acredito que o mesmo se possa dizer de “O bem amado” (RJ), de Guel Arraes, exibido na segunda (ambos fora de competição). Aliás, como afirmou um dos jornais que li, a edição 2010 do Cine PE estreitou laços com o cinema comercial, não só pela exibição do filme de Guel Arraes e pela homenagem a Tony Ramos, mas também pela homenagem a Globos Filmes (fazer o que...). Mas isso sem abrir mão da seleção/ exibição de filmes pouco convencionais (um exemplo é o intrigante “O plano do cachorro” (PB), de Arthur Lins e Ely Marques).
Considerado o festival de cinema brasileiro com maior público (2500 lugares com direito a espectadores se acomodando nos degraus), o Cine PE é tido também como um dos mais importantes, juntamente com os festivais de Brasília e Gramado. Em minhas leituras constatei a recorrente crítica a obscuridade (ou mesmo falta) de critérios na seleção dos filmes a serem exibidos, mas acredito que esta seja uma marca do festival: a diversidade. Parece-me (não conheço outros eventos ainda), que cada festival tem seu próprio perfil, sendo a variedade uma das características marcantes do Cine PE. O público, além de imenso e assíduo é deveras participativo, a ponto de, nesta décima quarta edição, realizadores terem atribuído ao evento a alcunha não só de Maracanã do dos festivais de cinema brasileiro (se referindo ao tamanho hiperbólico da platéia) mas também de Bomboneira, um verdadeiro caldeirão (referência ao estádio de futebol do clube mais popular da Argentina, o Boca Juniors), expressando a paixão exacerbada dos espectadores. Que venham os quinze anos e convido todos a lá estarem!
No ano seguinte, em que “Bicho de sete cabeças” de Laís Bodanzki conquistou boa parte dos prêmios principais me ausentei, comparecendo novamente em 2002, ano em que tive oportunidade de assistir ao aclamado “O Invasor” (SP), de Beto Brant, que conta com o titã Paulo Miklos no papel principal, filme este que hoje tenho em DVD e pretendo resenhar para este blog. Retornei em 2003 e tive a oportunidade de assistir o divertidíssimo longa “Durval discos” de Anna Muylaert (outro que hoje possuo em DVD e pretendo resenhar). Neste mesmo ano foi exibido o documentário (curta) “A composição do Vazio” (PE) de Marcos Enrique Lopes, sobre o filósofo pernambucano Evaldo Coutinho (por quem eu viria a me interessar a partir de 2006, ao ingressar no curso de filosofia da UFPE, sendo que não tive ainda a oportunidade de assistir ao curta, que foi novamente exibido na Bienal do Livro de Pernambuco de 2007).De 2004 a 2007 me ausentei do festival, apesar de residir bem perto do Teatro Guararapes e de não ter o menor problema em ir sozinho (na verdade, na maior partes das vezes fui só). No ano de 2005 o grande vencedor foi o documentário “Do Luto à Luta” de Evaldo Mocarzel. Em 2006 merecem destaque os premiados e pernambucanos “Árido Movie”, longa de Lírio Ferreira (o qual ainda não assisti, mas pretendo faze-lo em breve) e o curta “Eletrodoméstica” de Kleber Mendonça Filho, que assisti noutra oportunidade não gostei. 2007 foi marcado pelo domínio dos longas de São Paulo “Cão sem Dono”, de Beto Brant e Renato Ciasca, “Os 12 trabalhos” de Ricardo Elias, “O mundo em duas voltas” de David Schürmann e “Não por acaso” de Philippe Barcinski.
Após quatro anos de ausência, meu retorno se deu em 2008, no sábado (eu estava estudando a noite); dois curtas ficaram em minha cabeça: a animação “Dossiê Rê Bordosa” (SP) de César Cabral, e “Os Filmes que Não Fiz” (MG), de Gilberto Scarpa, ambos hilários. Outros curtas que merecem destaque são a animação divertidíssima e deveras inteligente “O Paradoxo da Parada de Ônibus” (RJ), de Christian Caselli, que eu veria posteriormente no You Tube (viva a democratização!), a também animação “Até o Sol Raia” (PE) de Fernando Jorge e Leanndro Amorim, (a qual assisti somente este ano, num dos dias da inauguração do cinema São Luiz, e simplesmente adorei) e o documentário longa metragem “Guia Prático, Histórico e Sentimental da Cidade do Recife” (PE) de Leo Falcão, inspirado na obra homônima de Gilberto Freyre (o qual ainda não assisti).
Em 2009, antes mesmo de adentrar ao cine-teatro, aconteceu algo interessante: recebi um folder da Revista “Zé Pereira” (http://www.revistazepereira.com.br/). Antes da competição de curtas, tivemos a exibição da mostra Cellucine, com curtas de até 3 minutos realizados em celular e a temática “De Cabeça Para Baixo” (e não é que produziram coisas boas?); meu favorito (que se sagraria o vencedor) foi “A palavra mais difícil” de Bruna Baitelli, belíssimo. Entre os curtas em competição no festival (infelizmente não lembro de todos), destaco o também belo “Pelo Ouvido” (MA), de Joaquim Haickel, o pertinentíssimo documentário (até onde sei, não existem outros registros sobre o célebre evento musical pernambucano) ”Abril Pró-Rock – Fora do eixo” (PE), de Everson Teixeira, Ricardo Almoêdo e Julio Neto, e (quase esqueço, o que seria uma falta gravíssima, já que foi um dos filmes mais belos que já assisti) a sombria e encantadora animação “Silêncio e Sombras” (PR) de Murilo Hauser, livre adaptação do poema “Erlköning” de Goethe.
Finalmente, este ano de 2010 foi um marco para mim em diversos aspectos, a começar pelos 10 anos desde meu primeiro contato efetivo com o festival (também no ano 2000 seria minha estréia no Abril pro Rock, mas ao contrário do que aconteceu com o festival de cinema, fui ao evento musical religiosamente todos os anos, alguns deles só um dia, outros dois ou três); foi também neste ano de 2010 que finalmente compareci em mais de uma noite (em quatro, na verdade, terça, quina, sexta e sábado, todas a serem devidamente resenhadas por mim em postagens posteriores); foi o ano no qual finalmente adquiri uma camisa do evento, ainda que não estivesse lá muito bonita... E, claro, foi o primeiro ano em que escrevi sobre o evento. Entre os curtas, destaco a animação divertida (e tocante, em seu final) “Eu queria ser um monstro” (RJ), de Marão e o esteticamente impecável “Azul” (PE), de Eric Laurence. Entre os longas o destaque vai para o acessível “As melhores coisas do mundo” (SP), de Laís Bodanzky e o não convencional “Não se pode viver sem amor” (RJ), de Jorge Duran (ambos concorrendo a prêmios), mas “Quincas Berro d’Água” (RJ) de Sérgio Machado, inspirado na obra de Jorge Amado, tendo como protagonista Paulo José (que estava no festival e foi aplaudido de pé, assim como o homenageado da noite de sábado, Tony Ramos) foi deveras divertido e acredito que o mesmo se possa dizer de “O bem amado” (RJ), de Guel Arraes, exibido na segunda (ambos fora de competição). Aliás, como afirmou um dos jornais que li, a edição 2010 do Cine PE estreitou laços com o cinema comercial, não só pela exibição do filme de Guel Arraes e pela homenagem a Tony Ramos, mas também pela homenagem a Globos Filmes (fazer o que...). Mas isso sem abrir mão da seleção/ exibição de filmes pouco convencionais (um exemplo é o intrigante “O plano do cachorro” (PB), de Arthur Lins e Ely Marques).
Considerado o festival de cinema brasileiro com maior público (2500 lugares com direito a espectadores se acomodando nos degraus), o Cine PE é tido também como um dos mais importantes, juntamente com os festivais de Brasília e Gramado. Em minhas leituras constatei a recorrente crítica a obscuridade (ou mesmo falta) de critérios na seleção dos filmes a serem exibidos, mas acredito que esta seja uma marca do festival: a diversidade. Parece-me (não conheço outros eventos ainda), que cada festival tem seu próprio perfil, sendo a variedade uma das características marcantes do Cine PE. O público, além de imenso e assíduo é deveras participativo, a ponto de, nesta décima quarta edição, realizadores terem atribuído ao evento a alcunha não só de Maracanã do dos festivais de cinema brasileiro (se referindo ao tamanho hiperbólico da platéia) mas também de Bomboneira, um verdadeiro caldeirão (referência ao estádio de futebol do clube mais popular da Argentina, o Boca Juniors), expressando a paixão exacerbada dos espectadores. Que venham os quinze anos e convido todos a lá estarem!
Alberto Bezerra de Abreu, 02/05/2010
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- Alguém que escreve para viver, mas não vive para escrever; apaixonado pelas artes; misantropo humanista; intenso, efêmero e inconstante; sou aquele que pensa e que sente, que questiona e duvida, que escapa a si mesmo e aos outros. Sou o devir =)
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