tag:blogger.com,1999:blog-54385341012928047322024-03-12T22:06:03.225-03:00Miradouro CinematográficoMiradouro Cinematográficohttp://www.blogger.com/profile/07903931216347442007noreply@blogger.comBlogger55125tag:blogger.com,1999:blog-5438534101292804732.post-6506557116293492242014-07-16T17:59:00.003-03:002014-07-16T18:28:07.458-03:005 filmes de artes marciais que marcaram minha infância<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div class="MsoNormal">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: large;">Embora
minha admiração pelo cinema europeu (sobretudo em seu gênero dramático) não
tenha findado, comunico aos escassos e estimados leitores deste blog que minha
fase cinematográfica atual está voltada aos filmes de arte marcial, devido a
minha imersão paulatina no pensamento oriental (sobretudo na milenar tradição
chinesa). <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: large;"> Decidi começar pelo começo, de modo
que nesta postagem comentarei filmes sobre artes marciais que marcaram minha
infância/pré-adolescência; naquela época eu não possuía apreço especial por
filmes deste gênero, mas por filme de ação em geral, os quais classifico em
dois grupos: 1) aqueles que mesclam
artes marciais com outros tipos de cenas de ação, como troca de tiros com armas
de fogo, perseguições de carros/motos e afins (alguns filmes do Van Damme, bem
como todos os poucos do Steven Seagal que assisti representam essa categoria);
2) aqueles cuja ação não inclui artes marciais, podendo haver não só
perseguição entre veículos motorizados e troca de tiros com armas de fogo, mas
em alguns casos luta, sendo estas mais baseadas em força física do que em
técnica (“<i>Rambo</i>” com Stallone e “<i>O exterminador do futuro</i>” com
Schwarzenegger representam essa categoria). Não são estes filmes de ação em
geral que me interessam atualmente, mas os filmes especificamente de artes
marciais, onde armas de fogo aparecem apenas secundariamente (geralmente quem
as usa são os bandidos), e cujas lutas se baseiam não só em força, mas em
técnica, velocidade, versatilidade e inteligência. Contudo, dentro deste gênero
há aqueles que privilegiam a estética das lutas (“<i>O grande mestre invencível</i>” com Jackie Chan, por exemplo), os que
privilegiam a mensagem em detrimento das lutas (os quatro primeiros episódios
da série “<i>Karatê Kid</i>”) e os que
mesclam com qualidade ambos os aspectos (“<i>O
mestre das armas</i>”, com Jet Li é talvez o melhor exemplo, embora o filme “<i>O tigre e o dragão</i>” também mereça
menção). Os três tipos de filmes especificamente de artes marciais me interessam.
<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: large;"> Após esta justificativa do texto,
cabe salientar que os filmes abaixo mencionados não estão em ordem de
preferência, mas em ordem cronológica invertida (começando do mais recente,
finalizando no mais antigo). <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: large;">“<i><u>Lua sangrenta</u></i>” (EUA, 1997, de
Siu-Hung Leung).<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: large;">Trata-se
dum filme pouco conhecido, cujo protagonista também o é. Conheci a obra
mediante indicação do dono da vídeolocadora (ainda no tempo do VHS). A história
é bastante simples: um lutador mascarado (Darren Shahlavi) começa a duelar com
campeões de diversos estilos de luta e os mata, após vencê-los. O detetive
Chuck Baker (Chuck Jeffreys) não consegue dar conta do caso sozinho e recebe
ajuda (a contragosto) de quem ele sucedeu no posto, o detetive Ken O’Hara (Gary
Daniels). Tive oportunidade de rever o filme recentemente no You Tube (com
qualidade baixa), e pude perceber uma coisa: o filme adota uma estrutura (até
onde sei iniciada com a série “<i>Máquina
mortífera</i>”) de utilizar como protagonistas uma dupla de policiais (um negro
e um branco), explorando o humor na relação algo conturbada entre eles (se
estranham inicialmente, depois ficam amigos). Contudo, o que me fez gosta
bastante do filme na época foi a forma de suas coreografias marciais: são
bastante rápidas, acrobáticas (com grandes e diversificados saltos) e criativas
(com utilização de objetos cotidianos – armários, bancos, vasos de planta –
como armas); na época isso foi uma grande novidade para mim, embora tal
artifício já fosse utilizado faz tempo em outros filmes, como os de Jackie
Chan. Em suma, para quem busca boas coreografias marciais, sem exigir muito de
enredo e atuações, “<i>Lua sangrenta</i>”
constitui um filme que vale apena. <o:p></o:p></span></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjoEWwzU5O0A73OX5IbWvOBM-3gXk8sZj4eWckWSPzepCdD6MqM2hxCBzLzp0CuoU4kCtjp-HPoiIxMUqUgTKyhYlaioJXbRsyOWFm1qPX0dMNdsyd91X5WVcUFcC9M1LYl1J4h6AvvmFU/s1600/images+(2).jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjoEWwzU5O0A73OX5IbWvOBM-3gXk8sZj4eWckWSPzepCdD6MqM2hxCBzLzp0CuoU4kCtjp-HPoiIxMUqUgTKyhYlaioJXbRsyOWFm1qPX0dMNdsyd91X5WVcUFcC9M1LYl1J4h6AvvmFU/s1600/images+(2).jpg" height="299" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6WQ4SjcR7pGKgWj09JAw15IX0ljYRz8UTkbK743Kabu1L7P-yAOhmjz7ZrIYVzFThg5Jgr0gceM41acOoE4rHhDIHJ-1koU8pe8fYms1gQeefpZ6k9UXj-1mPSenHtrhkUPb6FkdyXYg/s1600/images+(1).jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6WQ4SjcR7pGKgWj09JAw15IX0ljYRz8UTkbK743Kabu1L7P-yAOhmjz7ZrIYVzFThg5Jgr0gceM41acOoE4rHhDIHJ-1koU8pe8fYms1gQeefpZ6k9UXj-1mPSenHtrhkUPb6FkdyXYg/s1600/images+(1).jpg" height="305" width="400" /></a></div>
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: large;">“<i><u>Kickboxer – o desafio do dragão</u></i>”
(EUA, 1989, de Mark DiSalle e David Worth).<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: large;">Jean-Claude
Van Damme é provavelmente o único artista marcial ocidental (entre os atores)
que consigo apreciar. “<i>Kickboxer – o
desafio do dragão</i>” é um de seus dois filmes obrigatórios para qualquer um
que aprecie arte marcial. O enredo é o seguinte: Eric Sloane (Dennis Alexio) é
campeão de Kickboxing no ocidente e que viaja para a Tailândia para enfrentar o
campeão local Tong Po (Michel Qissi). Após levar uma surra e ficar na cadeira
de rodas, Eric vê seu irmão mais novo Kurt Sloane (Jean-Claude Van Damme)
treinar com um mestre local para derrotar Tong Po. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: large;">Há
pelo menos três cenas clássicas no filme: 1) logo no início, ao ir buscar gelo
para que Eric se preparasse para a luta, Kurt vê Tong Po derrubando o reboco de
uma larga pilastra de concreto utilizando apenas chutes (com a canela! típicos
do Muay Thai) e joelhadas; 2) no treinamento para enfrentar Tong Po, Kurt é
obrigado pelo mestre a chutar com a canela uma bananeira, até derrubá-la
(trata-se do treino de calejamento para canela); dói só de olhar; 3) a luta
final ocorre em estilo antigo, com ambos os lutadores mergulhando as ataduras
que cobrem suas mãos numa substância pegajosa e em seguida em vidro quebrado:
assim, cada soco não machuca só pela pancada, mas também provoca cortes. <o:p></o:p></span></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: large;">Um
detalhe para os leigos: Eric (como dito acima) lutava Kickboxing, enquanto o
estilo de Tong Po é Muay Thai; o primeiro consiste num estilo misto de
diferentes artes marciais, enquanto o segundo consiste numa luta típica da
Tailândia; os estilos são similares (e freqüentemente confundido pelos leigos),
mas não se trata da mesma coisa, tanto é que no filme Tong Po atinge Eric com
uma cotovelada, algo permitido no Muay Thai, mas não no Kickboxing (ao menos na
época).</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFANNJe2JLDxyZZdmU4yZBZ64WV7hL3evJYeo1-84zm7WU9EQF4nlnUz_lxXtcBN_xxAA9JCETPun0GJPLBzPDPJPh0DANB5zUY0STHBeftvdMMzK24MuGz6KSfxzyCf277TO4mb7G8k0/s1600/img.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFANNJe2JLDxyZZdmU4yZBZ64WV7hL3evJYeo1-84zm7WU9EQF4nlnUz_lxXtcBN_xxAA9JCETPun0GJPLBzPDPJPh0DANB5zUY0STHBeftvdMMzK24MuGz6KSfxzyCf277TO4mb7G8k0/s1600/img.jpg" height="266" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtP2VqA-ewcTBPEWyfV79NBHXrxtmnCPx0W1QqTjL7m9EMjiuLwXJbCiogTrCJ2vKEEDxtWpBquNfrgPG426aLiV4wuWowEUzA6g7J295kkNJpXFoZqW8JvFRok0imsyPvkpLl33tObxU/s1600/images+%252836%2529.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtP2VqA-ewcTBPEWyfV79NBHXrxtmnCPx0W1QqTjL7m9EMjiuLwXJbCiogTrCJ2vKEEDxtWpBquNfrgPG426aLiV4wuWowEUzA6g7J295kkNJpXFoZqW8JvFRok0imsyPvkpLl33tObxU/s1600/images+%252836%2529.jpg" height="266" width="400" /></a></div>
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></span>
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></span>
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: large;">“<i><u>O grande dragão branco</u></i>” (EUA,
1988, de Newt Arnold)<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: large;">Outro
filme com Van Damme obrigatório aos fãs de artes marciais. O personagem Frank
Dux (Jean-Claude Van Damme) entra num torneio de artes marciais para honrar seu
mestre; embora o conflito de opiniões entre o mestre japonês que inicialmente
se recusa e ensinar tudo que sabe ao seu discípulo ocidental (pois a ortodoxia
das artes marciais orientais preconizava que as técnicas mais avançadas só
deveriam ser transmitidas a familiares) e o interesse de Frank em se tornar o
melhor lutador possível para honrar seu mestre e seu amigo (falecido filho do
mestre) o fato de o filme apresentar tal maneira de honrá-lo como sendo vencer
um torneio me parece algo forçado e mal explicado. Voltarei a isso quando fizer
uma resenha específica do filme, comentando também a existência real do
protagonista, um militar dos EUA...<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: large;">Assim
como em “<i>Kickboxer, o desafio do dragão</i>”,
o protagonista vê uma pessoa querida levar uma surra do vilão do filme e ir
parar no hospital, mas ao contrário daquele filme, desta vez a vítima é um
amigo, Jackson (Donaldo Gibb). Também é mostrado um rigoroso treinamento pelo
qual passa o protagonista, mas há basicamente dois aspectos nos quais “<i>O grande dragão branco</i>” é melhor que o
filme supracitado: 1) o contexto do filme é um torneio de artes marciais e não
um combate entre dois lutadores, ou seja, vemos no filme em questão diversos
lutadores de diferentes estilos (Muay-Thai, Kung-Fu e até Sumô); 2) o vilão Chong
Li (Bolo Yeung) consegue ser ainda melhor que Tong-Po (vilão de “<i>Kickboxer, o desafio do dragão</i>”). Aliás,
Bolo Yeung merece um parêntese: embora tenha atuado em “<i>Operação Dragão</i>” (1973) com nada menos que Bruce Lee, o conheci
através desse filme (provavelmente em sua melhor atuação). Além disso, há uma
cena em “<i>O grande dragão branco</i>” na
qual o personagem de Bolo diz para o de Van Damme, após este quebrar um tijolo
que tijolo não revida, tratando-se duma clara homenagem a frase “tábua não
revida”, dita pelo personagem de Bruce Lee em “<i>Operação Dragão</i>”.<o:p></o:p></span></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: large;">Como
cenas particularmente marcantes, elejo o golpe no qual Frank abre escala e
acerta o testículo do lutador de Sumô (golpe este utilizado pelo personagem
Jonhnny Cage no game Mortal Kombat, inspirado no ator belga), bem como a luta
final entre Frank (Van Damme) e Chong Li (Bolo), com direito à trapaça que
obriga o protagonista a lutar sem enxergar o adversário.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUwXzIRQTNkVZc65z_iPsIP0Hy8EJUM5m4xhVvH9IoL7qqKc0UcUXdrJyAu3dTwbA-hrzGZyp8Mq8uWvmvYZBfFMGkXjvxGc0RoJ4zEL2GqV3iLmcA6okMKu8XecZZzO90qYhifWT484g/s1600/images+(59).jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUwXzIRQTNkVZc65z_iPsIP0Hy8EJUM5m4xhVvH9IoL7qqKc0UcUXdrJyAu3dTwbA-hrzGZyp8Mq8uWvmvYZBfFMGkXjvxGc0RoJ4zEL2GqV3iLmcA6okMKu8XecZZzO90qYhifWT484g/s1600/images+(59).jpg" height="249" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKfoklAVWoT-yeOuZHyw19OO3EBLPy9YyV8Fk1IqA3ee3-ELbWIZa5juAIh7wKC7Sf-ai8PzQHkCD6_s6r5lzL48S4MvBwESdhAQCH9v0qGRj-pPm8z0-fCG4wV5HTUJAk1OfPk975pCk/s1600/images+(57).jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKfoklAVWoT-yeOuZHyw19OO3EBLPy9YyV8Fk1IqA3ee3-ELbWIZa5juAIh7wKC7Sf-ai8PzQHkCD6_s6r5lzL48S4MvBwESdhAQCH9v0qGRj-pPm8z0-fCG4wV5HTUJAk1OfPk975pCk/s1600/images+(57).jpg" height="224" width="400" /></a></div>
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></span>
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: large;">“<i><u>Karatê kid – a hora da verdade</u></i>”
(EUA, 1984, de John G. Avildsen).<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: large;">Filme
notoriamente fraco em termos de movimentos marciais, mas excelente na mensagem
que transmite, além de ter como trunfo maior o carisma da dupla Daniel Larusso,
mais conhecido como Daniel San (Ralph Macchio) e Sr. Miyagi (Pat Morita). A
esse carisma soma-se a empatia transmitida por Macchio, por tratar-se de um
jovem comum, magro, inseguro e que mesmo após treinamento não se torna um
exímio artista marcial, mas apesar disso, consegue prosperar. <o:p></o:p></span></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: large;">Cenas
marcantes são o que não faltam no filme: Miyagi apresentando Daniel às pequenas
árvores bonsai; colocando-o para encerar carros, pintar e lixar cerca e
posteriormente lhe mostrando que tais atividades foram feitas com movimentos
que podem ser utilizados como defesa no karatê; tentativa de Miyagi de capturar
uma mosca utilizando os pauzinhos hashi que alguns países orientais usam como
talher e o famoso golpe da garça, utilizado por Daniel na luta final, ao ter
uma das pernas momentaneamente inutilizada para o combate, devido a um golpe
irregular desferido propositalmente contra ele durante o torneio.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6k4CzyODMR3ePWJMaV7q2Y7MaohSt9mE1U2GXBgmJbxVPVizAaqbw2LJuxjK3j8GG1JktIabU_sPshq_eqAe7Bd_v-dx4ES0UW9bqaZurXfoVRryO15mZ2-XfrpNaVavQGq3zFSm_d-M/s1600/images+(11).jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6k4CzyODMR3ePWJMaV7q2Y7MaohSt9mE1U2GXBgmJbxVPVizAaqbw2LJuxjK3j8GG1JktIabU_sPshq_eqAe7Bd_v-dx4ES0UW9bqaZurXfoVRryO15mZ2-XfrpNaVavQGq3zFSm_d-M/s1600/images+(11).jpg" height="266" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj20gIzW0iUgsgU0noz_k6vj1-N_1gcYecn62LYxtOnugjJuZtAvoDW4U2pCniKvRPOlUpf4TIn0wCIzf6MgmUo3QwPz2gwL9WaeHpuyegCOjLfgifG7ImgoiouzJcCSQb5gxwuIFQIRxA/s1600/images+(13).jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj20gIzW0iUgsgU0noz_k6vj1-N_1gcYecn62LYxtOnugjJuZtAvoDW4U2pCniKvRPOlUpf4TIn0wCIzf6MgmUo3QwPz2gwL9WaeHpuyegCOjLfgifG7ImgoiouzJcCSQb5gxwuIFQIRxA/s1600/images+(13).jpg" height="224" width="400" /></a></div>
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: large;">“<i><u>O vôo do dragão</u></i>” (Hong Kong,
1972, de Bruce Lee); <o:p></o:p></span></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: large;">Tang
Lung (Bruce Lee) vai de Hong-Kong até Roma para ajudar uma amiga de seu tio que
estava sofrendo extorsão da máfia italiana, pois queriam forçá-la a vender seu
restaurante; com este enredo simples, Bruce Lee (pela primeira vez dirigindo uma
obra na qual atua) realizou um filme nitidamente superior aos por ele
protagonizados anteriormente; há desde uma utilização do humor já presente em filmes
anteriores do ator (aqui se baseando, sobretudo na falta de familiaridade do
protagonista com a cultura italiana), passando pela exploração de pontos turísticos
de Roma, culminando com a antológica cena de luta entre Tang (Lee) e Colt
(Chuck Norris). Merece destaque ainda a cena na qual, após derrotar vários
capangas utilizando chutes e o nunchaku, Tang vê o último dos inimigos apanhar
um nunchaku no chão e tentar imitá-lo, acabando por se auto-golpear na cabeça;
nesta cena alia-se a grande competência técnica de Lee nas artes marciais com o
humor, mostrando que não foi Jackie Chan quem mesclou cenas os aspectos marcial
e cômico.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEis2R8zXN1GfIyXSdPF2bqg-KVMd4Z8e-Vuk6Z29bfVOX_Muufu0cGXbc-d6G8dE2uIBpuCMHxxdd3LkpAWmfPmUjcTwGAsRF2Z6Eu_AgLgF9Nr7HGLnQWxMNOOl10ix3AC1zh8AzVGGdU/s1600/SCM-Legend-The-Way-of-Dragon-002.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEis2R8zXN1GfIyXSdPF2bqg-KVMd4Z8e-Vuk6Z29bfVOX_Muufu0cGXbc-d6G8dE2uIBpuCMHxxdd3LkpAWmfPmUjcTwGAsRF2Z6Eu_AgLgF9Nr7HGLnQWxMNOOl10ix3AC1zh8AzVGGdU/s1600/SCM-Legend-The-Way-of-Dragon-002.jpg" height="255" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwdWBYLyVUgGTRbsK0sE5gL5mPtLZ66f6vYN7mZCRPqJTFB6VEsHVCD61lqaj7jqRjq_iOMDGFgHkLRrcm476m7cn3kB9iAJ25mmr2RvCX63kXuHnERtMFXkKlY8gYf1zDxNpprtJoTcU/s1600/469331-Melhores-filmes-de-Chuck-Norris-3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwdWBYLyVUgGTRbsK0sE5gL5mPtLZ66f6vYN7mZCRPqJTFB6VEsHVCD61lqaj7jqRjq_iOMDGFgHkLRrcm476m7cn3kB9iAJ25mmr2RvCX63kXuHnERtMFXkKlY8gYf1zDxNpprtJoTcU/s1600/469331-Melhores-filmes-de-Chuck-Norris-3.jpg" height="267" width="400" /></a></div>
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> </span></span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;">Em
suma, mesmo os não interessados especificamente em arte marciais podem extrair
elementos interessantes de filmes do estilo, seja em termos históricos (o
imperialismo japonês sobre a China, mostrado, por exemplo, nos filmes “</span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;">A fúria do dragão</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;">” com Bruce Lee e “</span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;">O grande mestre 2</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;">” com Donnie Yen);
humor (vários filmes de Jackie Chan) ou mensagens mais profundas de sabedoria,
como no supra resenhado “</span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;">Katarê Kid</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;">”
ou o supramencionado “</span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;">O mestre das armas</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;">”
com Jet Li.</span></span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: large;">Em
tempo: é provável que eu não tenha assistido a “<i>O vôo do </i></span></span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: x-large; line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;">dragão</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: large; line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;">” na infância, mas a um fake chamado “</span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: x-large; line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;">A torre da morte</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: large; line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;">”, mas quando atentei
para isso, o texto já estava em grande parte redigido.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: large;">Alberto
Bezerra de Abreu, maio-julho 2014 </span><span style="font-size: small;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
</div>
Miradouro Cinematográficohttp://www.blogger.com/profile/07903931216347442007noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5438534101292804732.post-54227725454741497212013-07-21T20:24:00.002-03:002013-07-21T20:31:48.628-03:00Terra do silêncio e da escuridão: corajosa tentativa de abordar a ausência de imagem e som justamente através do cinema<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixP5nZ4RTA8KNxHmDvn-NoI49J-S09dpgdoCwoWLlEMkWFjkg-c6zO5vEhueRqK-qky5PkSmV7ZEPdHcfyrBEfcUcHQ_EKwLqCFgOxToOkZujePCjnNIdgESf0_EpMQYi95S1CM7vXW2Q/s1600/land1.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" iya="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixP5nZ4RTA8KNxHmDvn-NoI49J-S09dpgdoCwoWLlEMkWFjkg-c6zO5vEhueRqK-qky5PkSmV7ZEPdHcfyrBEfcUcHQ_EKwLqCFgOxToOkZujePCjnNIdgESf0_EpMQYi95S1CM7vXW2Q/s400/land1.png" width="400" /></a></div>
Início do filme<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibOI3rZbK1SeJDzRuBza1LNO4oFV9z6TdJi7M9-ll1ev-r84DMfqovXCNx37swfPgB-Nsf9VhPMHc5b6nv6SZCPO_iuioBHeDhl4m_LVIkeLNJFLvQ6cAkRy0GpVM1YpcY9VSnCD-zQsc/s1600/vlcsnap-00134.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" iya="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibOI3rZbK1SeJDzRuBza1LNO4oFV9z6TdJi7M9-ll1ev-r84DMfqovXCNx37swfPgB-Nsf9VhPMHc5b6nv6SZCPO_iuioBHeDhl4m_LVIkeLNJFLvQ6cAkRy0GpVM1YpcY9VSnCD-zQsc/s400/vlcsnap-00134.jpg" width="400" /></a></div>
Explicação de como funciona a linguagem dos cego-surdos<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnzmoty0dpVrrDoHzRmAMRz3Jd_niaAjwYZx6J8O-0uprMNQ7nCjOgmWEzWoWYkflmv43IM-EzlH14cOhaJ8ClTXepPK-aFpvopZUkPiApO806fYSozujVgq2Fc8d-7NK0LsTjuC-T86Q/s1600/9488-B.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="262" iya="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnzmoty0dpVrrDoHzRmAMRz3Jd_niaAjwYZx6J8O-0uprMNQ7nCjOgmWEzWoWYkflmv43IM-EzlH14cOhaJ8ClTXepPK-aFpvopZUkPiApO806fYSozujVgq2Fc8d-7NK0LsTjuC-T86Q/s400/9488-B.jpg" width="400" /></a></div>
Visita ao zoológico <br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhofC531gQPEy8AibeWMLSB-B_G3OotDPbYYW2qGW9AutoUb87BohMwn5yZSApx6vuK254cp3QTlKowwBG6rn9WKl25uUVnfuyd_BUdrWsFXfgPuMAjgPdecchSZE22Xz2uH2OTzo0f70w/s1600/landofsilence.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" iya="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhofC531gQPEy8AibeWMLSB-B_G3OotDPbYYW2qGW9AutoUb87BohMwn5yZSApx6vuK254cp3QTlKowwBG6rn9WKl25uUVnfuyd_BUdrWsFXfgPuMAjgPdecchSZE22Xz2uH2OTzo0f70w/s400/landofsilence.jpg" width="400" /></a></div>
Banho de chuveiro antes de entrar na piscina<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgeeQWMPbplOWOD8VB2rTJxDIITvnQby-AcSE8Y_AMFq9zrB6j3DaKCADi3d3MxqjiaMDd8WWzU520-lVXCIzY08jZ_P6-3o7R2hMTV-V_XJp75U4115AW-3e3LkfLKexS-60ckOKfHe3M/s1600/herzog13.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="310" iya="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgeeQWMPbplOWOD8VB2rTJxDIITvnQby-AcSE8Y_AMFq9zrB6j3DaKCADi3d3MxqjiaMDd8WWzU520-lVXCIzY08jZ_P6-3o7R2hMTV-V_XJp75U4115AW-3e3LkfLKexS-60ckOKfHe3M/s400/herzog13.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Vladimir Kokol e Fini Straubinger em cena próxima do fim do filme </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Embora a programação do cineclube dissenso seja sempre de boa qualidade, o que me levou até a sessão de ontem dos filmes “Últimas palavras” (Alemanha, 1968) e “Terra do silêncio e da escuridão” (Alemanha, 1971) foi seu diretor: Werner Herzog, de quem sou fã há alguns anos. Após meses sem ir ao cinema, o retorno não poderia ter sido melhor.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /><span style="font-size: large;"></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">“Últimas palavras” é um curta metragem de 13 minutos que não me encheu os olhos (e nem o de ninguém na sala, haja vista que no debate pós-exibição ele não foi mencionado sequer pelo representante do cineclube); por sua vez, “Terra do silêncio e da escuridão” foi um grata surpresa, haja vista que se alguns de seus filmes são obras-primas (“Aguirre, a cólera dos deuses” 1972; “O enigma de Kaspar Hauser” 1974 “Nosferatu: o vampiro da noite” 1979 e “Homem urso” 2005 sendo meus favoritos), outros não passam de obras medianas: “Os anões também começaram pequenos” (1970) desperta acima de tudo estranhamento; “Cobra verde” (1987) idem, embora em menor grau e acarretando em seu prejuízo uma sensação de descontentamento que não senti no filme de 1970; “O sobrevivente” (2006) e “Vício frenético” (2009) são convencionais demais e autorais de menos (ao menos essa foi minha impressão inicial ao assisti-los uma única vez, comparando-os com os filmes mais antigos, supracitados). </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /><span style="font-size: large;"></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Datando de 1971, “Terra do silêncio e da escuridão” é um documentário cujo tema são pessoas desprovidas de visão e audição (algumas tendo perdido tais capacidades paulatinamente, outras não as tendo desde que nasceram). Fini Straubinger, uma simpática idosa, constitui o fio condutor da obra: tendo perdido visão e audição na adolescência, ela consegue falar e é a voz dela que nos guia verbalmente durante todo o filme. É verdade que em sua parte inicial a obra é um tanto monótona (opinião não só minha, mas de outros espectadores da sessão); contudo, aos poucos o filme vai crescendo. Porém, antes de adentrarmos no clímax, cabem algumas considerações: primeiramente, convém esclarecer como tais pessoas (cego-surdos) conseguem se comunicar: trata-se duma linguagem na qual o emissor escreve na mão do receptor; há uma breve explicação de como isto funciona, da qual lembro o seguinte: tocar na ponta de cada um dos dedos corresponde a cada uma das vogais e juntar os quatro dedos, tocando no centro da mão do receptor significa a letra “k”. Pessoalmente, conhecia (embora não saiba utilizá-la) a língua dos sinais dos surdos, mas não está dos cegos (ou talvez sim, apenas não lembrando disso). Outro dado importante revelado pela protagonista é que cegueira não implica escuridão total (na verdade eles “enxergam” muitas cores), bem como a surdez não significa silêncio (ao contrário, significa um zumbido constante, ora tênue, ora intenso). Por volta da metade do filme nos deparamos com a seguinte frase: “quando você solta minha mão é como se estivéssemos a quilômetros de distância”; desse modo, vamos, aos poucos, nos familiarizando com este universo tão diferente.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /><span style="font-size: large;"></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Há um momento em que um pequeno grupo de cego-surdos vai a um zoológico; numa das cenas, vemo-los com um filhote de chimpanzé nos braços; este é bastante inquieto, puxando o chapéu de uma pessoa e uma parte da câmera que o filma; já com os elefantes, vemos um deles arrancar o saco de comida das mãos de alguém que o alimentava; tais cenas despertaram (em mim e noutros espectadores) uma sensação de leveza que contrasta com o restante do filme. Posteriormente, nos deparamos com outra cena soberba: entre outras coisas, vemos um jovem cego-surdo de nascença (e aparentemente com algum tipo de problema mental) ser guiado por alguém que cuida dele e de outro jovem com a mesma deficiência a entrar numa piscina; seu medo, bem como e relação de confiança com se guia é extremamente expressiva, sem que nenhuma palavra seja dita. Vemos ainda um jovem de 22 anos chamado Vladimir Kokol, igualmente cego-surdo e com síndrome de down que não obtivera nenhum tipo de tratamento especial, sendo cuidado pelo pai; não aprendera a andar, muito menos a língua do escrever na mão, supracitada. Inicialmente vemo-lo sozinho, fazendo sons (irritante para mim) com a boca e batendo com uma bola de borracha na própria cabeça; como afirma um texto sobre o filme que acabei de ler, tal início de cena remete imediatamente ao início do supracitado “O enigma de Kaspar Hauser”, onde Herzog expõe (mas não em documentário) a história real dum jovem criado sem contato com humanos até sua adolescência (portanto ele não sabia andar e nem falar). Como um dos companheiros de sessão frisou no debate pós-exibição, o início desta cena, onde vemos o jovem sozinho acarreta em nós uma dimensão de censura: “isso não deveria estar sendo filmado”, pensamos, pois parece se estar filmando a miséria alheia de forma gratuita; contudo (e é aqui que a figura de Fini Straubinger aparece com toda a sua força), quando a protagonista aparece e tenta dialogar com o jovem, sentimos algo absolutamente indescritível. A única coisa que posso dizer a mais acerca da cena é o seguinte: embora não saibamos o que o jovem quer dizer, sabemos que ele deseja comunicar-se. E ao sentir as mãos de Fini Straubinger nas suas, bem como em sua cabeça, o rapaz é tomado por uma espécie de furor comunicativo que impressiona. Em suma, são três cenas fabulosas que todo cinéfilo deve assistir ao menos uma vez nada vida. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /><span style="font-size: large;"></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">O filme finaliza com a seguinte frase: “se uma guerra mundial começasse agora eu não iria nem notar”. Trata-se duma obra que nos inquieta e provoca de maneira ímpar; sobretudo no caso dos jovens deficientes, lembrei prontamente que a Alemanha (país de Herzog e onde o documentário se passa) exterminava deficientes físicos e mentais durante o regime nazista. Que fazê-lo é uma aberração é algo fora de questão; contudo, como incluir tais pessoas na sociedade (se é que isso realmente é possível) constitui um grande desafio de nossa sociedade. Um dos “personagens” do documentário (um senhor por volta dos 50 anos, creio), ao ser negligenciado pela família optou por dormir com os cavalos. Eis um atestado indiscutível de nossa condição degradada. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /><span style="font-size: large;"></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /><span style="font-size: large;"></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /><span style="font-size: large;"></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Alberto Bezerra de Abreu, 21/07/2013 </span></div>
<br />Miradouro Cinematográficohttp://www.blogger.com/profile/07903931216347442007noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5438534101292804732.post-58013366112239363712013-02-23T22:07:00.002-03:002013-02-23T22:07:53.963-03:00Sobre a angústia em três filmes famosos dos últimos dois anos<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEu-mfSXn0G9kBYYwjG90aBlLqcdKbAQxgZFCnG6HzXqskcO0BW4yHEOAc78foOaosOonKjXrMU53H2YfXzxOGOGuEiNfi90rLwB2pa9UyjgaLhETTsOgXMdRgY1bs1dvNONNnhlbKS0A/s1600/1_a_a_a_bs_foto_que_da_medo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" mea="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEu-mfSXn0G9kBYYwjG90aBlLqcdKbAQxgZFCnG6HzXqskcO0BW4yHEOAc78foOaosOonKjXrMU53H2YfXzxOGOGuEiNfi90rLwB2pa9UyjgaLhETTsOgXMdRgY1bs1dvNONNnhlbKS0A/s400/1_a_a_a_bs_foto_que_da_medo.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Cisne negro</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfOThjIwEeB9oF4HNAC3KypAliJkt_p1xWiLZK29GWCCj6K_c1cl6Zprs0j6ynwxahvAMIvdenpRUOA_VomW-CcMrq_FeVGiI7BAdN4qUaGaFGCTa7Q6qgEAv-X1fBlc7Gw0xBAYcxNwo/s1600/A_SEPA%257E1.JPE" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="265" mea="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfOThjIwEeB9oF4HNAC3KypAliJkt_p1xWiLZK29GWCCj6K_c1cl6Zprs0j6ynwxahvAMIvdenpRUOA_VomW-CcMrq_FeVGiI7BAdN4qUaGaFGCTa7Q6qgEAv-X1fBlc7Gw0xBAYcxNwo/s400/A_SEPA%257E1.JPE" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
A separação</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTnwlcdLy4vGh893aE9nxHSMlF7pOeiZE9yUjHCd1DR653WFINwao8C_y9lRGTOwLsHfO4k6AOYc8VoolpCEgNae2vln6teRQ5nVjT36-jCW-ebmrQWHhncmQbHDx60zTKZDaibiNkiWU/s1600/amour__2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="225" mea="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTnwlcdLy4vGh893aE9nxHSMlF7pOeiZE9yUjHCd1DR653WFINwao8C_y9lRGTOwLsHfO4k6AOYc8VoolpCEgNae2vln6teRQ5nVjT36-jCW-ebmrQWHhncmQbHDx60zTKZDaibiNkiWU/s400/amour__2.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Amor</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman','serif'; font-size: 12pt; line-height: 150%;">No primeiro semestre de 2011, quando o filme “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Cisne negro</i>” (EUA, 2010, dirigido por Darren Aronofsky) ainda estava em cartaz nos cinemas recifenses (não lembro se antes ou depois de seu êxito no abominável Oscar), tive a oportunidade de conversar com um psiquiatra que afirmou ter achado a obra angustiante. Pessoalmente, não compartilho de tal opinião e bem sei o motivo: não consegui estabelecer uma relação de empatia com a protagonista. O primeiro motivo para isso é o caráter específico da personagem: trata-se duma artista de ponta (ou seja, integrante de uma grande companhia de balé); ora, embora uma pessoa comum não esteja livre de profundo stress advindo de sua profissão (por exemplo, depressão e outras mazelas são comuns entre professores que costumam ser desrespeitados ou mesmo ameaçados nas escolas onde trabalham, somando-se a isso a omissão da direção da escola e dos pais dos alunos), o modo como a bailarina vivencia tal stress é diferente, pois a pressão advém, sobretudo, de si mesma, por conta de seu desejo de perfeição (e o fato de a mãe – frustrada em sua carreira de bailarina – projetar na filha seu desejo em nada ajuda). Para deixar a coisa mais clara: não me parece comum ver um professor, um comerciante, um advogado, etc. desejarem ser perfeitos em sua profissão: a competência parece bastar. Essa obsessão pela perfeição (normalmente ligada, em parte, ao desejo de ser melhor que os outros) parece ser mais típica do mundo específico da arte e dos esportes. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman','serif'; font-size: 12pt; line-height: 150%;">O segundo aspecto consiste na dimensão patológica da personalidade da personagem principal: salvo engano, desde o início do filme ela tem alucinações, mas a partir da véspera de sua estréia como protagonista do espetáculo ela surta, tendo alucinações sistemáticas e duradouras. Trata-se, portanto, de alguém com pelo menos um pé fora da realidade, a ponto de não conseguir distinguir entre o que é ou não alucinação. Por fim, o profundo esteticismo da obra (me refiro aqui à beleza da fotografia e da obra em geral, não utilizando, portanto, o termo com sentido pejorativo) acabou por me afastar ainda mais de qualquer tipo de angústia. Gostei do filme e fui por ele envolvido, mas não a ponto de me identificar com a protagonista. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman','serif'; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Próximo do fim de 2012, tive a oportunidade de assistir outro filme aclamado (se não me engano, vencedor do Oscar de filme estrangeiro deste mesmo ano): “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">A separação</i>” (Irã, 2011, dirigido por Asghar Farhadi). Típico filme iraniano (leia-se Drama com “D” maiúsculo), a obra conseguiu me deixar angustiado. Ao contrário do filme acima citado, aqui temos personagens absolutamente comuns (e o fato de serem iranianos é contingente, pois tal história poderia se passar em qualquer lugar). O que se há de salientar aqui é que ambos os personagens (o pai e a mulher que trabalhou como empregada para ele) mentem, mas não o fazem por mal; fazem-no por se verem em situações bastante complicadas nas quais se encontram apenas parcialmente em virtude de seus próprios atos. Não há como explicitar melhor a questão sem fazer uma exposição do enredo do filme e isso não é algo que eu deseje fazer neste momento. Contudo, quem assistir aos três filmes aqui mencionados certamente compreenderá bem o grosso daquilo que eu quero transmitir. A questão básica de “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">A separação</i>” consiste no seguinte: quando tomamos conhecimentos de ambas as mentiras, bem como de seus respectivos motivos, é-nos impossível condenar qualquer um dos personagens. Ao contrário de “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Cisne negro</i>”, tem-se uma forte sensação de destino, de algo que os personagens não poderiam evitar, embora não pareça que eles mereçam isso, pois pelo que vemos do filme, são todas pessoas de bem. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman','serif'; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Por fim, assisti semana passada ao filme “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Amor</i>” (2012, França/Alemanha/Áustria, dirigido por Michael Haneke). Nele temos novamente personagens absolutamente comuns, cujo infortúnio não advém de suas atitudes. O filme se passa quase inteiramente dentro dum apartamento e mostra o dia-a-dia de um casal de idosos após a mulher ter o lado esquerdo do corpo paralisado e ir, paulatinamente, perdendo os movimentos do restante do corpo, inclusive a fala. O desfecho da trama torna-se mais brutal por ser abrupto, sem algum precedente ou algo que ao menos indicasse uma futura mudança de atitude. No entanto, se o desfecho choca, a angústia vai crescendo durante todo um filme: ver alguém amado ir perdendo toda a autonomia, mas ter consciência disso e sofrer.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman','serif'; font-size: 12pt; line-height: 150%;">O que ambos os filmes (“<i style="mso-bidi-font-style: normal;">A separação</i>” e “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Amor</i>”) têm em comum é que sobre ambos se pode dizer o seguinte: isso poderia acontecer com qualquer um. E é isso que causa empatia, esta trazendo consigo, inevitavelmente, a angústia. Durante o processo de escrita deste texto me ocorreu a seguinte idéia: o caráter de relativa inevitabilidade dos acontecimentos nos dois últimos filmes os fariam mais angustiantes que o primeiro; contudo, pensando numa experiência pessoal minha, vivenciada por esses dias (e ainda em curso), parece-me claro que saber que poderíamos ter evitado que algo ruim acontecesse constitui uma grande tortura (embora não necessariamente maior que a sensação de que evitar o mal era impossível, pois nesse caso sentimo-nos impotentes, e no caso anterior, fracassados, ambas as sensações sendo péssimas). Volto então ao meu argumento inicial: o que torna os dois últimos filmes angustiantes é que, por terem personagens comuns e circunstâncias cotidianas, eles provocam uma inevitável empatia, de modo que não conseguimos nos furtar a nos colocarmos no lugar deles (o mesmo não ocorrendo com “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Cisne negro</i>”), e como o sofrimento é grande, a angústia é inevitável.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman','serif'; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Por fim, cabe um desabafo: como é bom assistir a filmes que não se reduzem à adrenalina e hormônios sexuais...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman','serif'; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Alberto Bezerra de Abreu, 20-23/02/2013<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>(redigido ao som de Frank Zappa)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
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<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
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<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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Miradouro Cinematográficohttp://www.blogger.com/profile/07903931216347442007noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5438534101292804732.post-44517863761973219102012-11-16T23:58:00.000-03:002012-11-17T00:12:25.349-03:00Exibição de “O Leopardo” na V janela internacional de cinema do Recife: teste de paciência <br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijvMZb2P3q2u1IeXN4j2TTRtWWpqybrxAstfIwDrDg8hs09zLW5X6N-jJK5XannJosGJpOQP496TPcy1qtp7t5BnSg7XB-I8Y-FtsPSIUHdZ2QZdgXaRzracCEK_WunzigozhCZAixd8k/s1600/v%2520janela.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" rea="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijvMZb2P3q2u1IeXN4j2TTRtWWpqybrxAstfIwDrDg8hs09zLW5X6N-jJK5XannJosGJpOQP496TPcy1qtp7t5BnSg7XB-I8Y-FtsPSIUHdZ2QZdgXaRzracCEK_WunzigozhCZAixd8k/s400/v%2520janela.jpg" width="400" /></a></div>
Uma das imagens de divulgação do festival<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuJiw8RLi1YMFpxVUH0B0UVU0SOJyTZUHWQ5SZx6-M5IrPcg2nJEUggfuVPNlXuZBPArO8B7GN-XcD0VGTCUF4t1dqpcNzxR5fFmGS9JXFwTUli4SyCBp89NheCPRpz_XLT44PA-YGnvI/s1600/262107_443338412368689_1253110312_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" rea="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuJiw8RLi1YMFpxVUH0B0UVU0SOJyTZUHWQ5SZx6-M5IrPcg2nJEUggfuVPNlXuZBPArO8B7GN-XcD0VGTCUF4t1dqpcNzxR5fFmGS9JXFwTUli4SyCBp89NheCPRpz_XLT44PA-YGnvI/s400/262107_443338412368689_1253110312_n.jpg" width="400" /></a></div>
Fila do lado de fora do cinema: na sessão de "Psicose", ela deu a volta completa no prédio; na sessão de "O Leopardo", ficou "apenas" em frente e numa das laterais do cinema<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHjPPQAgsnZXBC6Rio8OlA0sVF7Ot51b4YF5vZWXj6Go34-8abvN_en3nKd4fvHnIJ17tu1b4UkO0CPnklxih6zXRK6SGSMFXLVoQh0WqdA7aqDdZgjX7mn6pqxSChMxTbM-8rcLJSK4M/s1600/wpid-o-leopardo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" rea="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHjPPQAgsnZXBC6Rio8OlA0sVF7Ot51b4YF5vZWXj6Go34-8abvN_en3nKd4fvHnIJ17tu1b4UkO0CPnklxih6zXRK6SGSMFXLVoQh0WqdA7aqDdZgjX7mn6pqxSChMxTbM-8rcLJSK4M/s400/wpid-o-leopardo.jpg" width="400" /></a></div>
A atriz Cláudia Cardinale, em uma das cenas de "O Leopardo"<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqazxRIk5Y-WI6HY2thiUtA-pGyWljdYV_vJ1RjBehFa2h6c9rQj_5iRNkQkKn7gLEz-Hw7n4knDLX7gJax33TEOzurztZ7Fw4pacPnDm0FvI95usQyEMPISBK5YyYUhMZYTHUbtFZ7rw/s1600/gattopardo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="312" rea="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqazxRIk5Y-WI6HY2thiUtA-pGyWljdYV_vJ1RjBehFa2h6c9rQj_5iRNkQkKn7gLEz-Hw7n4knDLX7gJax33TEOzurztZ7Fw4pacPnDm0FvI95usQyEMPISBK5YyYUhMZYTHUbtFZ7rw/s400/gattopardo.jpg" width="400" /></a></div>
Os atores Alain Delon e Cláudia Cardinale em uma das cenas de "O Leopardo"<br />
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<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Por Erick Silva</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span></div>
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<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A exibição de "O Leopardo", na Janela Internacional de Cinema, no Recife esta noite, foi uma enorme decepção em (quase) todos os aspectos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial;"></span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Primeiro, a desorganização nas filas do cinema São Luíz, o que já virou praxe para o Festival (vide sua edição ano passado). Não obstante, o filme começou a ser exibido com mais de meia hora de atraso. Isso, sem contar a própria programação da edição deste ano (muito fraca e sem atrativos extras). Pra completar, na metade de "O Leopardo", a legenda em português "sumiu", deixando apenas a de inglês! Quando eu fui reclamar, foi-me dito que se tratava de uma falha no computador, e que a legenda seria reiniciada, mas o filme, não! Resultado: minha namorada Gorette Kaiowá Silva e eu exigimos nosso dinheiro dos ingressos de volta depois de cinco minutos SEM LEGENDA!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Resolvemos esta questão, pois nos prometeram a devolução amanhã, com o caixa do cinema aberto. Porém o que acabou nos incomodando de verdade foi a PASSIVIDADE latente da platéia, que mesmo com boa parte não entendendo as legendas em inglês continuaram inertes em seu canto. Ora, todos fomos para assistir a um filme legendado TAMBÉM em português; não tínhamos a obrigação de saber da língua inglesa! Mas, é aquela estória: pega mal se manifestar sobre algo assim, já que deve ser vergonhoso pra alguns não saber inglês! Sabem como é: é preciso manter o STATUS em alta!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">"O Leopardo" fala justamente de uma aristocracia em plena decadência, que não quer perder suas mordomias. Assim como a platéia do São Luíz hoje, que se acomodou, teve medo dese manifestar, acovardou-se de reclamar! Foi um micro-retrato dessa nossa sociedade, que, com medo de perder o pouco que tem não faz nada (mesmo diante das maiores injustiças). </span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<br />
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<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Detalhe: são os mesmos pseudo-intelectuais que expressaram sua selvageria na sessão de Febre do Rato, na edição da Janela ano passado, e que pagarão R$ 99,90 para ter o DVD desse filme em casa (só por exibicionismo). Da mesma forma que chegarão em casa hoje e se gabarão de terem assistido um "clássico do cinema"!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Como meus amigos Angelus Novus e Wilker Medeiros estavam lá, gostaria de saber também a opinião deles a respeito desse fato. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Da minha parte, parabéns à Janela Internacional de Cinema e à platéia, em geral, do São Luíz hoje! Vocês fornecerem dados suficientes para um promissor estudo sociológico!!!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">"É ESSA A JUVENTUDE QUE QUER MUDAR O BRASIL? VOCÊS NÃO ESTÃO ENTENDENDO NADA! NADA!" (Caetano Veloso).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Erick “Kaiwoá” Silva, 14/11/2012 </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
Miradouro Cinematográficohttp://www.blogger.com/profile/07903931216347442007noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-5438534101292804732.post-7292642869225843992012-08-14T01:06:00.002-03:002012-08-14T01:06:24.208-03:00A estética da loucura e do cagaço em Superoutro (Edgar Navarro)<br />
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<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimE9Mh5ESqeOt3mJGk1SRicmVD7DOcxAapJofN0_AbV0bxj9yTWKHI_D-aVr_OAvvH6amH83mNoQOBt0Rl84W4ATMzhEHssUPwTOxoSsmotfmFlS6mHDi5xdcXfxdvnLveiBr_sm3YI0M/s1600/O_Superoutro.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" mda="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimE9Mh5ESqeOt3mJGk1SRicmVD7DOcxAapJofN0_AbV0bxj9yTWKHI_D-aVr_OAvvH6amH83mNoQOBt0Rl84W4ATMzhEHssUPwTOxoSsmotfmFlS6mHDi5xdcXfxdvnLveiBr_sm3YI0M/s400/O_Superoutro.jpg" width="347" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBKX-xadXKKdD3GA3M3lNWDFXy6nNpw_a5WeyC7HhKByg4w0rFcvLP1DxXBU-T-dXRgCaoTwNqwYuPWYGAerCjoXO2rnpwN29YNtM5pLKWjDfRR0j12F6zzpm3fGVXzSr9jaHVcI54ogI/s1600/foto_63_superoutro%25202.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="275" mda="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBKX-xadXKKdD3GA3M3lNWDFXy6nNpw_a5WeyC7HhKByg4w0rFcvLP1DxXBU-T-dXRgCaoTwNqwYuPWYGAerCjoXO2rnpwN29YNtM5pLKWjDfRR0j12F6zzpm3fGVXzSr9jaHVcI54ogI/s400/foto_63_superoutro%25202.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjISZMPFGGjAPkYp-JkWXAuwsk2X9FI__CPAfBdhYkS_pfTcSapai4BrdvgHpT5W7gs8RR3DMWkihETNer8Ba6IRWS9aU7VVB_LyUGX-H7bGbvfDATjhQp523Nzh60mmsCdasrlgQejqSE/s1600/FB_2411_002.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="292" mda="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjISZMPFGGjAPkYp-JkWXAuwsk2X9FI__CPAfBdhYkS_pfTcSapai4BrdvgHpT5W7gs8RR3DMWkihETNer8Ba6IRWS9aU7VVB_LyUGX-H7bGbvfDATjhQp523Nzh60mmsCdasrlgQejqSE/s400/FB_2411_002.jpg" width="400" /></a></div>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhyphenhyphenU_6uk3FLloIg7k8MxUW-PijE6wf-3ZOJm1x9a32I6fx3eVp-kH3h1n2Xnuk9CAjCgYUbTZ8nnUBGBOeScB-Uo_DadISePij7my2wZazdkuQWHLuKx88T2aW9961nD8ugEcntM-ebWE/s1600/0_5481_2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" mda="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhyphenhyphenU_6uk3FLloIg7k8MxUW-PijE6wf-3ZOJm1x9a32I6fx3eVp-kH3h1n2Xnuk9CAjCgYUbTZ8nnUBGBOeScB-Uo_DadISePij7my2wZazdkuQWHLuKx88T2aW9961nD8ugEcntM-ebWE/s400/0_5481_2.jpg" width="272" /></a></div>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixtQRc-daxn2Y-KckGj4Lyii2UXRbzKV07XnDRQUq6UZgzNa40bty2wpyn0w3ZefNn9nJllNWeWQhJa3wv4XUSZTpHqCtO6_h784oq0pE1u1XPOagEx6KL9KAHiA25gnVr1A2rGgfNt3k/s1600/foto_63_superoutro4.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" mda="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixtQRc-daxn2Y-KckGj4Lyii2UXRbzKV07XnDRQUq6UZgzNa40bty2wpyn0w3ZefNn9nJllNWeWQhJa3wv4XUSZTpHqCtO6_h784oq0pE1u1XPOagEx6KL9KAHiA25gnVr1A2rGgfNt3k/s400/foto_63_superoutro4.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Por Pedro Sobral*</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">No ano de 2003, a Fundação Joaquim Nabuco (no Recife) exibiu três curtas do realizador baiano Edgar Navarro: Lin e Katazan, O Rei do Cagaço e Superoutro. Lembro-me do chamamento impresso no folder da programação: “Você não verá nada igual no cinema este ano”. Deveras. Na primeira tomada de O Rei do Cagaço, por exemplo, nos deparamos com a câmera focalizada no tão vilipendiado e menosprezado ânus – e em plena atividade de ejeção. Apesar do alerta impresso, parte da platéia evacuou (atente à polissemia do verbo) a sala de projeção voluntariamente, como não poderia deixar de ser. </span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O cinema é prodigioso em mostrar o ato da ingestão dos alimentos como um momento de confraternização, de crescimento e felicidade. Um grande exemplo seria A Festa de Babette – sem esquecer, é claro, um seu antípoda, o clássico italiano La Grande Bouffe, de Marco Ferreri. Por outro lado, a ejeção sempre compôs o invólucro das baixezas humanas, o perverso (etimologicamente do latim per, a preposição “por” e versum, “trás”). Mas, tudo que entra tem que sair. E ninguém filmou a segunda parte deste simples adágio com tanta propriedade quanto Edgar Navarro.</span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><div style="text-align: justify;">
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</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Em Superoutro (1989, 47 minutos) vê-se um esquizofrênico morador de rua (Bertrand Duarte, irretorquível) perambulando pelas vielas e pontos turísticos de Salvador. Uma noite, depois de um acesso de loucura, invade um condomínio de classe média na capital baiana bradando: “Acorda, humanidade!”, como se pedisse o despertar da consciência dos mais validos em direção aos miseráveis. A partir de então, as vozes não mais param na cabeça do Esquizofrênico e se processam uma série de episódios cômicos, trágicos e escatológicos. </span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><div style="text-align: justify;">
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Mereceria um artigo à parte a fixação de Edgar Navarro pelo ânus e a ejeção (Freud explicaria isso através da fase anal da criança: ela tenta controlar os pais através do jogo de retenção/expulsão das fezes): é o desbunde – literalmente – elevado à derradeira potência. Da mesma forma que na abertura de O Rei do Cagaço, temos em Superoutro a visão privilegiada do esfíncter anal de Bertrand Duarte em trabalho pleno e absoluto. Recordo-me da frase expelida por um ex-professor, já falecido, quando cursava pós-graduação (não lembro o contexto do dito): “O cu é bom demais. Sem o cu a gente explode”. </span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><div style="text-align: justify;">
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O escatológico nas artes nunca foi novidade, vide as obras do italiano Piero Manzoni que, em 1961, defecou em várias latas colocando a etiqueta Merde d’artista, vendendo-as a preço de ouro para diversos museus mundo afora; algumas cenas de Philippe Noiret (em especial num momento de prisão de ventre e flatos) no supracitado La Grande Bouffe; o roqueiro punk GG Allin que durante suas performances costumava defecar no palco, jogava uma parte na platéia e comia também um bom bocado justificando-se que “não gostaria de ver seus dejetos indo por qualquer canto” (Ah, bom – faz sentido! Pensei que fosse loucura!); muito antes, na literatura de François Rabelais (1483–1553), o escatológico se fazia presente. No Gargântua, Rabelais descreve as ferramentas do jovem gigante para limpar o ânus:</span></div>
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<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">O cachecol de veludo de uma dama, um lenço de pescoço, um tapa-orelhas de cetim, a touca de uma pajem, um “gato de março” (que lhe arranhou o traseiro com as patas), as luvas de sua mãe perfumadas de benzina, a sálvia, o funcho, o aneto, folhas de couve, alface, espinafre (série comestível), as rosas, a urtiga (sic), as cobertas, as cortinas, os guardanapos, o feno, a palha, a lã, o travesseiro, os sapatos, um alforje, um cesto, um chapéu. O melhor limpador de cu é um gansinho com a penugem macia: (...) tanto pela maciez dos pelos quanto pelo calor que se transmite pelo intestino reto e pelas outras entranhas, chegando até a região do coração e do cérebro.</span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><div style="text-align: justify;">
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Está na escatologia uma das melhores cenas de Superoutro: quando o Esquizofrênico defeca sobre um jornal, na beira-mar de Salvador (e aqui se pode abrir o parêntese da relação da loucura, normalmente suja e impura, com a água – límpida, cristalina e terapêutica, tal como pregava o psiquiatra francês Leuret, no século XIX, no tratamento de choque de seus pacientes com fortes duchas) e mela com seus resíduos a camisa de uma versão baiana de playboy – o rapaz incauto está parado no semáforo, dentro de um automóvel Santana Quantum, engravatado e escutando o impagável hit oitentista Kátia Flávia, de Fausto Fawcett.</span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><div style="text-align: justify;">
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Se os dejetos sólidos têm o poder de causar o riso, de desarmar a sisudez, libertar um da tirania e promover o desbunde total, o Esquizofrênico, nosso anti-herói de Superoutro, se mostra demasiado humano, e não um ser de outra natureza: como todos nós ele come, bebe, evacua e peida. Só que tudo isso numa escala enlouquecida e miserável. </span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><div style="text-align: justify;">
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><strong>*Pedro Sobral é licenciado em história pela Universidade Católica de Pernambuco, bacharelando em ciências sociais pela UFPE, professor da rede pública e particular e cinéfilo nas horas vagas.</strong></span></div>
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Miradouro Cinematográficohttp://www.blogger.com/profile/07903931216347442007noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-5438534101292804732.post-2921124168462971842012-08-06T21:09:00.004-03:002012-08-06T21:12:42.832-03:00Mostra Beckett do Cineclube Dissenso: um “acontecimento”?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpJlpj_QflKNITxlLOF7X9RxCCBwzyE78rbfXl2gZNMw8hvmK4h1Hqr5AnA2zOwXgzB7d5wnRRRc81I0j7ZkjFgjS2Di4H1sgG-3YCdSXi3N2o_r-FQ-AjKpEyvzfdHfbr7wO4Nbo6zpA/s1600/Mostra_becket.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="278" kda="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpJlpj_QflKNITxlLOF7X9RxCCBwzyE78rbfXl2gZNMw8hvmK4h1Hqr5AnA2zOwXgzB7d5wnRRRc81I0j7ZkjFgjS2Di4H1sgG-3YCdSXi3N2o_r-FQ-AjKpEyvzfdHfbr7wO4Nbo6zpA/s400/Mostra_becket.jpg" width="400" /></a></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8woNR2R50b9psJ_C5macfm-5Dq9Pg7cmqW_LjAHvnlaMph18XHVmGjBoJLzF238Lio2EnwkM2Aa7GR_ggSTYRakofxgk49Vn9tteRi9uPovkvzxV_awYo6QVfBKdjOx7Oy7uQKe20s3Q/s1600/0.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" kda="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8woNR2R50b9psJ_C5macfm-5Dq9Pg7cmqW_LjAHvnlaMph18XHVmGjBoJLzF238Lio2EnwkM2Aa7GR_ggSTYRakofxgk49Vn9tteRi9uPovkvzxV_awYo6QVfBKdjOx7Oy7uQKe20s3Q/s400/0.jpg" width="400" /></a></div>
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Esboço para teatro I (Rough for theatre I)</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi36NN1FGyJcAB6EKuvlfeboI_oh5JTH0i617TNX284bbIczvhweWTnHbFTTMOn11ffgIbi04DFjx9HtRIpoLJ7ZKMPHVAptHVwzbFO93by7ZshLHNLV6B-q6ulZ43cG83RHwpYkVTumKQ/s1600/beckett_on_film_play_01.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="225" kda="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi36NN1FGyJcAB6EKuvlfeboI_oh5JTH0i617TNX284bbIczvhweWTnHbFTTMOn11ffgIbi04DFjx9HtRIpoLJ7ZKMPHVAptHVwzbFO93by7ZshLHNLV6B-q6ulZ43cG83RHwpYkVTumKQ/s400/beckett_on_film_play_01.png" width="400" /></a></div>
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Encenação (Play)</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBrkRi0Xo_Hwm3YffsFhhS_DX0jYKnHXzLpbGpOXcbCy0bRoR9nIjJCJ-DB4D1FsN6cP2sX5VFgAIABYu4GcJIdvUE7Xx2pAWaLeoQp309cDxMzxc4wT1-Sqhf5WVBQez-KRD88Woh59M/s1600/endgame3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="225" kda="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBrkRi0Xo_Hwm3YffsFhhS_DX0jYKnHXzLpbGpOXcbCy0bRoR9nIjJCJ-DB4D1FsN6cP2sX5VFgAIABYu4GcJIdvUE7Xx2pAWaLeoQp309cDxMzxc4wT1-Sqhf5WVBQez-KRD88Woh59M/s400/endgame3.jpg" width="400" /></a></div>
Fim de partida (End game)<br />
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<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Entre os dias 25 e 28 de julho do presente ano o Cineclube Dissenso (atualmente sediado no prédio do Cinema da Fundação Joaquim Nabuco, em Recife) exibiu uma mostra de filmes (curtas e longas metragem) baseados na(s) obra(s) do escritor/dramaturgo irlandês Samuel Beckett. Embora (ainda) nada tenha lido do autor, a exibição de tais filmes se deu em sincronicidade com o brotar de meu interesse por ele; já na edição de 2010 do festival pernambucano de artes cênicas Janeiro de Grandes Espetáculos, quando Antônio Abujamra encenou a peça (?) “Começar a terminar” (texto do próprio, inspirado em obras de Beckett), comecei a me interessar pela obra do irlandês, alimentado pela ótima cobertura dada pelos jornais locais (embora tenha perdido esta encenação por ter sido ela realizada no teatro Barreto Junior, na distante – para mim – zona sul da cidade). Acabei, assim, deixando Beckett de lado. Entretanto, em meados do ano seguinte, a figura do autor de “Esperando Godot” ressurgiu (novamente de maneira indireta) para mim, através de insistentes menções a uma célebre frase dele, redigidas pelo filósofo esloveno Slavoj Zizek; em “Primeiro como tragédia, depois como farsa” (Boitempo, 2011), referindo-se à perseverança de Lenin, afirma Zizek: “Esse é Lenin em sua melhor forma beckettiana, fazendo eco à frase de Pioravante marche: ‘Tente de novo. Erre de novo. Erre melhor’” (ZIZEK, 2011, p. 79). Na mesma obra, o esloveno volta a utilizar a frase do irlandês, desta vez na página 108. Também no livro “Em defesa das causas perdidas” (Boitempo, 2011), Zizek utiliza esta máxima beckettiana, referindo-se desta vez a Kant e a Mao Tse-Tung (p. 215). </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Ressurgido assim meu interesse por Beckett, comecei a procurar uma tradução portuguesa da tal “Pioravante marche”, e me deparei com sua suposta inexistência (ao que me consta, há pelo menos uma tradução em português de Portugal, mas aparentemente de difícil localização). Pesquisando um pouco mais, eis a grande descoberta: o tal texto acabara de ser traduzido em edição nacional (sob o título “Pra frente o pior”); trata-se do livro “Companhia e outros textos”, cuja tradução para o português brasileiro foi realizada por Ana Helena Souza, sendo o livro lançado em 2012 pela Editora Globo. Bastou meu interesse por Beckett ressurgir (de maneira direcionada, ao contrário do que ocorrera em 2010) para que o texto em questão fosse lançado em português (e por um preço acessível!) e, na seqüência, o supramencionado cineclube levasse a frente à realização da mostra sobre a qual este texto se debruça. Para que pensou em coincidência, repito o termo supramencionado: sincronicidade. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Adentrando (enfim) aos filmes exibidos na mostra, não os comentarei individualmente, pois isto seria bastante desgastante para mim e para os leitores deste blog (sim, eles existem, embora não costumem comentar...). Sugiro que, caso alguém tenha algo a dizer especificamente sobre algum dos filmes exibidos, que empreendamos um debate na parte dos comentários. Pois bem, a primeira coisa a se falar da obra de Beckett é que ela exige muito do leitor/espectador, não só por sua profundidade, mas também por sua forma; sem medo de ser polêmico, afirmo com todas as letras: não raro sua obra é maçante. Entretanto, de modo algum isto implica necessariamente ser ela desinteressante. Voltando brevemente ao supracitado livro “Companhia e outros textos” (uma coletânea, como o título deixa claro), adquiri-a prontamente, porém, renunciei a sua leitura imediata ao ler o prefácio de Fábio de Souza Andrade, pois este deixou claro que os textos exigiram de mim mais do que eu poderia dar no momento (não por falta de interesse, mas devido a outras prioridades). Dessa forma, o contato com a obra beckettiana adaptada para o cinema veio a calhar, pois me tomou “apenas” algumas horas, ao passo que a leitura dos “contos” me levaria dias, quiçá meses (o livro tem menos de 100 páginas, se desconsiderarmos o prefácio que não é do próprio Beckett, mas leio “degustativamente”). Uma característica comum de todos os filmes exibidos (ao menos de todos que pude assistir, pois perdi a exibição do último dia, justamente o de “Esperando Godot”) consiste no fato de a encenação se restringir a um único espaço: uma rua, um cômodo de uma casa, o espaço interno de um teatro, etc. Além disso, em alguns filmes a verborragia (não uso o termo em sentido pejorativo) tornava inevitável e perda de algumas palavras por parte dos espectadores, mesmo num filme como “Encenação”, no qual todo o texto é repetido integralmente. Aliás, falando em texto, cabe aqui uma informação de grande relevância: de acordo com os organizadores do evento, todas as adaptações primaram pela fidelidade aos textos originais, conservando-os integralmente nas encenações (também se mencionou o excesso de cuidado que Beckett tinha com seus escritos, não deixando que fossem encenados – seja no cinema, seja no teatro – por qualquer um). </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Outro aspecto pelo qual o cineclube merece destaque positivo consiste no fato de não se limitarem a contextualizar os filmes antes de sua exibição, mas empreenderem também debates ao final; embora seja mais de ouvir do que de falar quando me encontro entre estranhos, foi-me impossível não me pronunciar sobre a (muito) grande semelhança existente entre o supracitado “Encenação” e a peça “Entre quatro paredes” de Jean-Paul Sartre: em ambos, vêem-se três pessoas no inferno (um homem, duas mulheres); em ambos há algo de triângulo amoroso, embora de maneira ambígua; em ambos há o eterno retorno (repetição contínua do castigo, remetendo ao mito de Sísifo – aliás, título de uma obra de Albert Camus, contemporâneo de Sartre e Beckett –, ao mito de Prometeu, entre outros mitos gregos). Saliento desde já ter sido este um de meus filmes favoritos. Nele o elemento estético alcança nada menos que a perfeição. As atuações também são soberbas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Nada há de coincidência no fato de outro de meus favoritos na mostra –“Esboço para teatro I” –, ser, igualmente, de um primor estético invulgar. Neste filme (que se passa numa esquina em ruínas, cenário típico pós-guerra), vemos o diálogo entre o mendigo cego e um cadeirante (ambos idosos); este último propõe ao primeiro: “você me empurra e eu lhe guio”. A colaboração entre eles não se converte em realidade e o filme se encerra com direcionando seu “cajado” em direção ao cadeirante com intuito de agredi-lo violentamente, após ter sido humilhado durante quase toda a conversa; a mensagem me parece de uma clareza desoladora: embora pudesse complementar-se “perfeitamente” no caso de colaborarem, ambos os homens sequer conseguem conversar civilizadamente. A degradação humana constitui um tema recorrente em Beckett, embora algumas vezes sendo retratada com ironia, outras vezes, de forma bastante “crua”. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Dentre os longas, minha preferência elegeu “Fim de partida”; embora haja nele algo de semelhante ao filme acima citado, haja vista que um dos protagonistas não pode ficar de pé (além de aleijado é cego, possuindo assim as deficiências de ambos os personagens de “Esboço para teatro I”), ao passo que o outro (seu “criado”/empregado), sendo manco, não pode sentar-se, o que mais me chamou atenção no filme foi o fato de ter sido ele o único dos longas que assisti que não me causou nenhuma espécie de enfado (os outros longas que assisti foram: “Dias felizes” e “A última gravação”, não sendo demais repetir que perdi a exibição de “Esperando Godot”). Cabe salientar que não considero o enfado despertado por um filme como algo necessariamente ruim; pelo contrário, posso considerá-lo com um diferencial positivo, desde que ele seja proposital e transcenda a intenção de ser maçante sem mais. No entanto, não pude deixar de me espantar com a maneira fluída de contemplar um filme complexo, restrito a um único ambiente, em contraste com os dois longas que havia assistido nos dias anteriores (será um diferencial dele, ou estaria eu me acostumando em demasia com as idiossincrasias beckettianas?). Outra coisa, embora a apresentação de personagens fragmentados (em muitos filmes foram exibidas apenas cabeças dos personagens), penso que em nenhum deles este expediente alcançou a dimensão do bizarro tão bem quanto em “Fim de partida”: nele, os pais do protagonista patrão não possuíam corpo da cintura para baixo (em virtude de um acidente), e viviam, cada qual e uma lata de lixo. Embora a relação entre os protagonistas (patrão-empregado) fosse pesada (nitidamente sado-masoquista no sentido não sexual-genital do termo), ela me pareceu essencialmente verossímil, contrariando a dimensão do absurdo que tornou Beckett célebre; contudo, o aparecimento dos pais nas suas respectivas latas de lixo (!) a certa altura do filme acrescentou ao filme uma dimensão de bizarrice (absurdidade) inesperada e só não desconcertante por tratar-se de Beckett. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Em suma, a experiência foi deveras enriquecedora, na reflexão, no enfado, no deleite estético, no estranhamento (tudo isso propiciado pelas próprias obras), bem como pelas informações (fornecidas pelo pessoal do cineclube) e pelos debates (promovido pelos organizadores do cineclube, mas com participação ativa de alguns dos espectadores). </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Ps. 1: o próprio pessoal do cineclube divulgou um blog no qual pode-se assistir a todos os filmes exibidos na mostra:http://beckettemfilme.blogspot.com.br/ </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Ps. 2: o termo “acontecimento” utilizado no título deste texto remete a uma noção de Alain Badiou (o qual também conheci através de Zizek). </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Alberto Bezerra de Abreu; 06/08/2012 (redigido ao som de Thelonious Monk – “Monk’s blues”, Dizzy Gillespie – “Dizzy’s party” e John Coltrane – “Coltrane”). </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Dedico este texto a Marcel Koury e Gorette Silva (ambos – cada um a seu modo – apreciadores de Beckett) e a Alessandra Alencar, responsável pela inclusão do conceito junguiano de “sincronicidade” neste texto (embora ela não saiba que o estou redigindo =)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>Miradouro Cinematográficohttp://www.blogger.com/profile/07903931216347442007noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-5438534101292804732.post-42892475580587081372012-06-11T20:53:00.002-03:002012-06-11T21:07:00.061-03:00Cine PE 2012, terça-feira: uma noite introspectiva<div style="text-align: justify;">
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7aj_a3SapPJTfnjzpeqcMCU6hZkbYrPZfh-tAdfelqy5faKl9oQC3kOMORlK4wGX9CpAksHz8xpp0W7fkSBDCtzB7gPIcTqne88utreG4eKtKF20rmBv9bmkRrZmI9RZqfP7mpLXcKBg/s1600/BEBE_B~1.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" fba="true" height="197" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7aj_a3SapPJTfnjzpeqcMCU6hZkbYrPZfh-tAdfelqy5faKl9oQC3kOMORlK4wGX9CpAksHz8xpp0W7fkSBDCtzB7gPIcTqne88utreG4eKtKF20rmBv9bmkRrZmI9RZqfP7mpLXcKBg/s400/BEBE_B~1.JPG" width="400" /></a></div>
"Dia estrelado"<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbz2tgi0r_v9thf2bwDQgGgckyeNyM_V2gkecvjFlShzGXBxUQwVwX9hzrjPaDkLPZDqF3xL85QhxplQoR_KAqS6zvMVRTXW_VaMTvfKnIbW64M3uu75GDXer1O3hzWuTZl8LSSwcBAbo/s1600/afabrica.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" fba="true" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbz2tgi0r_v9thf2bwDQgGgckyeNyM_V2gkecvjFlShzGXBxUQwVwX9hzrjPaDkLPZDqF3xL85QhxplQoR_KAqS6zvMVRTXW_VaMTvfKnIbW64M3uu75GDXer1O3hzWuTZl8LSSwcBAbo/s400/afabrica.jpg" width="400" /></a></div>
"A fábrica"<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrKF8zElebT5Q2Jr9TS5hSzhRjpI50onArEuHOGSoSx9TGT1XZU-bFTME8bs0t6aObb2ST1dnPddETfGGquSY_jBeItKf-bQQYInLmkIkEaw37ujYNIXBJsq1jW6bxwHckxqYcI3-voXw/s1600/Anderson-Brasil_Sonhando-Passarinhos-5.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" fba="true" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrKF8zElebT5Q2Jr9TS5hSzhRjpI50onArEuHOGSoSx9TGT1XZU-bFTME8bs0t6aObb2ST1dnPddETfGGquSY_jBeItKf-bQQYInLmkIkEaw37ujYNIXBJsq1jW6bxwHckxqYcI3-voXw/s400/Anderson-Brasil_Sonhando-Passarinhos-5.jpg" width="400" /></a></div>
"Sonhando passarinhos"<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3KoRvcPNSXnroUoo6d3YOd16bOmIsJiKWp-PTHDL7f_a3qSKLnbzuHl-ApufIADmFI6u3vufMUg-cihuRzXPAdTEbeU02V398rmvBRDCb0PO6nCVl3ouaQX6bn4-pF6aBbp34R0g2NGw/s1600/jb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" fba="true" height="348" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3KoRvcPNSXnroUoo6d3YOd16bOmIsJiKWp-PTHDL7f_a3qSKLnbzuHl-ApufIADmFI6u3vufMUg-cihuRzXPAdTEbeU02V398rmvBRDCb0PO6nCVl3ouaQX6bn4-pF6aBbp34R0g2NGw/s400/jb.jpg" width="400" /></a></div>
"Na quadrada das águas perdidas"<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2NReS3uj1W6P1kqPl3E5zQ4csJ8CAsSTqrvmqB4oXAoOuNKIfaZUCh6UbA8gL6Ys2XBm2N1Hdrmc5lgEHtgDV0_x2AVBpaidK39dfxxnXKhdX-sddHMqMuJHsYUU14TGrksnC589mjDQ/s1600/3611101317.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" fba="true" height="296" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2NReS3uj1W6P1kqPl3E5zQ4csJ8CAsSTqrvmqB4oXAoOuNKIfaZUCh6UbA8gL6Ys2XBm2N1Hdrmc5lgEHtgDV0_x2AVBpaidK39dfxxnXKhdX-sddHMqMuJHsYUU14TGrksnC589mjDQ/s400/3611101317.jpg" width="400" /></a></div>
"Estradeiros" <br />
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Ao contrário do que ocorrera no sábado, a noite de terça (feriado) do Cine PE 2012 teve um público notoriamente escasso. Não só por isso, mas também pela ausência de filmes “chamativos” – digamos assim –, como “À beira do caminho” e o documentário de Pedro Bial e Heitor D’ Alincourt sobre Jorge Mautner, o clima da noite pareceu-me estranhamente intimista, haja vista a recorrente alcunha segundo a qual o Cine PE constitui “o Maracanã dos festivais nacionais de cinema”. </div>
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Reforçando (para mim) o caráter intimista da noite, descobri que a jovem diretora do primeiro curta-metragem exibido é alguém com quem já cursei uma disciplina na UNICAP, embora eu fosse um estranho na turma (acho que era de jornalismo) e tenha passado quase completamente despercebido naquele espaço (sem contar que, pela primeira vez em anos de Cine PE, acomodei-me na parte superior do Cine-teatro Guararapes; o que quebrou um pouco o intimismo foi o fato de eu estar acompanhado, algo que não ocorria fazia anos no evento em questão). </div>
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Adentrando no primeiro curta exibido “<em>Dia estrelado</em>” (17 min., de Nara Normande), não há muito o que ser dito; trata-se duma animação stop motion de alta qualidade (na forma), mas pouco significativa no conteúdo (e saliento que minha comparsa naquela noite teve exatamente a mesma opinião que eu). Acaba de me ocorrer um insight no que concerne a expressar o que tal filme despertou em mim: trata-se duma fratura estética, haja vista que a qualidade da forma não se resume ao fato de a animação ser bem feita, mas também ao fato de ser ela expressiva (sempre observo se personagens de animação são realmente expressivos), de a trilha sonora ter sido muito bem encaixada, de o filme ter conseguido criar todo um clima, mas de a tudo isso ter faltado substância. Se em minha resenha sobre o curta “Km 58” (exibido no sábado – ver minha resenha em <a href="http://www.miradourocinematografico.blogspot.com.br/2012/05/noite-de-sabado-do-cine-pe-2012.html">http://www.miradourocinematografico.blogspot.com.br/2012/05/noite-de-sabado-do-cine-pe-2012.html</a>), afirmei que uma nova edição/montagem da obra poderia melhor aproveitar sua excelência técnica, no que concerne a “Dia estrelado”, penso algo parecido; se a parte técnica tivesse sido direcionada para um outro enredo, o filme poderia ser excelente; porém, da forma que foi realizado ele deixa a sensação de que poderia ter sido muito melhor, embora não chegue a ser ruim. </div>
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O segundo curta-metragem exibido foi “<em>A fábrica</em>” (15 min., de Aly Muritiba); trata-se duma caracterização realista da vida num presídio, que não intenta retratar o cotidiano deste, mas apenas uma situação específica nele ocorrida: trata-se da tentativa que a mãe do protagonista faz de entrar no presídio com um celular, para entregar a ele; poucas palavras são proferidas entre mãe e filho no seu encontro e o desfecho surpreendente do filme me fez gostar dele muito mais do que eu pensei que gostaria, ao começar a assisti-lo; sua mistura de hostilidade com afeição foi realizada com maestria. </div>
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Terceiro e último curta da noite, “<em>Sonhando passarinhos</em>” (12 min., de Bruna Carolli) mostra a história de uma pequena garota que deseja criar passarinhos; o enredo é simples, o filme é bonitinho (sem conotação pejorativa), as atuações são fracas (mas a guria é espontânea) e, acima de tudo, seu conteúdo é bastante pessoal, embora tal característica (paradoxalmente) desperte empatia de algumas pessoas (o que não foi o meu caso). Valho-me aqui da imprescindível contribuição de Txiliá Credidio, minha comparsa naquela noite, para elucidar o sentido de tal afirmação; segundo ela, os mínimos detalhes do filme remetem ao que foi a infância de uma garota na década de 1990 (experiência com a qual não tive o menor contato, pois não tenho irmã). </div>
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Antes de passar aos longas, aproveito para informar que dois dos três curtas tiveram problemas técnicos e precisaram ter sua exibição interrompida para ser(em) posteriormente reiniciada(s). Sobre isto, não poderia deixar de postar aqui a frase paradigmática de minha comparsa Txiliá: “<em>Festival de cinema sem problemas técnicos não é festival de cinema</em>”. Inspirado por ela, formulo a seguinte assertiva: “<em>Cine PE sem atraso não é Cine PE</em>” (quem freqüenta bem sabe...). </div>
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O primeiro longa da noite foi “<em>Na quadrada das águas perdidas</em>” (74 min., de Wagner Miranda e Marcos Carvalho). No elenco, apenas Matheus Nachtergaele; seu enredo é bastante simples: mostra o (longo) deslocamento de um sertanejo até uma venda para trocar dois cabritos por alimentos diversos. Como os realizadores deixaram claro ao apresentar o filme, sua intenção era didática, no sentido de familiarizar os espectadores com a paisagem da caatinga e, de fato, ele é surpreendente neste aspecto; vários animais aparecem na obra (cobra, pica-pau, coruja, outras aves; tamanduá, jabutis e mesmo um felino de grande porte – do tamanho de uma onça –, mas que não era nem pintado nem preto, de modo que não sei se era onça); aparece ainda uma colméia, bem como o procedimento do personagem para espantar parte das abelhas e consumir o mel; três espécies de cactos são mostrados, dois deles sendo consumidos. Mesmo no final do filme, quando o protagonista chega na venda, não vemos mais que o braço de seu interlocutor e não há uma única palavra proferida: os produtos desejados são apontados com a mão, limitando-se a isso a comunicação entre os dois homens. Aliás, a única palavra pronunciada no filme é o nome da cadelinha que acompanha o sertanejo; quando nota sua demorada ausência, ele assovia por ela e não obtendo resposta, a chama pelo nome algumas vezes. Isto acentua (e muito) e sensação de isolamento, o que pode tornar o filme um pouco maçante para algumas pessoas. Penso que isto seja proposital e verossímil, haja vista o caráter tour de force da jornada do personagem (muitas são as dificuldades por ele enfrentadas no caminho, inclusive cansaço e tédio). Por fim, cabe salientar que o filme retrata inclusive as crenças locais, como quando mostra o protagonista “assombrado”, juntar algumas pedras e formar um terço para rezar. Em suma, embora o filme não seja exatamente divertido, seu mérito não reside apenas em seu caráter informativo, pois além de informativo ele é interessante, ou seja, ele envolve, funciona. </div>
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Fechando a noite, exibiu-se o longa “<em>Estradeiros</em>” (79 min., de Renata Pinheiro e Sérgio Oliveira). Trata-se dum documentário sobre um grupo de jovens itinerantes que residem em diversos locais da América do Sul e que possuem certos traços da cultura hippie em sua organização social. Um dos aspectos mais interessantes do filme consiste em mostrar como o grupo coleta alimentos (em boas condições para consumo) jogados no lixo por supermercados e com isso evitam no só o desperdício, como economizam seu pouco dinheiro (conseguido, por exemplo, através de malabarismos feitos em semáforos). Não há rumo no filme, tal qual a trajetória de um de seus entrevistados: aleatória, como o próprio afirma. Trata-se dum filme interessante, que nos faz pensar e (ao menos para mim), causa certa inveja, embora eu não deseje ter uma vida tão errante quanto a daquelas pessoas. </div>
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Em suma, minha opinião de que sempre é possível encontrar coisas boas no Cine PE, mesmo escolhendo aleatoriamente as noites nas quais iremos ao festival permanece. </div>
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Dedico este texto a Txiliá Credidio, uma comparsa inspiradora </div>
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Alberto Bezerra de Abreu, maio/junho 2012</div>
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<br />Miradouro Cinematográficohttp://www.blogger.com/profile/07903931216347442007noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5438534101292804732.post-5671676882558755942012-05-20T23:20:00.001-03:002012-05-20T23:20:09.829-03:00Pina (parte II)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-4yr_ZYTIot-MUxu1YsWEwKBIZyrmD0q6YyQ4nyeSpzxO03Ff-zxb_5AKSPuHXsFbMcgHsQHsYIboguY-ITVA3efPKPymcxDMIzKDoIbCez6y3SgUiZwit62HI8IA1pJautn8Q_2MdUQ/s1600/pina.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" kba="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-4yr_ZYTIot-MUxu1YsWEwKBIZyrmD0q6YyQ4nyeSpzxO03Ff-zxb_5AKSPuHXsFbMcgHsQHsYIboguY-ITVA3efPKPymcxDMIzKDoIbCez6y3SgUiZwit62HI8IA1pJautn8Q_2MdUQ/s640/pina.jpg" width="468" /></a></div>
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Philippine Bausch (1940-2009) ou simplesmente Pina foi uma renomada dançarina, coreógrafa e diretora de balé, de nacionalidade alemã. Wim Wenders (1945-) é um cineasta do chamado Novo Cinema Alemão (movimento cinematográfico iniciado entre as décadas de 1960 e 1970), que teve como expoentes, além de Wenders, Rainer Fassbinder e Werner Herzog (embora este último não se considere membro do grupo, mas “apenas” um simpatizante), entre outros. Atualmente (abril de 2012) se encontra em cartaz no Brasil o filme “Pina” (Wim Wenders, 2011, Alemanha/França/Reino Unido), que une justamente estas duas figuras: Pina e Wenders, que, segundo li em algum lugar, era fã da coreógrafa. Quanto a esta, nunca ouvira falar dela. Já o nome do cineasta não me era estranho; entretanto, embora tenha mergulhado na cinematografia de Herzog desde o início de minha incursão no cinema autoral europeu (em 2006), e embora tenha gostado bastante de algumas de suas obras, só assisti a filmes de Wenders este ano (!) e ainda sou virgem no que concerne às obras de Fassbinder (dos demais integrantes do movimento sequer sei os nomes de cor). Meu primeiro filme de Wenders foi o documentário “Buena Vista Social Club” (1999) e, sem seguida, “Asas do desejo” (1987), ambos constituindo realizações de destaque do cineasta. Não sei se chega a ser paradoxal, mas é no mínimo curioso que “Pina” tenha me remetido muito mais a “Asas do desejo” (que não é documentário) do que a “Buena Vista Social Club”, que o é. </div>
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Boa parte das resenhas sobre “Pina” que li na internet destacam um aspecto básico da obra: trata-se dum documentário não convencional; nada é dito sobre sua vida pessoal da artista, exceto menções à sua solidão. Para quem não sabe, o filme foi iniciado com Pina ainda viva e teria uma outra dinâmica; com a sua morte, Wenders pensou em desistir da obra, mas acabou realizando-a de modo diferente do original; a protagonista (se é que podemos chamá-la assim) pouco aparece, e se não me falha a memória, possui uma única fala em todo o filme. Grosso modo, a obra alterna performances de danças dirigidas/coreografadas por Pina como depoimentos de vários dançarinos que trabalharam com ela. Também nisso (nos depoimentos) o filme é não convencional: não vemos os depoentes falando, mas calados, enquanto ouvimos suas respectivas vozes, talvez intentando simular serem tais palavras pensamentos. </div>
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Estranhamente, tal estrutura não convencional de “Pina” só começou a ficar minimamente cansativa para mim próximo do final do filme, ao contrário do que aconteceu com o outro documentário aqui mencionado de Wenders (ao contrário de Pina, que me era desconhecida, o Buena Vista Social Club – tema do outro documentário – era por mim conhecido e apreciado); inicialmente pensei desconhecer o motivo, mas pensando um pouco, acredito tê-lo descoberto: por mais que no documentário sobre a banda cubana haja passagens dos músicos tocando, elas são bem mais breves que as coreografias apresentadas em “Pina”, de modo que o efeito estético deste filme é muito maior que o daquele. Faz-se então pertinente a seguinte ressalva: embora tenha assistido “Pina” no cinema, este não possuía a tecnologia 3d, o que talvez acarrete uma lacuna insuperável em minha apreciação da obra. Ao que me consta, tal filme do Wenders foi o primeiro filme de arte a utilizar o recurso 3d e isto, por si só, já o tornaria deveras interessante (pelo que li, alguns dos efeitos 3d enriquecem a obra de maneira impressionante, ao passo noutros momentos a tecnologia mostra-se ainda ineficiente). </div>
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“Pina” nada tem de entretenimento; não me divertiu, mas deixou-me pensativo, o que soa paradoxal, haja vista ser o filme calcado na sensação e não no entendimento. Experenciei momentos de um quase arrebatamento, sobretudo no início, quando a coreografia se construía ao som da magnífica Sagração da primavera de Stravinsky. Não defendo aqui que a obra não possa ser entendida, mas que seu foco está na sensação. Como a própria Pina afirma no filme: “Tem coisas que nos deixam sem palavras. E tem coisas que as palavras não dão conta de dizer. É aí que entra a dança”. Altamente recomendado.</div>
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Alberto Bezerra de Abreu, abril/maio de 2012<br />
<br />Miradouro Cinematográficohttp://www.blogger.com/profile/07903931216347442007noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5438534101292804732.post-77707927507848435092012-05-08T22:11:00.002-03:002012-05-08T22:23:00.439-03:00Noite de sábado do Cine PE 2012: estética, conteúdo e entretenimento em doses mais que satisfatórias<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfa8XfH373X7Fa_GzkLn-vPVv0-AQMjb_C2IHOWGeQ0f1OmGXMD6rGCXz8VoZq9BMgmZZhs5P8aN58ATVQdCN8K6BU6IX0mSDpX1mKgWZJfLAmdVuib810JuWDWr-AIvqSXJPHhTDpMQ8/s1600/2316706-1250-rec.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" dba="true" height="298" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfa8XfH373X7Fa_GzkLn-vPVv0-AQMjb_C2IHOWGeQ0f1OmGXMD6rGCXz8VoZq9BMgmZZhs5P8aN58ATVQdCN8K6BU6IX0mSDpX1mKgWZJfLAmdVuib810JuWDWr-AIvqSXJPHhTDpMQ8/s400/2316706-1250-rec.jpg" width="400" /></a></div>
À beira do caminho<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjs1erTKqwPigRpcHBNa-qBrHp-SPkbWeV_NZ9gmaY2chcqUs_cqrUJk7RS4OMC3vOIFLdMqUdMti5eH6ITXX1Xc-WYukI6DJ6baVaItph6iuDcs4aMx7-QgkJgH1AQr6SMSTBbx8In2Hw/s1600/kaosnavial.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" dba="true" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjs1erTKqwPigRpcHBNa-qBrHp-SPkbWeV_NZ9gmaY2chcqUs_cqrUJk7RS4OMC3vOIFLdMqUdMti5eH6ITXX1Xc-WYukI6DJ6baVaItph6iuDcs4aMx7-QgkJgH1AQr6SMSTBbx8In2Hw/s400/kaosnavial.jpg" width="400" /></a></div>
Maracatu atômico - kaosnavial <br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGiIdsmJ8Tc5m1BXZk52_1LRvmeMScfCN8Ze9OVGFYY5mg4w5k9rkgZVjkFT0AAUANBWwdWJqjrJtgyIXn13Oq7Dnhe-bInzIoLVsE4ml2HuUFLul0MsbcnY_fdAk_6XOdVNdYUTGnW4Q/s1600/KM-58_3-600x337.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" dba="true" height="223" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGiIdsmJ8Tc5m1BXZk52_1LRvmeMScfCN8Ze9OVGFYY5mg4w5k9rkgZVjkFT0AAUANBWwdWJqjrJtgyIXn13Oq7Dnhe-bInzIoLVsE4ml2HuUFLul0MsbcnY_fdAk_6XOdVNdYUTGnW4Q/s400/KM-58_3-600x337.jpg" width="400" /></a></div>
Km 58<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLQJUyqpeKeuTKfLZjWbM0-qdW8o2QQB4g0-mHwrh7Y6PaXdWPPeH77HyUR3XepGeIAN7OjAk23Pzra0YtrvTb9VFyoC5KvbF9GYFazpbaOD-qRuX4e56OLujpLPfyLTfL4OSwIsQ-m9o/s1600/ateavista-600x335.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" dba="true" height="222" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLQJUyqpeKeuTKfLZjWbM0-qdW8o2QQB4g0-mHwrh7Y6PaXdWPPeH77HyUR3XepGeIAN7OjAk23Pzra0YtrvTb9VFyoC5KvbF9GYFazpbaOD-qRuX4e56OLujpLPfyLTfL4OSwIsQ-m9o/s400/ateavista-600x335.jpg" width="400" /></a></div>
Até a vista <br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNr_x3pt5MmSb9iIjkV-n4RtzB2Otenfwbr1JzSgQbM3_owss6YsjlYfOt0NgawofgETvB-3BkT8n0Ce9DBsmafA3i5rIXJJXDWBYgIiQ-gOi-ZGScR8-8wl1wIXqLxRCZjo8mcZsFa9k/s1600/img4f9ec7ef65890.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" dba="true" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNr_x3pt5MmSb9iIjkV-n4RtzB2Otenfwbr1JzSgQbM3_owss6YsjlYfOt0NgawofgETvB-3BkT8n0Ce9DBsmafA3i5rIXJJXDWBYgIiQ-gOi-ZGScR8-8wl1wIXqLxRCZjo8mcZsFa9k/s400/img4f9ec7ef65890.jpg" width="400" /></a></div>
Jorge Mautner - o filho do holocausto<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLasHiKjxixPiCxrIMVz5eUERydEWOQHsTyK8ZbqiJWZ6SGYnBwtyczh6efDpFTTJi8RkZjzQ2-O5Cfr-B4pnx8rT5bv2g3MUZHF8ybOpbB6jr_z1cIbh9-NygjIvB7_8q_LX-dlSCOGs/s1600/5x28bzh8pe4rtf9ylf0gcuk0e.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" dba="true" height="250" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLasHiKjxixPiCxrIMVz5eUERydEWOQHsTyK8ZbqiJWZ6SGYnBwtyczh6efDpFTTJi8RkZjzQ2-O5Cfr-B4pnx8rT5bv2g3MUZHF8ybOpbB6jr_z1cIbh9-NygjIvB7_8q_LX-dlSCOGs/s400/5x28bzh8pe4rtf9ylf0gcuk0e.jpg" width="400" /></a></div>
Heitor D' Alincourt (de preto), Jorge Mautner (ao centro) e Pedro Bial (trajando uma rídicula calça rosa) na apresentação do filme, antes de sua exibição<br />
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<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Embora isto seja vergonhoso, o fato é que não escrevi sobre os filmes a que assisti na edição de 2011 do Cine PE não por falta de tempo ou por não ter gostado deles, mas essencialmente por preguiça. Dois filmes em especial me marcaram naquele ano (ambos longas e documentários): “<em>Augusto Boal e o teatro do oprimido</em>” (62 min., de Zelito Viana) me apresentou a figura extremamente relevante do dramaturgo Augusto Boal, cuja intenção central (não só estética, mas também política) era a de romper a barreira entre atores e público. Lembrou-me Paulo Freire, mas pareceu-me mais interessante, até por conta da dimensão lúdica. O outro filme foi “<em>JMB, o famigerado</em>” (105 min., de Luci Alcântara), sobre o agitador cultural, poeta, ensaísta e cineasta Jomard Muniz de Britto (seu clássico Cult “O palhaço degolado”, curta em super 8 será por mim resenhado mais ou menos em breve). Ao contrário da figura de Boal (cuja existência eu vergonhosamente ignorava), a persona de Jomard já me era conhecida (inclusive já o vi tanto no próprio Cine PE em 2011, como no Cinema da Fundação); no entanto, Jomard é bem menos reconhecido no Brasil do que Boal, e o fato de aquele ainda estar vivo (ao contrário deste último) torna a situação mais escandalosa, em minha opinião. Deixando 2011 de lado, adentremos no presente ano.</span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Primeiramente, cabe esclarecer que minha breve incursão na edição passada do Cine PE não se limitou a um mea culpa em virtude de minha não cobertura do evento em 2011; mais do que isso, tratou-se de um link com a edição atual do evento, haja vista que o filme mais significativo da noite de sábado do Cine PE 2012 foi um documentário longa metragem dedicado a (mais) uma figura essencial para a cultura brasileira, embora inexistente no âmbito da mídia hegemônica nacional: Jorge Mautner. Mas deixemos o melhor para o final. A noite de sábado começou com a (re)exibição do longa “<em>À beira do caminho</em>” (100 min., de Breno Silveira), devido aos problemas técnicos que prejudicaram o filme em sua exibição na noite anterior do festival. Cabe salientar que peguei o filme já em andamento (cena de “amor” entre o protagonista, interpretado por João Miguel e a personagem de Dira Paes) e não tenho a mínima idéia de quanto tempo de projeção perdi; só sei que deu para entender perfeitamente a obra. Inicialmente o filme me lembrou “<em>Viajo porque preciso, volto porque te amo</em>” (de Marcelo Gomes e Karim Aïnouz) no mote: caminhoneiro segue pela estrada com dor saudade de sua amada; contudo, não demorou para se tornarem nítidas as diferenças entre os dois filmes: em segundo lugar, o sentimento predominante em “<em>À beira do caminho</em>” não era a saudade, mas a culpa, embora em ambos os filmes a solidão exerça papel destacado; em primeiro lugar, em termos técnicos, estéticos e narrativos os filmes são muito diferentes: “Viajo porque preciso...” pode ser caracterizado como filme algo experimental (ver minha resenha em <a href="http://www.miradourocinematografico.blogspot.com.br/2011/01/blog-post.html">http://www.miradourocinematografico.blogspot.com.br/2011/01/blog-post.html</a>), enquanto “<em>À beira do caminho</em>” é inteiramente convencional. Não darei uma de intelectual pedante (embora algumas pessoas assim me considerem, não é?); “À beira do caminho” é indiscutivelmente mais divertido (o que não significa que seja melhor filme que “Viajo porque preciso...”); o filme de Silveira e fluido e conta com grandes atuações (o guri é ótimo, e constitui a válvula de escape cômica do longa); contudo, o grande destaque da obra é a atuação de João Miguel (ator que já me chamara atenção no excepcional “<em>Cinema, aspirinas e urubus</em>” também de Marcelo Gomes), sobretudo nas cenas em que está barbudo e sentindo o peso duma enorme culpa. Embora eu deteste Roberto Carlos, não posso criticar a utilização de músicas dele no filme, pois estas se encaixam bem com a temática da obra, além de funcionarem como elementos presentes dentro da própria narrativa (o protagonista aparece em flashback cantando uma música de Roberto para sua amada em seu casamento e um CD do “músico” é posto para tocar no caminhão do personagem principal), constituindo algo de verossímil, haja vista que a “música” de Roberto Carlos possui este caráter popular (seria inverossímil se o protagonista fosse fã de Villa-Lobos, por exemplo). Já no que concerne às músicas instrumentais, as quais não fazem parte da narrativa e servem exclusivamente para criar “o clima” almejado pelo diretor, penso constituírem elas o calcanhar de Aquiles do longa; ora, o filme é emotivo e funciona ao emocionar pelo enredo e pelas atuações, de modo que a inserção de músicas feitas sob medida para levar os expectadores às lágrimas me soou como evidente apelação. Isto, em minha opinião, tornou o filme algo piegas, e isto nada têm a ver com o desempenho dos atores, pelo contrário. Penso que a atuação de João Miguel foi tão boa, intensa e convincente que poderia prescindir, senão de trilha sonora, ao menos de uma que fosse tão forçada. Em suma, minha impressão é a de que, para o diretor, emocionar é igual a arrancar lágrimas, o que definitivamente não é o caso. Considero o filme realmente bom, mas poderia ser melhor se o cineasta não se deixasse levar por aquilo que intitularei como “cacoete spielbergiano”. Lamentável. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A mostra competitiva de curtas-metragem se iniciou com a exibição do documentário “<em>Maracatu Atômico – Kaosnavial</em>” (20 min., de Marcelo Pedroso e Afonso Oliveira); embora valorize a divulgação de nossa cultura popular, penso que o curta não disse a que veio, pois ele não parece nem inovar nem se destacar em relação a outros curtas de temática similar. Faço minhas as palavras de Carolina Santos (Diário de Pernambuco, Caderno Viver, sábado 28 de abril de 2012, p.F1):</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">“<em>[...] mostra o encontro de Mautner, autor de Maracatu atômico, com o mestre Zé Duda, do Maracatu Estrela de Ouro, de Aliança. O curta traz uma abordagem superficial da relação do músico com a cultura da região. Ensaia um paralelo das vidas de Mautner com Duda, mas parece muda de idéia com imagens de cavalo-marinho. Perde-se na fragmentação de temas em face ao pouco tempo disponível</em>”. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O segundo curta da noite foi “<em>Km 58</em>” (20 min., de Rafhael Barbosa); antes de expor meu comentário, citarei o publicado no Caderno C do Jornal do Commercio (30 de abril de 2012, p.6), com o qual concordo, mas o qual pretendo complementar:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">“<em>Apesar de tecnicamente irrepreensível, como uma ótima fotografia e um desenho de som muito inteligente, o filme se desenvolve de uma maneira tão misteriosa que acaba deixando o espectador de fora. O que se percebe é que talvez um homem esconda um corpo no porta-malas de um carro – vê-se uma mão e um braço, mas não temos certeza se é homem ou mulher – e que ele vai se livrar dele</em>”. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">De fato, concordo com o comentário postado no jornal: o filme é um primor técnico, mas deixa o espectador de fora, como quando alguém profere uma ótima aula/palestra, mas em nível tão alto que ninguém entende. Pessoalmente, embora tenha admirado a fotografia, encantei-me com a trilha sonora, não só pela qualidade em si (que não interessa tanto), mas por sua vinculação perfeita ao todo. O problema do filme, em minha opinião é que ele não é eficaz em realizar aquilo que me pareceu ser sua proposta principal: fazer com que o espectador sinta a angústia do personagem. O estilo excessivamente hermético e fragmentário da narrativa causa acima de tudo estranhamento, não suspense, muito menos angústia. A reação de algumas pessoas (desconhecidas) que estavam ao meu lado ao final de exibição foi de perplexidade negativa, do tipo “é muito chato, não entendi nada”. Se não estou enganado, trata-se do primeiro filme do cineasta e o fato é que ele e toda a equipe possuem grande potencial, mas que a mistura de elementos de grande qualidade não resultou numa totalidade satisfatória. Em suma: a soma das partes não formou um todo homogêneo e convincente. Me pergunto se uma remontagem do filme não poderia fazê-lo melhorar substancialmente. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O terceiro e último curta da noite foi “<em>Até a vista</em>” (18 min., de Jorge Furtado); trata-se do filme divertido entre os três curtas: leve, despretensioso, bem realizado, mas comum. Assistimos, nos agradamos, mas não somos marcados pela obra, que conta a história dum cineasta gaucho que viaja até a Argentina para comprar os direitos autorais de um livro dum escritor daquele país, para adaptá-lo para o cinema. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Antes da exibição do único longa em competição na noite houve uma relevante homenagem ao cineasta Fernando Meirelles a qual, entretanto, não merece maiores comentários (o ato fala por si). Eis que surge então o ponto alto da noite: o longa-metragem “<em>Jorge Mautner – o filho do Holocausto</em>” (93 min., de Heitor D’ Alincourt e Pedro Bial). O título é inspirado no livro de memórias do escritor, cineasta e músico Jorge Mautner (o título preciso do escrito é “<em>O filho do holocausto: Memórias, 1941 a 1958</em>”). E mais uma vez confesso minha ignorância, pois não conhecia a figura (extremamente relevante, aliás) de Mautner, grande lacuna que o Cine PE preencheu. O documentário merece todos os tipos de elogio, pois além de ter acertado em cheio ao homenagear Mautner ainda em vida (ele apareceu no palco do Cine PE ao lado dos diretores do filme durante a apresentação deste), conseguiu mesclar com excelência o aspecto informativo e a fluidez, não se tornando assim chato, monótono e/ou hermético. Pelo contrário: a imbricação entre conteúdo e entretenimento é perfeita. Os apontamentos de alguns trechos os quais julguei particularmente relevantes no documentário necessitam ser precedidos da seguinte ressalva: há muita coisa absolutamente relevante no filme que ficará de fora deste texto, seja por falha de minha memória, seja por seletividade. O primeiro aspecto que destaco é a assertiva de Mautner (quem possui origem judaico-européia, tendo nascido no Brasil em virtude da fuga de sua família do nazismo), segundo a qual ou o mundo se “brasilifica” ou se “nazifica”. Quando ele afirmou isso ao vivo, durante a apresentação do filme, sem o indispensável complemento da frase, tal assertiva causou-me certo mal-estar: não se trata (que fique aqui absolutamente claro!) de algum tipo de simpatia minha pelo nazismo (nem o fascismo eu suporto), mas antes de minha alergia crônica a toda visão romântica do Brasil como paraíso (o livro “<em>O mito fundador e a sociedade autoritária</em>” de Marilena Chauí possui informações relevantes acerca deste tema); ao me deparar com tal frase de Mautner (não sucedida por seu – repito – indispensável complemento), logo me veio a mente a romantização hipócrita da miscigenação brasileira perpetrada seja por Gilberto Freyre, seja por leitores incompetentes (e/ou mal intencionados) de sua obra. Mais uma vez cabe dissipar a possibilidade de mal entendidos: não sou contrário à miscigenação, mas aos estupros e outras formas abusivas que deram origem nos primeiros séculos de Brasil a esta tão exaltada (acriticamente) miscigenação. No filme, porém, a tal frase complementar dissipou inteiramente me mal-estar inicial, pois Mautner mencionava Jesus de Nazaré e o Candomblé, deixando assim absolutamente claro que sua exaltação da “brasilização” dizia respeito menos a mistura de sangue que a mistura de cultura (abrangendo assim um sentido mais amplo – e complexo – e menos arbitrário que a simples mistura sangüínea, ainda tão mal digerida entre nós na prática, apesar de na teoria ninguém ser racista no Brasil). </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Ainda sobre a questão do nazismo, um relato de Mautner sobre um avô (se não me falha a memória, apenas de criação, e não de sangue), que fora sempre muito gentil com ele (em contraste com a posição da avó – esposa deste senhor gentil – que sempre tratava mal o pequeno Mautner), mas que conservava aparatos nazistas em seu quarto, tornou clara a complexidade e ambigüidade das coisas, haja vista que mesmo persistindo fiel ao ideário nazista (isto no Brasil, após a derrocada do regime), o velho homem além de bom, era um artista de vanguarda (algo não tolerado naquele regime). Cabe salientar que tal complexidade/ambigüidade é mencionada explicitamente por Mautner (não se tratando, portanto, duma análise minha). </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Outro aspecto de extrema relevância no documentário é a exibição de trechos dum filme longa metragem (inacabado) intitulado “<em>O demiurgo</em>” (1970), dirigido por Mautner (que também nele atua, ao lado de Caetano Veloso, Gilberto Gil, entre outros). Trata-se da mais pura loucura, algo psicodélico-escrachado; o próprio Mautner o define como uma “chanchada filosófica”. Cabe salientar que Gil e Caetano aparecem em entrevistas no documentário falando sobre Mautner; também a filha deste (cujo nome Amora não diz respeito a fruta, mas ao feminino da palavra amor, como nos informa o filme) aparece, numa conversa face a face (divertidíssima, por sinal), relatando como a psicanálise a salvou duma existência muito mais atormentada, haja vista que seu pai (Mautner), a ia buscar na escola trajando nada mais que uma sunga (entre outras práticas nada convencionais). </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Não sei dizer que Mautner estudou filosofia academicamente, mas durante o documentário há menções à filosofia que demonstram não ser ela algo inteiramente desconhecido dele; aliás (quase esqueço de pôr isso neste texto), o modo original que ele encontrou de estimular sua filha a ler é bastante interessante (mas só saberá quem assistir ao documentário...). Cabe ainda salientar que intercaladamente com as entrevistas, há performances musicais recentes (especialmente gravadas para o documentário) de Mautner e sua banda, o que permite aos incultos como eu um contato direto com a obra do artista. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Em suma, filme imperdível, e que torna imperativa uma busca não só pela música, mas também pelos escritos de Mautner. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Alberto Bezerra de Abreu, abril/maio de 2012</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>Miradouro Cinematográficohttp://www.blogger.com/profile/07903931216347442007noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5438534101292804732.post-68915116960060255122012-04-24T00:28:00.001-03:002012-04-24T00:33:37.106-03:00Pina (parte I)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxmVlJNiRCnRUwsEE9w2khu-WxrpR7ZMaLSP29qOK8Be1kX7jaoCyy5s8KheQLSOgAg3pMMprqX1F1eNYmrW2fyMcIyat6H5Yk1akjm0PE1x7VcuNsjsR31guyrhEMhuuvdx_gGVR-bBc/s1600/ausch-mas-a-morte-da-coreografa-em-2009-pouco-antes-do-inicio-da-filmagem-mudou-o-tom-do-filme-que-acabou-se-tornando-um-tributo-a-1332533585493_956x500.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="208" oda="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxmVlJNiRCnRUwsEE9w2khu-WxrpR7ZMaLSP29qOK8Be1kX7jaoCyy5s8KheQLSOgAg3pMMprqX1F1eNYmrW2fyMcIyat6H5Yk1akjm0PE1x7VcuNsjsR31guyrhEMhuuvdx_gGVR-bBc/s400/ausch-mas-a-morte-da-coreografa-em-2009-pouco-antes-do-inicio-da-filmagem-mudou-o-tom-do-filme-que-acabou-se-tornando-um-tributo-a-1332533585493_956x500.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;"> “West end blues” (Louis Armstrong) </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYljrUDDZ0Zi079ubwTfmTW2yhhWqcL1ztWwcpoMhy7zGYBbGc6jpTMcaXpv_n3pQzmNntaFbdCKjt9cQJUrVxldlD8hXgEXNIimGUw7SIJ4_vqD4kMEjcLNxNf1AvWuvviMcnh1M7Aag/s1600/Pinab.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="248" oda="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYljrUDDZ0Zi079ubwTfmTW2yhhWqcL1ztWwcpoMhy7zGYBbGc6jpTMcaXpv_n3pQzmNntaFbdCKjt9cQJUrVxldlD8hXgEXNIimGUw7SIJ4_vqD4kMEjcLNxNf1AvWuvviMcnh1M7Aag/s400/Pinab.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;"> “A sagração da primavera” (Igor Stravinsky)</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkgbryfw1DQZG3-wwfgeNOXWzkKo0Lwo_PG3DOlui3n4IOvdsRMImTzEG6bB_Smz4AggWO1bowqml54eIjz600vi3k2aLtw9ag2K640juT6ajCxsHck9PM6SJ9n-BNZEjFDnt7NmxMsmA/s1600/Pina-por-Donata-Wenders.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" oda="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkgbryfw1DQZG3-wwfgeNOXWzkKo0Lwo_PG3DOlui3n4IOvdsRMImTzEG6bB_Smz4AggWO1bowqml54eIjz600vi3k2aLtw9ag2K640juT6ajCxsHck9PM6SJ9n-BNZEjFDnt7NmxMsmA/s400/Pina-por-Donata-Wenders.jpg" width="265" /></a></div>
<span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;"></span><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;"><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">“Tem coisas que nos deixam sem palavras. E tem coisas que as palavras não dão conta de dizer. É aí que entra a dança” (Pina Bausch)</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3ZvDKlp3S5gpMJ2MDx7L3nPlaiQpTjhq-hUXFWbTdAmE69LQHEwtLIok5AHshGunh7nK183z1gUZr2_hyLWvVCJ42RRPjIKp6kErxSEBnDoS-MPZRION1adysm2zBXAOQBlzqWNEheVs/s1600/pina_3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="252" oda="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3ZvDKlp3S5gpMJ2MDx7L3nPlaiQpTjhq-hUXFWbTdAmE69LQHEwtLIok5AHshGunh7nK183z1gUZr2_hyLWvVCJ42RRPjIKp6kErxSEBnDoS-MPZRION1adysm2zBXAOQBlzqWNEheVs/s400/pina_3.jpg" width="400" /></a></div>
<span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;"><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;"> “Dance, dance, dance. Senão estaremos perdidos” (Pina Bausch)</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBRg2PUYJ_DUWkbRCNspmJO4cT6yW0tsGhHy0lZELJQ4uIR4IA2m-UhqMKHZk_i8FQrmA8yychudRtBu9ulQ4bFg9wtbT9ouIRyaIq7yLOO9Bys8iIbfhlgFMJgEdxuf-kL-Fo5-52uCw/s1600/tumblr_lzk7pz9g171qf1q8uo1_1280.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="225" oda="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBRg2PUYJ_DUWkbRCNspmJO4cT6yW0tsGhHy0lZELJQ4uIR4IA2m-UhqMKHZk_i8FQrmA8yychudRtBu9ulQ4bFg9wtbT9ouIRyaIq7yLOO9Bys8iIbfhlgFMJgEdxuf-kL-Fo5-52uCw/s400/tumblr_lzk7pz9g171qf1q8uo1_1280.jpg" width="400" /></a></div>
<span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;"> Sua fragilidade é sua força (Pina Bausch)<br /><br /><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg225QRAbNuNdZeBVA1PnR1Nx31f4wY0j9CYXjI4y9ZoWnR1o39mkeI20an3uHZOdjwImZHoaO-AQ31t9B1AovZJJQt0QNiWAF0eHPMQMK68-1B980UL5z9GjYWRqfGmVG6teTCmtb0My0/s1600/Pina_3a.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="255" oda="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg225QRAbNuNdZeBVA1PnR1Nx31f4wY0j9CYXjI4y9ZoWnR1o39mkeI20an3uHZOdjwImZHoaO-AQ31t9B1AovZJJQt0QNiWAF0eHPMQMK68-1B980UL5z9GjYWRqfGmVG6teTCmtb0My0/s400/Pina_3a.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;"> Os detalhes são imprescindíveis </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgf_9drhW38AAQFceuTDbneGuN7jDtAf0tpgmx1sVBUG6pX3xH6bnsPh1wyJMcBdcsNsS954rhJXHJPkYBKFSjYoAuKBS6bSsDfbOiWXwepbNHjFd-kI5W8wW2Au4_uMSJi4lGfSj2bWRQ/s1600/foto22cul-201-pina-d4.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" oda="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgf_9drhW38AAQFceuTDbneGuN7jDtAf0tpgmx1sVBUG6pX3xH6bnsPh1wyJMcBdcsNsS954rhJXHJPkYBKFSjYoAuKBS6bSsDfbOiWXwepbNHjFd-kI5W8wW2Au4_uMSJi4lGfSj2bWRQ/s400/foto22cul-201-pina-d4.jpg" width="380" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;"> !? ...</span></div>
<br /><br /><br /><br /><br />Por Alberto Bezerra de Abreu, abril de 2012</span></span></span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;"></span></div>Miradouro Cinematográficohttp://www.blogger.com/profile/07903931216347442007noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5438534101292804732.post-75285218099729310022012-04-12T23:23:00.000-03:002012-04-12T23:29:35.884-03:00Raul – o início, o fim e o meio: um documentário completo, porém, não equilibrado<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggf4WF9mnWvXuguTK7vkYS4KyAf5kXnELYzCRAIpBcrUSes2Z2SqDlnGwu8WPvKQdyktVqMJOBikBqswdwVtVkPApfyu2fRXbDRWvRPcZAVhYcJUhovTNM0LrFzukLSJW008PYNXnh1_w/s1600/site_oficial.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="315" qda="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggf4WF9mnWvXuguTK7vkYS4KyAf5kXnELYzCRAIpBcrUSes2Z2SqDlnGwu8WPvKQdyktVqMJOBikBqswdwVtVkPApfyu2fRXbDRWvRPcZAVhYcJUhovTNM0LrFzukLSJW008PYNXnh1_w/s400/site_oficial.jpg" width="400" /></a></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifl3iS0cB8kUuQ06H240OPmnGTvn0wrn08p5mOi2PNl1pjQ-ZINddmEF9gEp0g4Jvq_g5fbDPJnoCd_qiCfi9uUe7oXfbVQJPSArquT4Qc0tKP4fFFfA-owsBacKVL8TtV5BNhQERr9k8/s1600/Raul_3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" qda="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifl3iS0cB8kUuQ06H240OPmnGTvn0wrn08p5mOi2PNl1pjQ-ZINddmEF9gEp0g4Jvq_g5fbDPJnoCd_qiCfi9uUe7oXfbVQJPSArquT4Qc0tKP4fFFfA-owsBacKVL8TtV5BNhQERr9k8/s320/Raul_3.jpg" width="288" /></a></div>
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Antes de adentrar propriamente no filme “Raul – o início, o fim e o meio” (2012, Brasil, dirigido por Walter Carvalho), faz-se necessário tecer um breve comentário sobre sua divulgação: vi muito pouca propaganda dele na mídia e mesmo assim me surpreendi com a tímida presença da obra nos cinemas de Recife, haja vista a imensa popularidade de Raul Seixas, a qual não se restringe a uma determinada região (como no caso de Luiz Gonzaga) ou a uma determinada classe social (como – ao menos assim me parece – acontece com Chico Buarque); em termos mais explícitos: Raul foi deveras popular em todo Brasil (ou pelo menos em muitos locais do país) e entre diversas classes sociais, o que torna, a princípio, bastante estranha ausência de uma forte propaganda divulgadora do filme. Contudo, não me foi necessário pensar muito para chegar a uma resposta para tal descaso: penso dever-se ele ao fato de o filme tratar-se dum documentário, gênero cinematográfico não muito popular/rentável no Brasil. Tome-se como exemplo o renomado cineasta paulista Eduardo Coutinho, referência no âmbito dos documentários cinematográficos, mas ignorado pelo grande público. Igualmente servem de exemplos os filmes não documentários “Cazuza – o tempo não para” (2004, Brasil, dirigido por Sandra Werneck e – justamente – Walter Carvalho) e “Dois filhos de Francisco” (2005, Brasil, dirigido por Breno Silveira), ambos bastante divulgados pela mídia hegemônica. </div>
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No que concerne à temática do filme, não há como começar a presente exposição sem mencionar o fato central (que nomeia o presente texto): trata-se dum documentário completo. Ao optar por não se centrar numa época específica da vida de Raul, mas em toda ela, o cineasta pretende uma abordagem total de figura de Raul Seixas: artista, homem e mito. A exposição se inicia mostrando imagens de Raulzito ainda (pré)adolescente, de gola levantada e topete, imitando seu ídolo (não só de juventude), Elvis Presley, e já naquele tempo bebendo e fumando. Neste início de filme são expostos alguns depoimentos interessantes de Waldir Serrão, amigo de juventude, que mostra o local onde se reunia o “Elvis rock club”, o modo peculiar como os jovens fãs baianos de Presley se cumprimentavam, entre outros aspectos curiosos. A ênfase no caráter de rebeldia que o rock representava para os jovens da época (ainda mais no nordeste, onde o novo estilo musical ainda não havia se popularizado) é central para uma melhor compreensão da figura de Raul e é expresso a contento no filme.</div>
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No que concerne ao início da carreira musical de Raulzito, são apresentados depoimentos de produtores, tratando desde o disco “Raulzito e os Panteras” (1968) e “Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10” (1971), até seu disco de estréia em carreira solo, “Krig-há, Bandolo!” (1973), contendo clássicos como “Mosca na sopa”, “Al Capone”, “Metamorfose ambulante” e “Ouro de tolo” (esta última sendo bastante elogiada por Caetano Veloso, que inclusive interpreta um trecho dela em voz e violão). </div>
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Numa passagem que adquiriu um significado mais abrangente para mim através do filme, alguém menciona a inovação de Raul ao misturar rock com baião em “let me sing, let me sing”. Ora, embora já houvesse atinado para tal fusão eu ignorava ter sido precursora, como é apontado no documentário. A menção ao fato (por mim já sabido) de que no Brasil houve até passeata contra o uso da guitarra elétrica (convém salientar que embora o termo “guitarra elétrica” seja redundante no Brasil, ele não o é noutros países), bem como o apontamento em dois momentos do filme (se não me engano, um deles provindo do próprio Raul), de que Raulzito era fã de Luiz Gonzaga levaram-me a perceber um aspecto complementar desta fusão de rock e baião: tratou-se igualmente da fusão de dois reis: Elvis Presley e Gonzagão. </div>
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Outro entrevistado que merece destaque é Sylvio Passos, fundador do Raul Seixas Oficial Fã-Clube (1981) e amigo de Raultizo, tendo recebido do próprio grande quantidade de gravações não lançadas em disco. Também as várias esposas de Raul aparecem no documentário, exceção feita à primeira (Edith Wisner), de quem é lida uma pequena carta onde ela justifica sua opção por não conceder entrevista; as demais companheiras do “maluco beleza” (Glória Vaquer; Tania Mena Barreto; Kika Seixas e Lena Coutinho) fornecem depoimentos importantes e elucidativos (em minha opinião, sobretudo as duas últimas). Também a empregada/governanta de Raul na época de seu falecimento é ouvida, mas ao proferir afirmações como a de que nunca viu o cantor embriagado parecem demasiado forçadas. Kika menciona episódios em que Raulzito bebia, vomitava, bebia novamente, este processo de repetindo inúmeras vezes até que ele conseguisse reter algum álcool no corpo. Outra pessoa (Lena, se não me engano) fala de uma ocasião em que o músico estava todo vomitado no quarto e de como achava necessário ele passar por isso, chegar ao fundo do posso para querer sair. Kika afirmou que Raul tentou parar várias vezes, mas não conseguiu, tendo chegado a ser internado contra sua vontade numa clínica de reabilitação. </div>
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O escritor Paulo Coelho, mais famoso parceiro de Raul nas composições (letras) também aparece no filme; numa de suas afirmações, menciona duas músicas de Raul que gostaria de ter composto com ele: “Maluco beleza” e “Metamorfose ambulante” (surpreendentemente não menciona “Ouro de tolo”, também composta só por Raulzito). O documentário tematiza a aproximação de ambos (foi Raul que procurou Paulo), bem como a insistência daquele para que este compusesse com ele (haja vista que Paulo não só não sabia compor letras – como ele mesmo afirma –, mas inclusive desprezava este caráter mainstrem da música, optando por um viés alternativo, sendo justamente a possibilidade de divulgar a mensagem da “Sociedade Alternativa” para grande número de pessoas o que o convenceu a adentrar neste meio). Neste sentido, aponta-se a influência “mística” que Paulo exerceu sobre Raul que, até então era “meio ateu” (não lembro quem proferiu essa frase, mas recordo ter me pego pensando no cinema: como pode ser alguém “meio ateu”?). O cineasta entrevista um líder do grupo (inspirado em Alester Crowley) do qual Paulo e Raul fizeram parte; numa assertiva deveras interessante, o ancião esclarece que a palavra “demônio” foi deturpada pelo cristianismo, e que Sócrates possuía o seu próprio demônio (mais precisamente, trata-se do termo “daimon”, cujo sentido é divindade, espírito ou gênio, que pode expressar o bem ou o mal, ao contrário do maniqueísmo cristão). É mostrado ainda um depoimento de Raul acerca do que seria o “satanismo” por ele defendido (por exemplo, na música “Rock do diabo”), o qual nada tem a ver com uma ideologia maléfica e destrutiva, mas simplesmente com uma afirmação da liberdade criativa das pessoas (embora o documentário não aponte este fato, parece-me nítida a inspiração que a crítica de Nietzsche ao cristianismo exerceu em Raul). Por outro lado é mostrada uma cena em que ocorre sacrifícios de animais (pareceu-me real, mas não tenho certeza; e vi apenas um dos barbudos, sem conseguir identificar se era Raul ou Paulo, embora a cena tenha sido rápida e talvez ambos estivessem ali). Paulo afirma que eles cometeram excessos e que todos pagaram por isso. Nelson Motta, ao tratar do convite de Raul (e insistência, ante a recusa de Paulo) para comporem letras juntos, afirma que Paulo, num raro momento de humildade/modéstia, confessara que não sabia escrever letras. A afirmação de Motta é importante, pois, para quem presta atenção em detalhes fica patente a grande vaidade de Paulo Coelho. Este menciona inclusive que ele e Raul tiveram vários desentendimentos, tendo chegado provavelmente (ele não tem certeza!) a trocarem sopapos pelo menos uma vez. Define a relação entre ambos como um casamento sem sexo, mas o (excelente) registro do último encontro entre eles (após muitos anos), realizado em pleno palco, durante a turnê de Raul com Marcelo Nova (sendo este quem combinou tudo com Paulo, sem que Raul soubesse), mostra como a admiração, respeito e quiçá carinho entre ambos não se dissipou, apesar dos desentendimentos, originados principalmente por uma rivalidade entre eles. </div>
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Outros dois momentos de Paulo Coelho que merecem destaque no documentário são aquele em que uma mosca atrapalha sua fala (trata-se duma clara alusão à música “Mosca na sopa”, música, aliás, composta apenas por Raul), sugerindo-se que a mosca seria (literalmente Raul). Caso aquilo tenha ocorrido espontaneamente, certamente consistiu em algo deveras significativo, mas, por algum motivo que não saberia explicar, a cena me pareceu planejada, montada, para não dizer forjada. O outro momento consiste na declaração de Paulo, segundo a qual foi ele quem apresentou todas as drogas ao careta Raul, que então só bebia e fumava. Porém, Coelho refuta qualquer responsabilidade pelo desfecho final de Raulzito, haja vista que este já tinha por volta de 27 anos quando foi iniciado no mundo das drogas ilícitas. </div>
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Uma parte do filme extremamente significativa para mim foi aquele em que alguém (que não lembro) mencionou os plágios de Raul; para quem não sabe, o músico freqüentemente se apropriava de músicas estrangeiras, compondo letra nova para pôr nelas, sem que isto fosse creditado como aquilo que no Brasil se conhece como “versão”. Segundo este entrevistado, Raulzito justificava tal procedimento alegando que já éramos por demais colonizados e que seu empreendimento consistia numa espécie de expropriação. A importância fundamental de tal declaração reside no fato de que Raul não era um oportunista barato como cheguei a pensar logo que soube destes “plágios”, mas que seu intento era crítico-anárquico (muito bem sacada foi a execução de trecho da música anti-colonialista “Aluga-se” neste trecho do documentário, pois sua letra bem expressa a opinião de Raulzito acerca da exploração que o Brasil sofre enquanto país periférico). </div>
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Outro aspecto importante abordado no filme concerne à relação entre Raul e Marcelo Nova; este foi responsável pelo ressurgimento artístico de Raulzito (seu ídolo), através de uma turnê (de ambos) que teve 50 shows e resultou na gravação do disco “A panela do diabo”. O fato é que muitos acusam Marcelo Nova de ter se aproveitado de Raul, mas em depoimentos realmente significativos, ninguém menos que Caetano Veloso (também baiano), afirma não ter notado nenhuma espécie de oportunismo, pelo contrário, percebeu foi a grande reverência de Marcelo Nova para com Raulzito, bem como a sinceridade de suas boas intenções. Assim também me pareceu. Além disso, Raul não era de modo algum ingênuo. </div>
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Após ter apontado os momentos do filme que considerei mais significativos, mencionarei pontualmente alguns outros momentos interessantes: o primeiro deles trata-se da homenagem que Raul faz para Glauber Rocha durante um de seus shows; o filme não contextualiza este momento, mas suponho que tal menção de Raul ao cineasta (baiano como ele) tenha se dado quando este morreu. A breve aparição de Tom Zé, cantando a cômica música “A chegada de Raul Seixas e Lampião no FMI” também merece ser mencionada. Quanto ao depoimento do jornalista (e projeto precário de poeta) Pedro Bial, cabe dizer que (para variar), nada de relevante acrescenta. Também me surpreendi em ver a figura do produtor André Midani entre os depoentes, haja vista que numa de suas músicas Raul dá uma alfinetada nela, citando literalmente seu nome. Deve ter sido um desentendimento momentâneo. Por fim, me impressionei ao ver como o neto pré-adolescente de Raul é parecido com ele em sua juventude (cabe salientar que Raulzito só teve filhas). </div>
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Em suma, o documentário sobre Raul Seixas é completo, pois trata de todos os aspectos relevantes de sua vida, contornando assim o perigo da pretensão de totalidade, haja vista de que nenhum aspecto fundamental é omitido. Por outro lado, trata-se duma obra que não possui equilíbrio, pois todos os depoimentos são inteiramente favoráveis ao personagem do documentário, tendo como única exceção uma certa alfinetada de Paulo Coelho, onde este afirma que a história do exílio de Raul não foi bem como este contou (e Coelho diz inclusive que se a equipe do filme investigar, constatará o que ele afirmou); no entanto (e aqui há uma omissão do cineasta em se aprofundar no tema), pouco se fala dos problemas de Raul com a ditadura; a única fala acerca do tema além da de Paulo Coelho advém da mãe de Raulzito, que afirma ter ele chegado em casa com as costas ensangüentadas; ainda segundo ela, enquanto lavava as costas do filho, este disse para ela ser rápida, pois havia dois homens na porta do apartamento esperando por ele (trata-se do exílio supostamente forçado). Em sua fala, Paulo afirma que ele é que foi preso (se levarmos em conta o fato de que pessoas famosas possuíam um relativo “escudo”, pois qualquer fato que lhes acontecesse teria grande repercussão, somado ao fato de que Paulo Coelho não era famoso como Raul, seu relato parece verossímil). De qualquer forma, não se trata aqui de um desejo meu de condenação da figura de Raulzito, até porque simpatizo com ele. Trata-se apenas de chamar atenção para o fato de que o culto exacerbado de sua figura contraria as próprias crenças do artista (ao menos assim me parece). Não acho que o filme tenha exagerado neste aspecto, inclusive considero sábia a decisão de não se ter estendido muito as cenas do velório de Raul, bem como o registro de uma das homenagens que todo ano são feitas a ele (se não me engano, na Avenida Paulista, em São Paulo). De qualquer forma, esta pequena ressalva não tira o brilho do filme, que é informativo, divertido, fluído (não é cansativo, como por vezes é o ótimo documentário de Wim Wenders sobre a banda Buena Vista Social Club, ao qual assisti recentemente), constituindo uma ótima pedida tanto para os fãs do “maluco beleza” como para aqueles que, não o conhecendo bem, intentam fazê-lo.</div>
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Ps. Dedico esta postagem a meu amigo (e colaborador deste blog) Pedro Tenório, cujo convite me levou a assistir ao filme aqui resenhado. </div>
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Alberto Bezerra de Abreu, 09-12/04/2012</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmovrMVLpuAGq5SClAUaozTGXyNTX6H7YG6OQTzBGnLUZQT52aiLgls8MlFYywniP5gOTLdip9ZPFfiJXfMLfIC47-l3sW0e4RC7VbVQbvnRbwBMLgIxUfT39PT4nrFd73ovBEf-Sg8tY/s1600/Filmow.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="425" lda="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmovrMVLpuAGq5SClAUaozTGXyNTX6H7YG6OQTzBGnLUZQT52aiLgls8MlFYywniP5gOTLdip9ZPFfiJXfMLfIC47-l3sW0e4RC7VbVQbvnRbwBMLgIxUfT39PT4nrFd73ovBEf-Sg8tY/s640/Filmow.png" width="640" /></a></div>
Página inicial do(a) Filmow<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlPuZzgEocVvi9dkMi8rMpe4W8XffckiN7xtJFpJ0vkFrC5U2iPJUJeUojTxxSoxK7Qtvjrew-MheUKr0dlb2rIkw02CrSeVR50Uy9zS0UJcUcIyggRKimzl79ARlzUe6x7MUErVRffNk/s1600/med-filmow.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="427" lda="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlPuZzgEocVvi9dkMi8rMpe4W8XffckiN7xtJFpJ0vkFrC5U2iPJUJeUojTxxSoxK7Qtvjrew-MheUKr0dlb2rIkw02CrSeVR50Uy9zS0UJcUcIyggRKimzl79ARlzUe6x7MUErVRffNk/s640/med-filmow.png" width="640" /></a></div>
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Página de um filme</div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">“Redes sociais” são espaços virtuais nos quais os usuários da Internet (rede mundial de computadores) criam perfis para interagirem entre si. No Brasil, durante muito tempo a rede social mais famosa foi o Orkut (aliás, os brasileiros chegaram a se tornar os principais usuários de tal espaço virtual no mundo inteiro); nos últimos tempos, porém, a febre “tupiniquim” chama-se Face Book (embora muitos dos que a ele aderiram não deletaram (apagaram) seus perfis no Orkut, apesar de terem-no deixado em segundo plano). </span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A popularidade das tais redes sociais foi/é mundial (excetuando-se os locais – remotos, penso eu – nos quais a Internet não é viabilizada), a ponto de em 2010 ter sido lançado um filme intitulado justamente “<em>A rede social</em>” (dirigido por David Fincher de “<em>Clube da luta</em>” e do atualmente em cartaz “<em>Millenium – os homens que não amavam as mulheres</em>”), o qual foi inclusive indicado ao Oscar em mais de uma categoria, foi elogiado pela crítica e fez boa bilheteria (em suma, destacou-se positivamente em várias frentes). </span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Quem costuma acessar este blog com freqüência já deve estar familiarizado ao meu padrão de escrita que sempre começa com uma introdução contextualizadora (por vezes demasiado extensa) e deve estar achando que a presente introdução se refere ao acima mencionado “A rede social”: ledo engano; na verdade eu ainda nem assisti este filme, mesmo sendo fã de Fincher (e apesar de ter me interessado, também não assisti ainda “Millenium”...). Antes que os mais afoitos principiem uma crise de ansiedade (apenas – evidentemente –, no caso de não terem lido o título deste texto) adentrarei no tema central desta postagem: trata-se da rede social chamada Filmow, dedicada aos cinéfilos. A descobri através de minha amiga Isabele “solipsista Tinuviel” Santos, embora tenha demorado muito tempo até aderir (meu perfil, evidentemente, tem um tanto de fake – em termos fora do “internetês significa que não uso meu nome ou foto –, de modo que se virem alguns perfil comum de minha pessoa, estejam certos que não sou eu, como ocorre no Face Book – não é mesmo, Sr. Aécio? ¬¬). </span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Tentando deixar minhas recorrentes delongas de lado e enveredar pelo aspecto objetivo da coisa, cabe apontar as características (objetivas, não custa repetir) do Filmow: seu diferencial em relação às demais redes sociais consiste na possibilidade de selecionar filmes cadastrados (e os não cadastrados podem sê-lo pelos usuários) e marcá-los como “já vi” (e neste caso é possível pôr o/s filme/s entre os favoritos); “não quero ver”; “quero ver”, atribuir nota (de uma a cinco estrelas) a eles; marcar ídolos, postar imagens e trocar recados com outros usuários; na realidade a Filmow (construída por dois brasileiros) se inspirou numa rede social dedicada à literatura chamada Skoob (suponho que pouco popular no Brasil, pois nunca ouvira falar dela, além de que brasileiro não lê hehehe), de modo que, a aqui apontada inovação do Filmow se refere apenas às redes sociais mais famosas no país (Orkut, Face Book, e Twitter, embora não esteja certo se este último pode ser chamado de rede social). </span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Outro aspecto interessante do Filmow consiste no fato dele contemplar também curtas metragem e seriados de TV. Além disso, como existe uma espécie de perfil de cada filme (informando nome, ano de produção, diretor, roteirista, atores, entre outras informações), podemos constatar qual o verdadeiro título em português, pois livros como “<em>1001 filmes para ver antes de morrer</em>” por vezes apresentam títulos em português que não são os verdadeiros (por exemplo, ao não encontrar o filme apresentado no livro com o título em português “<em>Jogo mortal</em>” [1972, dirigido por Joseph L. Mankiewicz], pesquisei pelo título original [“<em>Sleuth</em>”] e o encontrei com o título “<em>Trama diabólica</em>”) ou o título em português, quando um filme é mencionado apenas com o título original estrangeiro mas há tradução para o português brasileiro (caso do filme “<em>Le chagrin et la pitié</em>” [Marcel Ophüls, 1971], apresentado no livro acima mencionado apenas com o título original mas que ganhou a tradução nacional cujo título ficou sendo “<em>A tristeza e a piedade</em>”). </span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Por fim, cabe apontar algumas críticas: em primeiro lugar, achei as propagandas demasiado invasivas; tudo bem que no Orkut também as tem, mas neste achei-as mais discretas. Mas o pior é o perfil algo puritano do Filmow, pois se a mensagem “pôster indisponível” que aparece no lugar do cartaz de alguns filmes é – em minha opinião – aceitável, o mesmo não se pode dizer da ridícula mensagem “pôster impróprio” que substitui o cartaz de alguns outros filmes (e não são exatamente poucos, cabendo salientar não tratar-se aqui de nenhum filme pornô – pelo menos não aqueles aos quais aqui me refiro –, por exemplo, a versão de “<em>O decameron</em>” de Boccaccio, dirigido por Pier Paolo Pasolini, que é classificado no próprio Filmow como sendo comédia, romance!). </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Em suma, sou da opinião de que o Filmow é uma ferramenta deveras interessante para cinéfilos e quiçá para aqueles que, mesmo não considerando-se sê-lo, são, de alguma forma cativados de maneira especial pela chamada sétima arte.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Dedico esta postagem a Isabele “solipsista Tinuviel” Santos, a “culpada” pela minha adesão ao Filmow. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Alberto Bezerra de Abreu, redigido durante o recluso carnaval de 2012, ao som do ventilador </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>Miradouro Cinematográficohttp://www.blogger.com/profile/07903931216347442007noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-5438534101292804732.post-29217328623667049432012-01-29T23:59:00.000-03:002012-02-25T01:37:34.378-03:00Theo Angelopoulos (1936-2012)<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiltZmnba9HCET_bkjVN3qGF4-Yj9Wpi7uyhFDEDxX2G_cLu5N1soHj3aggB0oe1l2m8beNIt749wOI8a-_7L1hSZcefeJSQWb72brMzUGK6xgGrwdhEMazhajTAxnwx4KfEz37Pl1jjBE/s1600/Theo_ANGELOPOULOS_1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" gda="true" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiltZmnba9HCET_bkjVN3qGF4-Yj9Wpi7uyhFDEDxX2G_cLu5N1soHj3aggB0oe1l2m8beNIt749wOI8a-_7L1hSZcefeJSQWb72brMzUGK6xgGrwdhEMazhajTAxnwx4KfEz37Pl1jjBE/s400/Theo_ANGELOPOULOS_1.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Theo Angelopoulos</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEge14Hltk5yXqbdA7ObaKDcBDBSPcrMlHaAjl8xujJl3WbHl91SzVhkJhZ5wM9o3nXIWupWmqeFSPU5WYEkTESUSsBXvnd1ISVfWi0gYOT9yEqJ0vBeWk30UEgEvKn3O0h929BZU0pacUA/s1600/21857385_4.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" gda="true" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEge14Hltk5yXqbdA7ObaKDcBDBSPcrMlHaAjl8xujJl3WbHl91SzVhkJhZ5wM9o3nXIWupWmqeFSPU5WYEkTESUSsBXvnd1ISVfWi0gYOT9yEqJ0vBeWk30UEgEvKn3O0h929BZU0pacUA/s400/21857385_4.jpg" width="400" /></a></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><em> </em></span><span style="font-family: inherit;"> "Paisagem na neblina" </span><br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><em>a) Aspecto objetivo</em></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Na semana passada (mais precisamente, dia 24/01/2012) faleceu aos 76 anos o cineasta grego Theodoros Angelopoulos, atropelado por uma motocicleta (há certa ironia trágica no fato de em seu filme “<em>Paisagem na neblina</em>” um dos personagens possuir uma moto na qual aparece em diversas cenas transportando o casal de protagonistas infantis do filme). O diretor se encontrava ainda em atividade, inclusive preparando-se para filmar uma obra sobre a crise político-econômica que a Grécia enfrenta nos últimos anos. Angelopoulos tornou-se o cineasta grego mais reconhecido do país, alcançando sucesso internacional com o filme “A viagem dos comediantes” (1975); com “<em>A eternidade e um dia</em>” (1998), conquistou a Palma de Ouro em Cannes. De acordo com o verbete que leva seu nome da Wikipédia: </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">“<em>Seus filmes são conhecidos pelas longas cenas sem cortes (plano-sequência), pelo silêncio, alegorias e referências mitológicas, além da temática que percorre os caminhos da melancolia na civilização moderna - de maneira mais específica em duas fases: a primeira mais marxista-brechtiana, e a segunda, a partir de "Viagem a Citera", com abordagens mais emocionais e subjetivas</em>” </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">(http://pt.wikipedia.org/wiki/Theo_Angelopoulos)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><em>b) Aspecto subjetivo </em></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Não sei ao certo se a primeira vez que ouvi falar em Angelopoulos foi quando minha mãe comprou (sabe-se lá o motivo, já que ela não conhecia o cineasta, ao contrário de Bergman, por exemplo) o DVD “<em>Paisagem na neblina</em>” ou se foi através do livro “<em>1001 filmes para ver antes de morrer</em>” (2008), adquirido por ele em 2009 ou 2010. Na realidade isto pouco importa, pois se primeiro veio o DVD, foi por causa dele que me interessei pela resenha do filme, e se veio primeiro o livro, foi por causa deste que me interessei pelo filme. Não se faz necessária demasiada inteligência/sensibilidade para perceber (olhando-se a capa, lendo-se a sinopse, bem como a resenha do filme no livro citado) que “<em>Paisagem na neblina</em>” (1988) é um filme belo e profundo, porém, lento. Como tal tipo exige maior disposição, acabei não assistindo-o até ontem (evidentemente o falecimento do cineasta me impeliu a isto, pois não gostaria de dedicar-lhe uma postagem sem ter visto sequer um filme seu). Não cabe aqui tratar do filme acima citado, pois ele merece um texto específico; limito-me então a dizer que gostei bastante dele e que, a impressão acima mencionada foi correta: o filme é lento e pode tornar-se extremamente cansativo para quem não tiver alguma familiaridade com o padrão narrativo desacelerado de muitos dos filmes autorais europeus. Cabe ainda salientar que a citação da Wikipédia acima utilizada parece ser perfeitamente verossímil. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">No que concerne às influências de Angelopoulos, no fórum de discussão/página de comentários do filme “<em>Paisagem na neblina</em>” na rede social de filmes e seriados Filmow (falarei desta em alguma postagem posterior), mais de uma pessoa aponta Andrei Tarkovski com influenciador do cineasta grego, o que não me parece absurdo; na resenha deste mesmo filme no já mencionado livro “<em>1001 filmes para ver antes de morrer</em>”, afirma-se que Roberto Rossellini (no que concerne a fragmentação do pós-guerra) e Chantal Akerman (no aspecto paisagístico) constituem os dois pólos entre os quais se situa “Paisagem na neblina”. Pessoalmente, ao assistir o filme, lembrei-me (por conta das paisagens) de “<em>Deserto Vermelho</em>” de Michelangelo Antonioni e de “<em>O homem de mármore</em>” de Adrzej Wajda. Acabou de me ocorrer que talvez o “<em>Não matarás</em>” e o “<em>A liberdade é branca</em>” (na parte passada na Polônia) de Krysztof Kieslowski também possuem similaridades paisagísticas com tal filme de Angelopoulos. Tratam-se todos de cineastas europeus mais ou menos contemporâneos uns aos outros, todos fortemente influenciados pelo contexto pós Segunda Guerra Mundial (e alguns pelo próprio conflito, como Rossellini e Wajda), de modo que vejo aspectos comuns entre eles, embora alguns sejam mais subjetivos, outros mais políticos (não sendo, entretanto, de modo algum tais enfoques auto-excludentes, ao contrário). </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Mais difícil para mim de interpretar é a declaração de Angelopoulos de que Orson Welles (de quem muito já ouvi falar, mas cuja obra conheço pouquíssimo) e Kenji Mizoguchi (que até o presente momento é-me um ilustre desconhecido) sejam suas influências primárias. Tal declaração é mencionada no livro (mais uma vez ele) “<em>1001 livros para ver antes de morrer</em>”, desta vez na resenha do filme “<em>A viagem dos comediantes</em>”. Talvez tais influências sejam mais fortes nas obras da suposta primeira fase, mas isto não passa de vaga especulação. Faz-se necessário debruçar-me sobre os filmes do cineasta para poder escrever sobre ele com maior propriedade. Fica aqui minha homenagem a ele, bem como a lamentação pela perda de mais um cineasta “classe A”, bem como a indicação do filme “<em>Paisagem na neblina</em>”. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Alberto Bezerra de Abreu, 29/01/2011, (redigido ao som de João Gilberto e Paulinho da Viola=)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Ps. eis um texto interessante sobre Angelopoulos:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><a href="http://oglobo.globo.com/cultura/angelopoulos-a-morte-de-um-cineasta-essencialmente-grego-3758470" target="_blank">http://oglobo.globo.com/cultura/angelopoulos-a-morte-de-um-cineasta-essencialmente-grego-3758470</a></span></div>
<br />Miradouro Cinematográficohttp://www.blogger.com/profile/07903931216347442007noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5438534101292804732.post-28639974428325215642012-01-28T23:27:00.001-03:002012-02-25T01:38:35.783-03:00La malédiction de L’Apollonide<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgc4hop4U7lJ0HcUajzCtYJ_7zFo3W-jUDGhJo5mLdpJcIPT9dlhkezmI2D6TvMoLtUFCwoep47iRlwXjgau9AaTQi-nVGez1umK75hdPRTovJIGHBgDd6g3J_JeXJETt_M-ZLlR50ICzM/s1600/cartaz.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" gda="true" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgc4hop4U7lJ0HcUajzCtYJ_7zFo3W-jUDGhJo5mLdpJcIPT9dlhkezmI2D6TvMoLtUFCwoep47iRlwXjgau9AaTQi-nVGez1umK75hdPRTovJIGHBgDd6g3J_JeXJETt_M-ZLlR50ICzM/s400/cartaz.jpg" width="298" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Imagem 1 - Cartaz do filme</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEht8ISlwlRdlRiehKljF-sD1ZQv04mlczEs0y9uNY5Wf2dwV2ijLn-6zd9YMLjN6KS5sO3-kTWETmdiobZSMJiXKnN3PDaFuzNGktigVQGcAwgpnTyrgdWPzbUIpT35L8jDOrEKlD5OaNY/s1600/bonelloapollonide.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" gda="true" height="252" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEht8ISlwlRdlRiehKljF-sD1ZQv04mlczEs0y9uNY5Wf2dwV2ijLn-6zd9YMLjN6KS5sO3-kTWETmdiobZSMJiXKnN3PDaFuzNGktigVQGcAwgpnTyrgdWPzbUIpT35L8jDOrEKlD5OaNY/s400/bonelloapollonide.jpg" width="400" /></a></div>
Imagem 2 - foto do folder<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibpFT3lHb2jLgzyTGDRz_OgINFrnUk7ihrRxC1AYmiSbqsZKxuILz1BGDm4__fa0SSZI3MfN5ohyphenhyphenZtwJ35A8x003JDpInLDJIMMqmAlEzDSug69qkGSVC5boIuU-Eb5BAT-eP8iElL0uY/s1600/lapollonide1-PANf.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" gda="true" height="256" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibpFT3lHb2jLgzyTGDRz_OgINFrnUk7ihrRxC1AYmiSbqsZKxuILz1BGDm4__fa0SSZI3MfN5ohyphenhyphenZtwJ35A8x003JDpInLDJIMMqmAlEzDSug69qkGSVC5boIuU-Eb5BAT-eP8iElL0uY/s400/lapollonide1-PANf.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
Imagem 3 - foto do site</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Em dezembro de 2011 realizou-se no cinema da Fundação Joaquim Nabuco o festival Expectativa 2012/retrospectiva 2011 (evento que abordarei posteriormente); um dos filmes previstos para e exibição era o francês “L’Apollonide – os amores da casa de tolerância”; como nunca ouvira falar deste, devo confessar que inicialmente meu interesse de deteve em filmes mais famosos que não pude ver antes, como “A árvore da vida” (Terrence Malick), “Meia-noite em Paris” (Woody Allen) e “A pele que habito” (Pedro Almodóvar); contudo, bastou que eu visse o cartaz de “L’Apollonide” no cinema citado para que meu interesse pelo filme fosse imediata e fortemente despertado. Não há espaço aqui para eufemismo, muito menos para hipocrisia: o fator central para tamanha atração foi sexual, pois o corpo feminino exibido (sem nudez, mas com muita sensualidade) no cartaz é realmente belo (vide imagem nº 1). </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Por sua vez, no folder do evento as informações de alguns dos filmes a serem exibidos eram acompanhados por imagem e “L’Apollonide” foi um dos contemplados; na imagem em questão aparece um grupo de mulheres, todas de topless (vide imagem nº 2), o que só aguçou minha curiosidade pela obra. Cabe aqui, porém, salientar que, embora a motivação sexual tenha sido a principal não foi ela a única que me moveu: a dinâmica dum prostíbulo francês aparentemente chique parece-me um enredo interessante, até porque não pensei que tal história constituísse mera desculpa para exibir a nudez de belos corpos femininos. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Pois bem, quando enfim fui assistir a tal filme eis que o rapaz da bilheteria me informa que houve mudança no filme que seria exibido: “L’Apollonide” não mais seria exibido no festival devido a problemas técnicos (não especificados). Em seu lugar foi exibido o filme “O último dançarino de Mao” (o qual acabei assistindo e gostando) e na segunda sessão prevista do filme francês (já num outro dia) foi exibido “O garoto da bicicleta”. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Passaram-se então as festas de fim de ano e a quase totalidade do mês de janeiro do ano seguinte (2012), e eis que num sábado, vejo “L’Apollonide” na programação do Cinema da Fundação através dum jornal. A primeira sessão seria as 16h e a segunda 20:10; a da tarde me atraiu mais, mas decidi não ir para ouvir no rádio o jogo do meu querido Santa Cruz; no entanto, informei-me que o jogo do santinha não seria às 16h como ocorre no domingo, mas às 18h, de modo que levei meu radinho de pilha para acompanhar a partida ao sair do cinema. Cabe salientar que no site do cinema (que consultei para confirmar o horário, tendo em vista que jornais não são confiáveis) vi a terceira imagem interessante do filme, desta vez sem tanta sensualidade, mas esbanjando requinte (vide imagem nº 3), o que não significa que as imagens anteriores também não fossem de notório bom gosto (sensualidade não vulgar, apelativa). </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Filme iniciado e nada de som nos diálogos, porém tanto eu quanto um amigo que encontrei por acaso pensamos que poderia advir isto de as primeiras falas serem sussurradas (vai saber); entretanto a ausência de som persistiu e o filme foi interrompido para que se procurasse sanar o problema; passados alguns minutos (entre cinco e dez), fomos informados de que o problema estaria presente em todas as cópias distribuídas do filme (se bem entendi, no Brasil inteiro) e de que não seria possível a exibição daquela sessão, quiçá apenas a da noite, ou seja, foi a segunda vez que fui ao mencionado cinema para ver tal filme e fiquei a ver navios. Será acaso? Azar? Intervenção puritana estadunidense? (recentemente tiraram do ar o site de compartilhamento de arquivos Megaupload). Sabotagem proposital dos próprios produtores do filme com intuito de deixar o público inteiramente louco de curiosidade, interesse ou – talvez este seja o termo mais apropriado – desejo pelo filme? Não sei, só sei que certamente estarei lá numa das próximas sessões previstas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Ps. O santinha perdeu =/ </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Alberto Bezerra de Abreu, 28/01/2012 (redigido ao som do ventilador). </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>Miradouro Cinematográficohttp://www.blogger.com/profile/07903931216347442007noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5438534101292804732.post-47530780498138348602012-01-23T23:41:00.002-03:002012-02-25T01:40:11.797-03:00O Gato de botas ou o aventureiro ronronador<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVdkaT2pxaeZ23s5OHDu-7JH9E6YFO2ymH2IHehrcwMdtIDbzp3AcASVV1mCG-yEAubcu_TYHJKY464gO80gBZxAFhfHIwyMEAuXEngqsxTB4X0zBW4GIpDXQOHBEywhHN0FTsijWrkLU/s1600/gato.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="235" nfa="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVdkaT2pxaeZ23s5OHDu-7JH9E6YFO2ymH2IHehrcwMdtIDbzp3AcASVV1mCG-yEAubcu_TYHJKY464gO80gBZxAFhfHIwyMEAuXEngqsxTB4X0zBW4GIpDXQOHBEywhHN0FTsijWrkLU/s400/gato.jpg" width="400" /></a></div>
<span style="font-size: x-small;"> Da esquerda para a direita: Humpty Dumpty; Kitty Pata Mansa; Gato de Botas; Jack e Jill</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuY167Kw0D7OtCtsz7ilsKhuYIduSn3TMhYXBSiG-_A1gfSIMha2uDL71-qgQsLuc-sUwQh8iBe3X8d4giyYb8ya7P-C4ccZEeY-93my1JftJy6cLI-zOYq4wFohgDhe326tTlPKgDAmc/s1600/1308760780_gatodebotas2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="170" nfa="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuY167Kw0D7OtCtsz7ilsKhuYIduSn3TMhYXBSiG-_A1gfSIMha2uDL71-qgQsLuc-sUwQh8iBe3X8d4giyYb8ya7P-C4ccZEeY-93my1JftJy6cLI-zOYq4wFohgDhe326tTlPKgDAmc/s400/1308760780_gatodebotas2.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-size: x-small;">"É por isso que me chamam de 'pata mansa'"</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjg13gBngh_I8286xU3Sgbght7uF7Ap3kW2wljtNbErCwWlZDm2Kh4sanOrq9826eT8hKzu1jXruJV2u3t1yL8h0SC503pe9zocuncR-_QocUk7nRaJdvgmHfrgZtkay6HaS4oBTQaZ8w/s1600/gato-botas-2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="285" nfa="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjg13gBngh_I8286xU3Sgbght7uF7Ap3kW2wljtNbErCwWlZDm2Kh4sanOrq9826eT8hKzu1jXruJV2u3t1yL8h0SC503pe9zocuncR-_QocUk7nRaJdvgmHfrgZtkay6HaS4oBTQaZ8w/s400/gato-botas-2.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> <span style="font-size: x-small;">"E ai, gatinha?"</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6OGvZUSRwaHy7jMCi5QMrBb89yPi6je4nNtH1Tx6sFlbMsJU2ueJ14zg3nEa7KvBOIRqiiJ4GgeopwiFG56OuPnjynKhCHBlI8axaERO5ad1sKORrb-B37NAdrW-4zosRM3mdXz7GvN8/s1600/agorasim.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" nfa="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6OGvZUSRwaHy7jMCi5QMrBb89yPi6je4nNtH1Tx6sFlbMsJU2ueJ14zg3nEa7KvBOIRqiiJ4GgeopwiFG56OuPnjynKhCHBlI8axaERO5ad1sKORrb-B37NAdrW-4zosRM3mdXz7GvN8/s400/agorasim.jpg" width="400" /></a></div>
<span style="font-size: x-small;">Amigos?</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlMoIXfuAJmaW9jBbR5V5-TK_wxLLlnGR8lAjubo7Af_3C8QS53pYxF89Ixs_MzpKaQk7B-_-psyasl1x2fdKGDI4KjsCsVZuIgde7afnez6ngK-BWcl7yWe3THoyoywnfZhRh2GIPHss/s1600/noooossa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="225" nfa="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlMoIXfuAJmaW9jBbR5V5-TK_wxLLlnGR8lAjubo7Af_3C8QS53pYxF89Ixs_MzpKaQk7B-_-psyasl1x2fdKGDI4KjsCsVZuIgde7afnez6ngK-BWcl7yWe3THoyoywnfZhRh2GIPHss/s400/noooossa.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> <span style="font-size: x-small;">"Noooooossaaaaaaaaaa!!!!!"</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Comecemos pelo começo: o Gato de botas é um personagem de um conto (infantil?) de Charles Perrault, publicado no livro “<em>Contos da mamãe gansa</em>” (1697). O felino protagonista de “<em>Gato de Botas</em>” (<em>Puss in Boots</em>, EUA, 2011, dirigido por Chris Miller) é inspirado no personagem de Perrault, só que transposto para um contexto completamente diferente do original (uma versão aproximada do conto original pode ser encontrada no seguinte endereço: (<a href="http://www.educacional.com.br/projetos/ef1a4/contosdefadas/gatodebotas.html">http://www.educacional.com.br/projetos/ef1a4/contosdefadas/gatodebotas.html</a>). A primeira aparição do felino que protagoniza o filme aqui resenhado deu-se no filme “<em>Shrek 2</em>” (2004) e de imediato tal versão estilizada do gato de botas roubou a cena no longa; no “<em>Shrek 3</em>” (2007), o felino volta a aparecer e dessa vez o diretor do longa foi Chris Miller, justamente quem dirigiu esta primeira aventura do gato como protagonista. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A primeira diferença entre a franquia Shrek e a do Gato de botas consiste na origem dos personagens; como já dissemos, o felino espadachim se baseia num conto, sendo ele no original um personagem perspicaz; assim, embora tenha havido estilização (sobretudo no que concerne a aproximá-lo duma versão felina do herói Zorro, não sendo a toa que o dublador do gato não só em inglês e espanhol, mas também em italiano foi Antônio Banderas, interprete do Herói mascarado no cinema), o personagem de um gato que usava botas e dava uma de herói. Cabe salientar que, embora no conto original o gato não seja espadachim, muito menos um Don Juan, sua perspicácia é preservada no longa, sobretudo quando o felino utiliza sua indefectível carinha meiga. Por sua vez, Shrek não constitui uma estilização dum personagem já existente, mas a personalização dum eterno figurante em contos de fada: a figura genérica do ogro, cuja função geralmente se limitava a ser um personagem do lado mau, porém figurante (se não me engano os trolls de Tolkien se inspiram nos ogros). </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A segunda diferença dar-se na estrutura narrativa, e aqui o gato leva uma surra: toda a dinâmica estrutural de todos os episódios de franquia Shrek se baseavam num humor escrachado, escracho este que se dava tanto em relação aos contos de fada (um ogro bom, um príncipe baixinho e mesquinho, uma fada madrinha mau caráter) como em relação a clássicos do cinema (no momento me fugiram os exemplos, mas encontrei muitos no “Shrek 2”). Já na aventura “solo” do gato o humor se baseia majoritariamente (quiçá exclusivamente) em gags visuais; o personagem Humpty Dumpty tem um quê que ridículo que torna desnecessário grandes esforços para ser engraçado. Cabe salientar que, em minha opinião o maior carisma do gato em relação a Shrek compensa a notória inferioridade do enredo de seu filme “solo”. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">No que concerne às similaridades entre os filmes Shrek e o Gato de botas, a principal consiste no fato de ambos se utilizarem do recurso anárquico da mistura de contos de fada: como já mencionamos e repetimos, o personagem do Gato de botas se baseia no personagem homônimo de um conto de Charles Perrault; por sua vez o enredo do filme nada tem a ver com o do conto original, misturando a história do conto de fada “João e o pé de feijão” com a história de infância do gato num orfanato ao lado de Humpty Dumpty; este último, embora apareça em “<em>Alice através do espelho</em>” (1871) de Lewis Carroll, existia antes disso como personagem duma rima em língua inglesa (<a href="http://nossospequenosleitores.blogspot.com/2012/01/voce-conhece-historia-do-humpty-dumpty.html#!/2012/01/voce-conhece-historia-do-humpty-dumpty.html">http://nossospequenosleitores.blogspot.com/2012/01/voce-conhece-historia-do-humpty-dumpty.html#!/2012/01/voce-conhece-historia-do-humpty-dumpty.html</a>); seu hilário diálogo com Alice merece ser conferido: (<a href="http://www.arquivors.com/lcarroll1.htm">http://www.arquivors.com/lcarroll1.htm</a>). Cabe ainda salientar que os personagens Jack e Jill parecem constar também em algum conto de fadas, mas ao pesquisar, só me deparei com um seriado televisivo ¬¬. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Após esta introdução geral, enfim adentrarei de modo mais detido no filme em questão; na realidade, ando tão desinteressado nas produções hollywoodianas que sequer estava sabendo desta aventura “solo” do Gatos de botas, a qual me interessou exclusivamente por ser eu um apaixonado por gatos; no entanto, o fator decisivo que me levou a assistir o filme no cinema foi o relato da verossimilhança felina do protagonista. Em termos mais claros: trata-se do fato de o personagem principal em alguns momentos abandonar a postura antropocêntrica (falar, andar sobre duas patas) e adotar atitudes tipicamente felinas. Nas palavras de Jerônimo Teixeira (edição de 07/12/2011 da revista Veja, matéria intitulada “<em>México feérico</em>”, p. 200):</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><em>"O grande barato do novo filme está nas vibrantes cenas de ação e nas gagues visuais: o protagonista às vezes abandona a postura antropomórfica para se dedicar a atividades próprias de sua espécie, como lavar-se com a língua ou perseguir focos de luz."</em></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">No final das contas, tal matéria de Veja serviu não só para que eu me inteirasse desta aventura “solo” do Gato de botas do Shrek, mas também (especialmente no trecho acima citado) para me impelir a assistir ao filme no insuportável Multiplex. Gostaria de salientar que tal autenticamente felina já fora adotada pelo gato em sua estréia no segundo Shrek; numa das cenas mais carismáticas, quando Fiona pensa que quem está montado no cavalo é Shrek, depara-se com um gatinho asseando-se (através de um banho de língua); o recurso da carinha meiga, também inaugurado no segundo episódio da franquia do ogro volta a aparecer na aventura específica do gato; no entanto, um aspecto no qual o segundo Shrek não fora verossímil em relação ao comportamento felino foi ao mostrar o gato bebendo algo como um humano, ou seja, levando o copo até a boca e inclinando-o, de modo a despejar o liquido em sua garganta. No filme que aqui resenhamos (numa das cenas fofas e simultaneamente cômicas, feita para despertar expressões do tipo “onn” na platéia), após adentrar num bar cheio de pose e pedir leite (!), o felino utiliza a língua para levar o liquido à boca, tal qual fazem os gatos. Há ainda outro aspecto cuja verossimilhança felina passa longe, desta vez sendo utilizado não só no segundo Shrek, mas também em “Gato de botas”, a saber, o fato de o felino se molhar e não se incomodar com isso (em seu filme, o gato só se incomoda ao ser molhado quando borrifam água nele); nada mais inverossímil, já que gatos detestam tomar banho que não seja o de sua própria língua. Faz-se aqui pertinente a menção a outra matéria (esta lida por mim só após assistir ao filme); nela, afirma Flávia de Gusmão (edição de 21/11/2011 do Jornal do Commercio, matéria intitulada “<em>O encantador Gato de Botas</em>”, caderno C, p. 1): :</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><em>"É justamente na contradição e na justaposição entre homem e animal, neste antropomorfismo, que reside o encanto desta personagem. Ele é diminuto, mas tem a voz de um tarimbado latin lover; ele é valente, mas bebe leite enfiando a lingüinha rosada no copo, e não aos goles; ele desfia um discurso shakespeariano para, no instante seguinte, ficar hipnotizado por um foco de luz e passar a fazer o que os gatos fazem por natureza: persegui-lo tonta a inutilmente."</em></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Relendo a matéria de Teixeira, me dei conta de algo que me havia passado batido: de fato “<em>Gato de botas</em>” investe bastante em cenas de ação, diferenciando-se assim de Shrek (ao menos dos dois primeiros, que foram os que assisti); no entanto, como passei da adolescência, prefiro um bom roteiro a cenas de ação, e neste aspecto os filmes do ogro são superiores ao do gato. Dessa forma, os maiores atrativos de “<em>Gato de Botas</em>” são as cenas de ação e o carisma do personagem principal, e não só dele; discordo de Teixeira quando este afirma que “Não são personagens tão cativantes quando aqueles que se viam em Shrek”. No que concerne a Kitty Pata Mansa (terá o primeiro nome algo a ver com Hello Kitty?), esta constitui uma versão feminina do gato, mas o mais interessante é que capricharam na feminilidade da personagem; não sei explicar o motivo, mas ela tem charme, embora não tenha ganho nenhuma atenção nas várias resenhas sobre o filme que li. Já o outrora mencionado Humpty Dumpty é um caso aparte e, para falar dele, utilizo-me duma analogia com o Burro do Shrek: ambos me pareceram inicialmente personagens chatos, mas posteriormente pude perceber seus méritos; porém, no caso do ovo falante minha impressão variou de um extremo a outro, pois embora seja apaixonado por gatos, inclino-me a considerar Humpty o melhor personagem do filme. Primeiramente por suas expressões faciais, extremamente expressivas (enquanto a dos felinos é charmosa, mas um tanto clichê); em segundo lugar por ser ele o personagem melhor explorado do ponto de vista psicológico, além de ele ser simultaneamente trágico e cômico. O aspecto original do personagem (preservado no filme) aponta para sua falta de equilíbrio advinda de sua formato corporal, porém, tal peculiaridade possui forte caráter metafórico (não abordarei aqui este tema devido ao caráter já extenso do texto, mas a leitura do trecho de “<em>Alice através do espelho</em>” que linkei acima elucida um pouco a questão). </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Em suma, “<em>Gato de Botas</em>” não constitui um Shrek alternativo; possui vantagens e desvantagens em relação aos filmes do ogro e as preferências numa comparação entre ambos dependerá do que cada expectador buscar. Achei que o filme do gato poderia ser muito melhor em enredo/roteiro, porém considero o carisma dos personagens forte o bastante para, na pior das hipóteses, equiparar o filme do felino aos do ogro que assisti em termos gerais (todos valem a pena serem assistidos, ao contrário, por exemplo, do “<em>Alice</em>” de Tim Burton). </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Alberto Bezerra de Abreu, janeiro de 2012, redigido majoritariamente ao som da coletânea Ken Burns jazz the story of american music </span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Ps. dedico esta postagem a meus gatos: passados, presentes e futuros =^^=</span>Miradouro Cinematográficohttp://www.blogger.com/profile/07903931216347442007noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5438534101292804732.post-1435204985346892392012-01-12T00:21:00.000-03:002012-01-30T00:12:47.881-03:00A MELANCOLIA de Lars Von Trier e do Cinema em Pernambuco.<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span> </div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span> </div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span> </div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghWQtteepFB137BooM4xl5omLNpYnN3Rz742dPjb1Bd6j7A_YroiFaHdLVP2o8DSYx3OyBpp2SrBLCId314B73EhSTQYUd1LlbK3g3lUMNI62tcRxszinq9jDsDRGao8AWmyp-4P95AhA/s1600/poster-nacional-23mai2011.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" kba="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghWQtteepFB137BooM4xl5omLNpYnN3Rz742dPjb1Bd6j7A_YroiFaHdLVP2o8DSYx3OyBpp2SrBLCId314B73EhSTQYUd1LlbK3g3lUMNI62tcRxszinq9jDsDRGao8AWmyp-4P95AhA/s320/poster-nacional-23mai2011.jpg" width="217" /></a> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEga3gc9Sa_4vHbRVR0BHxmr3gEwMi0Y_j2k3hSOBojnnzuWOiTizsQ1Wv-Oi7BR46daNtNTnpGdFrmdusyzsHROhLyGVJkuGcuffIWUauPhYwUKlcD9V47biXztMTLcNC1NUhOkOcj0y5o/s1600/cinema_e_melancolia_-_ago_2011.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="239" kba="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEga3gc9Sa_4vHbRVR0BHxmr3gEwMi0Y_j2k3hSOBojnnzuWOiTizsQ1Wv-Oi7BR46daNtNTnpGdFrmdusyzsHROhLyGVJkuGcuffIWUauPhYwUKlcD9V47biXztMTLcNC1NUhOkOcj0y5o/s320/cinema_e_melancolia_-_ago_2011.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-size: x-small;">Melancolia: 100% de ingressos vendidos na estreia, ultrapassando mais de 5.000 espectadores na 4ª semana de exibição.</span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgm4dAHjXfo3bRK1DkiIazNIosR7y8yVz6wDeYLJXNXxfo-pEUqPRXdssm35RnilE2ypwH1MBv8FzKLIZbjL_9B2k5dz8AjBHnTos1sbrieLKM5SvozsUzFEjYcT_teVG3S5EsaMepZ6NQ/s1600/Melancholia_2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="183" kba="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgm4dAHjXfo3bRK1DkiIazNIosR7y8yVz6wDeYLJXNXxfo-pEUqPRXdssm35RnilE2ypwH1MBv8FzKLIZbjL_9B2k5dz8AjBHnTos1sbrieLKM5SvozsUzFEjYcT_teVG3S5EsaMepZ6NQ/s320/Melancholia_2.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span class="Apple-style-span" style="font-size: xx-small;">Surrealismo niilista: a natureza rasgando o vestido moralístico.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfndPLXCLYaGNjqdU4sBDXsSMM50nhjiJTvtNvT8QkIHBFq2jMGZdDtzIx4ykiUZtM98aWZZ8_JLw2FLZDxpxV7HNaxql-nTZqg3dKzupDVEjLhTVMmrl38fUG5dzpBmGVKlteDfeeh-I/s1600/kirsten_dunst_nude_melancholia_1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="201" kba="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfndPLXCLYaGNjqdU4sBDXsSMM50nhjiJTvtNvT8QkIHBFq2jMGZdDtzIx4ykiUZtM98aWZZ8_JLw2FLZDxpxV7HNaxql-nTZqg3dKzupDVEjLhTVMmrl38fUG5dzpBmGVKlteDfeeh-I/s320/kirsten_dunst_nude_melancholia_1.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span class="Apple-style-span" style="font-size: xx-small;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: xx-small;">Vênus de Lars Von Trier</span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZNWcXRPDAqAFIte6R7-jvkYID7euY5nImdaTJvX73Ay1GpaANKyuWTrd_zi4Ffw8s4fy9K59HPn1uBIbRGWb7tHyzrJSUDWAymqfamGt2yYpLNPrFy4525LK9Kr4EN6Ft6e5mp9vrSDE/s1600/melancolia_10.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="176" kba="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZNWcXRPDAqAFIte6R7-jvkYID7euY5nImdaTJvX73Ay1GpaANKyuWTrd_zi4Ffw8s4fy9K59HPn1uBIbRGWb7tHyzrJSUDWAymqfamGt2yYpLNPrFy4525LK9Kr4EN6Ft6e5mp9vrSDE/s320/melancolia_10.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span class="Apple-style-span" style="font-size: xx-small;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: xx-small;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: xx-small;">John acompanhando o Melancholia à luz da Razão.</span></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O tema deste texto é o filme Melancolia, porém não poderia deixar de abordar este filme sem problematizar, em breve linhas, o funcionamento do mercado cinematográfico. Por ano, cerca de dez mil filmes são feitos no mundo, contudo, apenas 2 a 3 % deste total são exibidos no Brasil. Esta problemática está diretamente ligada à política de distribuição de filmes do mercado cinematográfico.</span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Após um filme estar pronto, os produtores o exibem para diversas distribuidoras como Warner, Europa Filmes, Focus Filme, Columbia Pitures, Califórnia Filmes etc.; sendo aprovado por uma das distribuidoras, elas passam a negociar com os donos dos principais cinemas de vários países, os quais irão levar em consideração uma estatística especulativa de lucratividade da exibição do mesmo. Sendo positiva, o negócio é fechado – inicia-se a propaganda – e o lucro é dividido meio a meio entre a distribuidora e os exibidores. Em síntese, a arte cinematográfica desce ao restrito patamar dos lucros e estatísticas – perdendo seu valor espontâneo de agente questionador da sociedade a partir da subjetividade da lente do cineastra em seus temas mais diversos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Restrito a tal política, não é à toa que filmes como o do renomado diretor dinamarquês Lars Von Trier se torne invisível para as diversas salas de cinema do Brasil, mesmo quando estrelados por atores hollywoodianos como Willem Dafoe (O Anticristo) e Nicole Kidman (Dogville). Desta vez, em Melancolia, entraram em cena Kirsten Dunst (famosa pelo filme Homem-Aranha), e Kiefer Sutherland (protagonista da série 24 Horas). Mas isto não foi o suficiente para os dois grandes cinemas de Pernambuco, o Box Cinema e o UCI Ribeiro, abraçarem a nova obra de Von Trier – na verdade seu nome os assustam, dado a complexidade questionadora e existencialista dos filmes deste diretor que, infelizmente, às vezes, afasta o grande público. Dogville estreou em 2003 no UCI Ribeiro e semanas depois da estreia sua bilheteria caiu bruscamente. A pessoa de Nicole Kidman, em um dos seus mais brilhantes trabalhos, não foi o suficiente para manter uma boa lucratividade – daí em diante, ao menos em Pernambuco, mais nunca o grande público ouviu falar de Lars Von Trier. Todavia, o cinema da Fundação Joaquim Nabuco, instituto histórico-cultural vinculado ao Ministério da Educação, vinha abraçando desde 1998 a obra do diretor e, por consequência, colocou em cartaz o seu mais novo trabalho, Melancolia. O qual, para surpresa de todos, segundo Kleber Mendonça, curador do cinema da Fundação, teve em sua estreia 100% dos ingressos vendidos e ultrapassou, na 4ª semana de exibição, mais de 5.000 espectadores.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Melancolia não é um daqueles filmes que faz do espectador um mero observador de um início, meio e fim. Von Trier transforma o espectador numa espécie de voyeur dos sentimentos da trama, ou seja, ao observarmos a película, passamos a interagir com os paradoxos existencialistas da trama, atribuindo-as a nós mesmos. E isto não só através dos diálogos, mas também, através da belíssima fotografia do filme que, em vários momentos, remete a uma plasticidade surrealista.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">No início do filme somos massacrados com a imagem da Terra sendo destruída. Simultaneamente à catástrofe, presenciamos, em câmera lenta, pessoas agindo apenas pela espontaneidade de seus inconscientes. As sequências de cenas parecem incoerentes. E de fato são (!): uma linda noiva com o seu buque desliza por sobre as águas de um rio; uma mãe corre desesperada, sem rumo, abraçando fortemente seu filho. Mas como salva-lo se a catástrofe que esta por vir é eminente? Que Razão há em seu agir? E a mesma noiva que antes deslizava por sobre o rio, também aparece correndo em direção ao nada, porém, as raízes das árvores brotam bruscamente da terra, enroscando suas mãos e pernas, impedindo-a de correr, rasgando seu vestido. É a natureza proclamando o caos, rasgando simbolicamente os valores morais da sociedade, fazendo do ser Humano novamente natureza, ou seja, tornando-o parte insignificante dos acasos da imensidão do cosmo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O filme é dividido em duas partes, a primeira dedica-se a Justine (Kirsten Dunst) que, diante de sua glamorosa festa de casamento, patrocinada pelo seu cunhado, John (Kiefer Sutherland), e organizada por sua irmã, Claire (Charlotte Gainsbourg), transmite ao espectador uma constante angustia que, para John, parece incompreensível, dado que ela está vivendo, naquele momento, todo o glamour que qualquer mulher desejaria para o seu casamento: com chegada em limusine, festa numa mansão, baile e ritos nobres de discursos à mesa. E visto estas circunstâncias John pergunta para Justine se ela está feliz, mas tendo implícito em sua pergunta que ela deve(!) ficar feliz. Ela responde que sim, mas na festa demostra estar sempre cansada e de lá foge constantemente. Sua irmã, aflita em entender a indisposição de Justine, pergunta o que lhe aflige, e ela responde que possui um “cordão cinza nos pés” – é a bola de ferro da moralidade, que a aprisiona e a atormenta. E o ato de ter olhado para o céu ao chegar à festa, deixava-lhe clarividente que nada somos diante do Universo e que os valores morais são meras formalidades construídas pelo homem e transformadas, por ele mesmo, em arquétipos imanentes a se mesmo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O niilismo de Justine leva-a ao total fracasso de sua festa. Ela é pressionada por sua irmã a renegar sua angustia; é pressionada pelo seu chefe de trabalho, também convidado da festa, lutando para não perder sua melhor funcionária; e por seu cunhado, impondo uma felicidade arquetípica. Justine é um ser dionisíaco aprisionada em muralhas apolínias. Atormentada, renega seu emprego; ignora o lamento de sua irmã e rasga o vestido da moral ao trair seu noivo durante a festa, simplesmente pelo ato de trair e não de obter prazer, destronando a felicidade arquetípica do matrimônio. E mesmo sem ter conhecimento do ocorrido, seu noivo a abandona, pois não entende a apatia dela para com ele e para com todos os elementos de uma noite construída para ser estritamente bela – tão bela quanto a estética de Apolo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A segunda parte dedica-se a Claire que, muito antes do casamento de sua irmã, já vinha atormentada com a possibilidade do astro Melancholia se chocar com a terra, informação a qual vinha circulando em sites sensacionalistas. John, porém, é um astrônomo e afirma que o astro não se chocará com a Terra, pois os cálculos sistemáticos realizados pela comunidade científica chegaram a esta conclusão. Justine, por sua vez, está psicologicamente abalada, mas isto em nada tem a ver com o Melancholia, pelo contrário. Em uma das mais belas cenas do filme, vemos Justine à beira de um rio, com o seu corpo completamente nu, sendo iluminada pelo astro. Ela sente que o por vir é eminente e se delicia com a luz prateada do astro que faz de seu corpo nu uma Vênus entregando sua volúpia a Dionísio, assim como na mitologia grega. O Melancholia é um astro dionisíaco que está além das especulações matemáticas do homem, para compreendê-lo é necessário deixar-se embriagar por ele.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">John representa o discurso cartesiano e cientificista da trama, de tal forma que, ao perceber que os cálculos estavam “errados”, ele suicida-se, e Claire perde seu único sustentáculo de certeza de uma não colisão do astro com a Terra. Seu tormento inverte os papéis na trama. Justine, aparentemente louca, passa a ser a personagem mais consciente de toda a trama, dando apoio a Claire e seu sobrinho, Leo. Com ela, a razão e a ciência cede lugar à tragédia. Para ela, se o fenômeno é inevitável, façamos dele êxtase, pois se o homem é parte da natureza, por mais que ele a decodifique à luz da Razão, ele sempre estará sujeito a ela e aos seus acasos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Assim, Von Trier nos faz refletir, nesta trágica parábola, o quão insignificantes podem ser os valores morais, tanto sociais quanto cientificistas, se nos compararmos à imensidão do cosmo. O físico e astrônomo Marcelo Gleiser, em seu livro Criação Imperfeita, diferentemente do personagem John, nos mostra o quanto já foi descoberto sobre o universo e as possibilidades do que está para se descobrir, porém, afirma que nunca encontraremos uma lei que englobe todas as possibilidades, ou seja, uma lei universal. Se um renomado astrônomo faz tal afirmação, porque nós, agentes sociais, não podemos nos propor à quebra de arquétipos morais de acordo com as necessidades das circunstâncias? Ou seja, porque não aceitar a relatividade de padrões de valores, crenças e comportamentos? Isto é algo difícil para o ato de ser Humano, pois negar o a priori moral significa negar a imanência da ótica de mundo que até então lhe era vigente. E negando, abrimos um vazio que nos angustia dado as possibilidades de múltiplas óticas – e nem todos sabem lhe dar com o vazio de ser um grão de areia dentro desta multiplicidade, tanto na Terra quanto no Universo.</span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Daniel Gomes*</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">*Postado originalmente em 28 de agosto de 2011 no seguinte endereço: </span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">http://niilismodeverao.blogspot.com/2011/08/tema-deste-texto-e-o-filme-melancolia.html </span><br />
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<br />Miradouro Cinematográficohttp://www.blogger.com/profile/07903931216347442007noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-5438534101292804732.post-86158768948218246832011-12-31T23:47:00.000-03:002012-01-30T00:14:06.480-03:00Clássicos do cinema em "nordestinês"<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Ano novo, preguiça nova? Espero que não, sobretudo no âmbito artístico, incluindo-se neste o nosso Miradouro Cinematográfico. Digo isto não só em virtude do relativo abandono no qual se encontra o blog nos últimos tempos, mas também em relação a postagem minimalista que pensei em realizar a exatamente uma semana atrás e que, por conta dela – a preguiça – não levei a frente. Trata-se do seguinte: em plena noite de 25 de dezembro (dia absolutamente comum para mim), resolvi conferir alguns cd’s/dvd’s que estavam sem nome; entre eles encontrei meio primeiro backup (de 2005); como diz o ditado, “recordar é viver” e lá fui eu “xeretar” o conteúdo do qual pouco recordava e eis o que encontro: o arquivo intitulado “Cinema no nordeste!!”, que trazia títulos de filmes populares “traduzidos” para o “nordestines”; procurei tal lista na internet e consegui encontrá-la, mas sempre sem trazer autoria. Posto-a então como aperitivo para futuras atualizações, as quais pretendo tornar mais freqüentes. </span></div>
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Alberto Bezerra de Abreu 31/12/2011<br />
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<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Clássicos do cinema traduzidos para "nordestinês":</span><br />
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<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Uma Linda Mulher: A Cabrita Aprumada</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">O Poderoso Chefão: O Coroné Arretado</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">O Exorcista: Arreda Capeta!</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Os Sete Samurais: Os Jagunço di Zóio Rasgado</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Godzila: O Calangão</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Os Brutos Também Amam: Os Vaquero Baitola</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Sansão e Dalila: O Cabiludo e a Quenga</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Perfume de Mulher: Cherim di Caboca</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Tora, Tora, Tora!: Oxente, Oxente, Oxente!</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Mamãe faz cem anos: Mainha num Morre Mais!</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Guerra nas Estrelas: Arranca-rabo nas Altura</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Um Peixe Chamado Wanda: O Lambarí cum nomi di Muié</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Noviça Rebelde: Beata Increnquera</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">O Corcunda de Notre Dame: O Monstrim da Igreja Grandi</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">O Fim dos Dias: Nóis Tamo é Lascado</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Um Cidadão Acima de Qualquer Suspeita:Um Cabra Pai dégua di Quem Ninguém Discunfia</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Os Filhos do Silêncio: Os Minino du Mudim</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">A Pantera Cor-de-rosa: A Onça Viada</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br /></span>Miradouro Cinematográficohttp://www.blogger.com/profile/07903931216347442007noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5438534101292804732.post-72270996546413340642011-10-23T23:55:00.008-03:002012-01-30T00:14:53.327-03:00Uma postagem bem “twitteira” sobre Spike Lee<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjngX_ZlCyg5Cqm229bC5fpqE5qeh3jBy2eMvf_u-IHOC1yM-_Ml7DNuCyNzheRpEbOQQU0OmB9X44zJo6ZY0eVnmTcZATj8H3HAZqg_C9ouIEsJiqCF-OlZ83HJGdC23obPfINu5l6lv0/s1600/spike-leed.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5666888831362865106" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjngX_ZlCyg5Cqm229bC5fpqE5qeh3jBy2eMvf_u-IHOC1yM-_Ml7DNuCyNzheRpEbOQQU0OmB9X44zJo6ZY0eVnmTcZATj8H3HAZqg_C9ouIEsJiqCF-OlZ83HJGdC23obPfINu5l6lv0/s320/spike-leed.jpg" style="cursor: pointer; display: block; height: 320px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 254px;" /></a><br />
<br />
<style type="text/css">
<!-- @page { margin: 2cm } P { margin-bottom: 0.21cm } A:link { so-language: zxx } -->
</style><br />
<div align="justify" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Arial, serif; font-size: 100%;">O que sempre me fez ter ressalvas em aderir ao Facebook e nutrir ojeriza a priori pelo Twitter (ou seja, desprezá-lo sem nunca ter nem mesmo visitado sua página) foi o padrão hegemônico do “veja tudo o que todo mundo está fazendo”, padrão este incorporado pelo Orkut e que demorei a descobrir como eliminar (nada mais irritante que entrar na minha conta e ver uma lista com tudo o que meus contatos fizeram naquele espaço virtual recentemente). Penso da seguinte forma: se quiser saber o que fulano, beltrano ou sicrano postaram (fotos, vídeos, poemas, enfim), basta ir até seu perfil; não preciso nem aprecio este cardápio virtual que me era imposto a contragosto só pelo fato de eu fazer parte de uma rede social, embora utilizando-a de forma um tanto idiossincrática (ao menos existe a possibilidade de desativa tal opção sem ter de sair da rede social, opção esta negada no que concerne a receber diariamente odiosos telefonemas com oferecimentos de indesejados cartões de créditos, entre outras coisas). Entretanto, em virtude da arrebatadora preguiça que me dominou, impedindo-me não só de escrever novos textos para o blog, mas mesmo de postar textos já prontos (sejam meus, sejam de meu até agora único colaborador Pedro Tenório, que tem mais de um texto “no prelo”), opto por uma postagem essencialmente singela, a qual consiste justamente em dizer o que ando “respirando” no âmbito artístico-cultural.</span></div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Arial, serif; font-size: 100%;"><br /></span></div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.25cm;">
<span style="font-family: Arial, serif; font-size: 100%;">Minha paixão pelo rock’n roll data de minha levemente longínqua adolescência. Já o jazz, só nela entrou muito recentemente, em que pese meu interesse antigo por ele (e penso que o motivo principal desta demora foi justamente ele/a: a onipresente preguiça!). Pois bem, os primórdios de minha incursão no mundo “jazzístico” deram-se há pouco mais de um mês (por volta de setembro de 2011), quando avistei numa banca de revistas um DVD integrante duma coleção dedicada ao estilo. Tratava-se da coleção que trazia DVDs com documentários de Ken Burns e livretos com textos e fotos; o primeiro que adquiri foi o volume 8, com Charlie Parker na capa. Antes disso, havia baixado dois álbuns particularmente clássicos do Miles Davis: “</span><span style="font-family: Arial, serif; font-size: 100%;"><i>Bitches Brew</i></span><span style="font-family: Arial, serif; font-size: 100%;">” (ao ler uma matéria no Jornal do Commercio intitulada “A bruxa que enfeitiçou Miles Davis”) que apresentava este disco duplo como o início do fusion – fusão do jazz com o rock –, não pude deixar de elegê-lo como inaugurador de minha incursão no estilo) e “</span><span style="font-family: Arial, serif; font-size: 100%;"><i>Kind of blue</i></span><span style="font-family: Arial, serif; font-size: 100%;">” (este contando com participação de John Coltane); entretanto, meu mergulho mais contundente no mundo jazzístico deu-se quando baixei alguns discos da série justamente de Ken Burns (desta vez não documentários em áudio-vídeo, mas coletâneas de vários nomes consagrados do estilo, como Louis Amstrong, Charlie Parker, Thelonious Monk, Miles Davis, Charles Mingus, Ella Fitzgerald, Art Blakey, Dizzy Gillespie, Duke Ellington, Dave Brubeck, entre outros).</span></div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.25cm;">
<span style="font-family: Arial, serif; font-size: 100%;"><br /></span></div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.25cm;">
<span style="font-family: Arial, serif; font-size: 100%;">Por coincidência (ou não?), acabei adquirindo na mesma época o livro “</span><span style="font-family: Arial, serif; font-size: 100%;"><i>História social do jazz</i></span><span style="font-family: Arial, serif; font-size: 100%;">” de Eric Hobsbawm, na Bienal do Livro de Pernambuco; já sabia da existência da obra e tinha interesse nela por basicamente dois motivos: meu apreço pelas obras do autor que conhecera em meus estudos de História e meu interesse pelo jazz, acerca do qual nada sabia. Contudo, não o procurei, mas foi ele (o livro) quem veio até mim no estande da editora Expressão Popular.</span></div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.25cm;">
<span style="font-family: Arial, serif; font-size: 100%;"><br /></span></div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.25cm;">
<span style="font-family: Arial, serif; font-size: 100%;">Outro passo decisivo para adentrar de cabeça no mundo do jazz foi a descoberta do site <a href="http://www.ejazz.com.br/">http://www.ejazz.com.br/</a> (que me foi indicado por Mariana Mayer, a quem dedico esta postagem). Por fim, ao ler que raros jazzistas foram tão combativos em relação ao racismo quanto Charles Mingus (embora o estilo jazz por si tenha constituído uma vanguarda anti-racismo nos EUA), não pude deixar de fazer um link direto com o cineasta também estadunidense Spike Lee.</span></div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.25cm;">
<span style="font-family: Arial, serif; font-size: 100%;"><br /></span></div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Arial, serif; font-size: 100%;">Em que pese o fato de Lee ser um grande problematizador dos gravíssimos conflitos étnicos em seu país, atendo-se prioritariamente ao setor “afro-descendente” (leia-se negro), sem, contudo, cair numa visão maniqueísta, o que me fez adquirir recentemente um Box de filmes deste cineasta foi menos seu engajamento étnico do que minha memória afetiva. Explico: quando era ainda criança/ pré-adolescente, assisti na TV a um filme chamado “</span><span style="font-family: Arial, serif; font-size: 100%;"><i>Mais e melhores Blues</i></span><span style="font-family: Arial, serif; font-size: 100%;">”, do qual gostei deveras; embora vez por outra lembrasse dele, foi este meu mergulho no jazz que me fez ir atrás da obra e assim cheguei no Box de Lee (“</span><span style="font-family: Arial, serif; font-size: 100%;"><i>Mais e melhores blues</i></span><span style="font-family: Arial, serif; font-size: 100%;">”, de 1990 integra o Box, juntamente com mais cinco filmes: “</span><span style="font-family: Arial, serif; font-size: 100%;"><i>Faça a coisa certa</i></span><span style="font-family: Arial, serif; font-size: 100%;">” (1989); “</span><span style="font-family: Arial, serif; font-size: 100%;"><i>Febre da selva</i></span><span style="font-family: Arial, serif; font-size: 100%;">” (1991); “</span><span style="font-family: Arial, serif; font-size: 100%;"><i>Crooklyn</i></span><span style="font-family: Arial, serif; font-size: 100%;">” (1994); “</span><span style="font-family: Arial, serif; font-size: 100%;"><i>Irmãos de sangue</i></span><span style="font-family: Arial, serif; font-size: 100%;">” (1995) e “</span><span style="font-family: Arial, serif; font-size: 100%;"><i>O plano perfeito</i></span><span style="font-family: Arial, serif; font-size: 100%;">” (2006)). Ontem assisti “</span><span style="font-family: Arial, serif; font-size: 100%;"><i>Faça a coisa certa</i></span><span style="font-family: Arial, serif; font-size: 100%;">” e achei-o excelente, cabendo destacar uma cena em que o locutor de rádio interpretado por Samuel L. Jackson cita uma penca de músicos negros (a maioria do jazz), deixando bastante claro o quão grande foi a contribuição negra para a cultura humana em geral e estadunidense (país hiperbolicamente racista) em particular.</span></div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Arial, serif; font-size: 100%;"><br /></span></div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Arial, serif; font-size: 100%;">Aguardem textos sobre os filmes de Spike Lee e sobre o próprio, mas tenham paciência, pois deve demorar. Por enquanto, assistam a eles. </span></div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: 100%;"><br /></span></div>
<div align="justify" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Arial, serif; font-size: 100%;">Alberto Bezerra de Abreu 22-23/10/2011, redigido ao som de clássicos do jazz</span></div>
<div class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>Miradouro Cinematográficohttp://www.blogger.com/profile/07903931216347442007noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5438534101292804732.post-44189917635153257632011-08-15T15:21:00.002-03:002012-01-30T00:15:24.462-03:00"Emprenhando pelos ouvidos": como conheci Tarkovski<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifnd7yG7rSUiZzCdU_fe8zGRpqkBio7KEIxRy6JbwLzcnlr8lILfBO0GHSt5PRaNJZ8HYCofzVP2_EELw4B7JpjXownl6gE9qhkM0l6ZTbiGLiwqrGUIvcG4CuVSks5GdpbNgWJtHPsto/s1600/at1.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5641150707782797378" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifnd7yG7rSUiZzCdU_fe8zGRpqkBio7KEIxRy6JbwLzcnlr8lILfBO0GHSt5PRaNJZ8HYCofzVP2_EELw4B7JpjXownl6gE9qhkM0l6ZTbiGLiwqrGUIvcG4CuVSks5GdpbNgWJtHPsto/s320/at1.jpg" style="cursor: pointer; display: block; height: 220px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 320px;" /></a> <br />
<style type="text/css">
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</style><br />
<div class="western" lang="zxx" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="justify" class="western" lang="zxx" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
A primeira vez que ouvi falar em Tarkovski foi em sala de aula, disciplina "Cinema e construção do tempo" (graduação de cinema da Universidade Federal de Pernambuco, semestre 2009.2). A disciplina, como o título deixa claro, trata da construção do tempo na narrativa cinematográfica; nunca esquecerei uma das falas do professor Eduardo Duarte sobre este tema, referindo-se a Tarkovski; mencionou uma cena em que uma senhora carregava lentamente uma lamparina até uma vela, acendia-na, voltava, via o vento apagar a lamparina, retornava à vela para novamente acender a lamparina, numa cena que deveria durar cerca de 7 minutos e que mesmo ele, estudioso da sétima arte (e também realizador de filmes), confessou sentir-se tentado a avançar (ou seja, não assisti-la na íntegra) devido ao conteúdo supostamente demasiado maçante. Não pude deixar de lembrar de uma amiga que me acompanhou em minha desvirginação cinematográfica em Bergman (no festival de cinema sueco, realizado no cineteatro Apolo em janeiro de 2006, no qual foram exibidos os três filmes do cineasta que compõem o que foi chamado de "trilogia do silêncio") e que não deu uma segunda chance ao cineasta sueco, considerando-o demasiado lento. Mas há ainda outros dois detalhes marcantes em relação a Tarkovski que vivenciei nesta disciplina deveras proveitosa; a afirmação do professor de que o próprio Tarkovski admitira que seus filmes eram apreciados por um público seleto – "minhas filhas não assistem meus filmes, gostam é de Spielberg" teria dito ele –, bem como a menção a um livro do diretor russo, intitulado "<i>Esculpir o tempo</i>". Nem preciso dizer que está breve menção feita pelo professor me deixou demasiado (curioso não seria bem a palavra, sedento talvez) por adentrar neste mundo aparentemente hermético e deveras <span style="font-style: normal;">profundo.</span> Acabei descobrindo, ao conversar com uma amiga, que entre os filmes que ela havia colocado num DVD para mim (meu interesse principal era o "<i>Salo – os 120 dias de Sodoma</i>" de Pier Paolo Pasolini, filmes este aliás também mencionado pelo professor, mas que comentarei posteriormente) estava justamente um de Tarkovski ("<i>Nostalgia</i>"); no entanto, após haver assistido o citado filme de Pasolini, deixei o DVD de lado por longo tempo, não tendo assistido a nenhum dos demais filmes e quando tentei ver o de Tarvokvski, descobri que o DVD havia dado pau. Não seria ainda desta vez...</div>
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Meu primeiro contato direto, efetivo com a obra de Tarkovski se daria em ordem cronológica: assisti, há pouco menos de um mês, seu primeiro – na verdade, segundo, pois o primeiro fora feito para TV – filme), intitulado "<i>O rolo compressor e o violinista</i>" (1960, curta metragem). Apesar do apresso que senti pela obra, foi impossivel não pensar se tratar ainda dum primeiro tatear do cineasta (o filme foi realizado como trabalho de conclusão do curso de cinema). Em seguida (ontem, mais precisamente), assisti a seu primeiro longa metragem: "<i>A infancia de Ivan</i>"(1962); este já mostra de forma mais contundente o profundo vigor artístico do cineasta. Acredito não ser exagero dizer que me tornei fã apriori de Tarkovski (como quem "emprenha pelos ouvidos", me fascinei por sua obra antes de haver tido oportunidade de contemplá-la); após assistir aos dois filmes citados, percebi não haver me enganado (isso tavez tenha acontecido com Pasolini, é cedo para ter certeza); no entanto, o fator decisivo para pôr-me a escrever este texto hoje foi o início de minha leitura de "<i>Esculpir o tempo</i>" (livro este que pretendo comentar neste blog). Tudo bem, foi após assistir "<i>A infância de Ivan</i>" que me vi impelido a reconsiderar a decisão de só iniciar a leitura do livro em meados deste ano (em virtude da extensa carga de estudos – os quais nada tem a ver com cinema! – que devo realizar neste semestre); mas o fato é que o livro, somado aos dois filmes, me capturaram de tal forma que me vi – como já mencionei – impelido a escrever hoje. A idéia inicial era, após esta breve introdução de como conheci o cineasta russo, tecer já algumas considerações sobre a introdução do livro mencionado, mas, como idéias existem para ser abandonadas, limitar-me-ei agora a publicar a sinopse do livro (a ser aqui dissecado ou ao menos singelamente discutido posteriormente).</div>
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"<i>O meu mais fervoroso desejo sempre foi o de conseguir me expressar nos meus filmes, de dizer tudo com absoluta sinceridade, sem impor aos outros os meus pontos de vista. No entanto, se a visão de mundo transmitida pelo filme puder ser reconhecida por outras pessoas como parte integrante de si próprias, como algo que nada, até agora, conseguiria dar expressão, que maior estímulo para o meu trabalho eu poderia desejar? Este livro amadureceu durante todo o período em que minhas atividades profissionais estiveram suspensas... Seu principal objetivo é ajudar-me a descobrir os rumos da minha tragetória em meio ao emaranhado de possibilidades contidas nesta nova e extraordinária forma de arte – em essência, ainda tão pouco explorada – para que nela eu possa encontrar a mim mesmo, com plenitude e independência.</i>" </div>
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<br /></div>
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Alberto Bezerra de Abreu 04/04/2010</div>
<div align="justify" class="western" lang="zxx" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>Miradouro Cinematográficohttp://www.blogger.com/profile/07903931216347442007noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5438534101292804732.post-79665495708323784642011-07-25T15:44:00.002-03:002011-07-25T15:51:56.092-03:00Mostra de filmes argentinos no cine-teatro Apolo<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcLt1-d7KfybM2FZfeRmdIxTycAicTGfJI2CeUR081fAs1P7bjjll_yCflwC2mDn48zEa5CJoWi4LAPRyyjgOFM6Thyphenhyphen8KVoDjKdrGszkQ0pwRVFwUyOfCz3Pu5cPCIKIU3i8gOPuYQhH0/s1600/abutres.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcLt1-d7KfybM2FZfeRmdIxTycAicTGfJI2CeUR081fAs1P7bjjll_yCflwC2mDn48zEa5CJoWi4LAPRyyjgOFM6Thyphenhyphen8KVoDjKdrGszkQ0pwRVFwUyOfCz3Pu5cPCIKIU3i8gOPuYQhH0/s320/abutres.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5633364159751325746" border="0" /></a> Abutres
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<br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwQdS_5WB4h8XmH92guj2V6bKXUodaCo1FOZC9HZyzCIsF69ray0LWxN4THu6vdFZI5zrYqq0iyYIBmsVeOC5NXXI5y7km7yeJfjE4jx2npQemReoQ5t33rs1M6HET_wHXy0Tau5GZWW4/s1600/o-segredo-dos-seus-olhos-filme-cinema-SaladaCultural.com.br-3.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 214px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwQdS_5WB4h8XmH92guj2V6bKXUodaCo1FOZC9HZyzCIsF69ray0LWxN4THu6vdFZI5zrYqq0iyYIBmsVeOC5NXXI5y7km7yeJfjE4jx2npQemReoQ5t33rs1M6HET_wHXy0Tau5GZWW4/s320/o-segredo-dos-seus-olhos-filme-cinema-SaladaCultural.com.br-3.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5633364061785837538" border="0" /></a> Os segredos de seus olhos
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<br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQ9c_IMhLZ5DJKGEN80Cl7czW3A9gQZGS66wus4KgYxSb7iDnl6GH41_fs33n_5q6GxuFE7hmr59w_lh_OYMgh4rlqMhyphenhyphen-sIKCv6XJk3GzTS58TiQBkk_1odoV12jJ7XbKdPbYPcx24dI/s1600/derechodefamilia_04cor.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 205px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQ9c_IMhLZ5DJKGEN80Cl7czW3A9gQZGS66wus4KgYxSb7iDnl6GH41_fs33n_5q6GxuFE7hmr59w_lh_OYMgh4rlqMhyphenhyphen-sIKCv6XJk3GzTS58TiQBkk_1odoV12jJ7XbKdPbYPcx24dI/s320/derechodefamilia_04cor.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5633363931160823538" border="0" /></a> As leis de famíla
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<br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEip9gSKvDQX2amNg5vQzvaIj6aLyG7enpnHBNXXSSD4ExrTfp6IMp1p6bldbZqs0sygSqx5tF9JBFxt5u9RkoBHdKRPrfXtISbwP7LXum_c5t2E2sEfLDMTgTJx1PZzXlWq4i8eUHXmkGI/s1600/La-Ni%25C3%25B1a-Santa-2004.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 214px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEip9gSKvDQX2amNg5vQzvaIj6aLyG7enpnHBNXXSSD4ExrTfp6IMp1p6bldbZqs0sygSqx5tF9JBFxt5u9RkoBHdKRPrfXtISbwP7LXum_c5t2E2sEfLDMTgTJx1PZzXlWq4i8eUHXmkGI/s320/La-Ni%25C3%25B1a-Santa-2004.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5633363739293089490" border="0" /></a> A menina santa
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<br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFIdxJ69w7cZMH7GJzIFM2SsLStpBW_m5K_9d8-iIkh4LXjReZwLYLOhWQ98IDWj-5r2X6CTZbhilg2qKMWe7Vv2DX7mw4reiCi5qkZhiMWayutdlMloyICtq0dTt9vRzVlcyDOiqjAlc/s1600/plataquemada01_2.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 198px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFIdxJ69w7cZMH7GJzIFM2SsLStpBW_m5K_9d8-iIkh4LXjReZwLYLOhWQ98IDWj-5r2X6CTZbhilg2qKMWe7Vv2DX7mw4reiCi5qkZhiMWayutdlMloyICtq0dTt9vRzVlcyDOiqjAlc/s320/plataquemada01_2.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5633363587524873970" border="0" /></a> Prata queimada
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<br />
<br /> <meta equiv="CONTENT-TYPE" content="text/html; charset=utf-8"> <title></title> <meta name="GENERATOR" content="OpenOffice.org 3.1 (Linux)"> <style type="text/css"> <!-- @page { margin: 2cm } P { margin-bottom: 0.21cm } A:link { so-language: zxx } --> </style> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%; text-align: justify;">Será realizada, de segunda (25/07/2011) até sexta-feira (29/07/2011), no cine-teatro Apolo uma mostra de filmes argentinos, composta por longas e curtas metragem. A exibição serão iniciadas sempre às 19h e a entrada é gratuita. Após as exibições haverá debate com especialistas sobre as produções exibidas. </p><div style="text-align: justify;"> </div><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></p><div style="text-align: justify;"> </div><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%; text-align: justify;">A programação completa (incluindo os curtas, bem como as sinopses de todos os filmes) pode ser acessada no link abaixo, num arquivo em PDF.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%; text-align: justify;"><a href="http://pe360graus.globo.com/diversao/diversao/cinema/2011/07/24/NWS,536509,2,20,DIVERSAO,884-MOSTRA-FILMES-ARGENTINOS-OCORRE-SEXTA-SESSOES-GRATUITAS.aspx">http://pe360graus.globo.com/diversao/diversao/cinema/2011/07/24/NWS,536509,2,20,DIVERSAO,884-MOSTRA-FILMES-ARGENTINOS-OCORRE-SEXTA-SESSOES-GRATUITAS.aspx</a></p><div style="text-align: justify;"> </div><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%; text-align: justify;">abaixo segue uma programação resumida (só os longas):</p><div style="text-align: justify;"> </div><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%; text-align: justify;">Segunda-feira (25): <b>Abutres</b> (2010), de Pablo Trapero </p><div style="text-align: justify;"> </div><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%; text-align: justify;">Terça-feira (26): <b>O segredos de seus olhos</b> (2009), de Juan José Campanella </p><div style="text-align: justify;"> </div><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%; text-align: justify;">Quarta-feira (27): <b>As leis de família</b> (2006), de Daniel Burman</p><div style="text-align: justify;"> </div><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%; text-align: justify;">Quinta-feira (28): <b>A menina santa</b> (2004), de Lucrecia Martel</p><div style="text-align: justify;"> </div><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%; text-align: justify;">Sexta-feira (29): <b>Prata queimada </b>(2000), de Marcelo Piñeyro</p><div style="text-align: justify;"> </div><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%; text-align: justify;">Ps. para quem isto importar, “O segredo de seus olhos” foi o vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro do ano passado. </p><div style="text-align: justify;"> </div><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%; text-align: justify;">Alberto Bezerra de Abreu, 25/07/2011</p> Miradouro Cinematográficohttp://www.blogger.com/profile/07903931216347442007noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5438534101292804732.post-82595519240422855842011-07-15T21:00:00.004-03:002011-07-22T17:56:44.621-03:00"A composição do vazio" no cinema da Fundação (23/07/2011)<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpF6iKUiuwQl_bL_ZDSNt5Y-FSbxkVn2zSGpb8khO183Gpt_ocewhZEitMgwBt3hslpQmXuTaQV7swbDyfXFKobNGXh0OE3IdQgRURSk8xA36eepFRHdr1QjFavSvjr2HB2Dw23TEXuak/s1600/Figura1.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 219px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpF6iKUiuwQl_bL_ZDSNt5Y-FSbxkVn2zSGpb8khO183Gpt_ocewhZEitMgwBt3hslpQmXuTaQV7swbDyfXFKobNGXh0OE3IdQgRURSk8xA36eepFRHdr1QjFavSvjr2HB2Dw23TEXuak/s320/Figura1.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5632282898532753506" border="0" /></a>
<br /> <meta equiv="CONTENT-TYPE" content="text/html; charset=utf-8"> <title></title> <meta name="GENERATOR" content="OpenOffice.org 3.1 (Linux)"> <style type="text/css"> <!-- @page { margin: 2cm } P { margin-bottom: 0.21cm } A:link { so-language: zxx } --> </style>
<br /><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%; text-align: justify;"> No sábado da semana que vem (23/07/2011) será exibido em SESSÃO ÚNICA E GRATUITA o documentário de Marcos Enrique Lopes "<i>A composição do vazio</i>" sobre o filósofo pernambucano Evaldo Coutinho. No cinema da Fundação, às 16h (NÃO MAIS ÀS 16:20 COMO HAVIA DIVULGADO ANTERIORMENTE).</p><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%; text-align: justify;">(Na imagem, Benedito Nunes e Evaldo Coutinho)
<br />
<br /></p><div style="text-align: justify;"> </div><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%; text-align: justify;"> Na edição deste mês (julho de 2011) a revista pernambucana Continente publicou uma matéria em comemoração ao centenário de nascimento de Evaldo Coutinho.
<br />Segue o link que traz parte da matéria.
<br /><a href="http://www.orkut.com.br/Interstitial?u=http://www.revistacontinente.com.br/index.php?option%3Dcom_content%26view%3Darticle%26id%3D6386%26Itemid%3D62&t=AEUUmzSnSAHdnI5EvoimIiKGuMBHCB4cyRVF6BHPOhTLLepkcou6qJpV89btnA5JBcIcq4CgFTjFWubyjMexdr4Egu0z4qwcLwAAAAAAAAAA" target="_blank">http://www.revistacontinente.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=6386&Itemid=</a></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="LEFT">
<br /></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="LEFT">
<br />Favor, DIVULGUEM. </p>
<br />
<br />
<br />Alberto Bezerra de Abreu, 15/07/2011
<br />
<br />Miradouro Cinematográficohttp://www.blogger.com/profile/07903931216347442007noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5438534101292804732.post-71984377364554413622011-07-08T15:13:00.001-03:002011-07-08T15:15:43.186-03:00Entrevista com Cláudio Assis na Cult deste mês<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUycZ8D2W1ElmmFZAg9BZY-4Er9GcWiDG7heHYErwTzShbsBs7DL7KJgklxjHmP2Fg7xU20LQgSmHwpvtOUIe0L1-PxTWJNy1jP0SAGL-mhjHbVJbWr4Xmcn-YeTIsqbn6ht_PnSjwNk4/s1600/Claudio_Assis_0009M.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 199px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUycZ8D2W1ElmmFZAg9BZY-4Er9GcWiDG7heHYErwTzShbsBs7DL7KJgklxjHmP2Fg7xU20LQgSmHwpvtOUIe0L1-PxTWJNy1jP0SAGL-mhjHbVJbWr4Xmcn-YeTIsqbn6ht_PnSjwNk4/s320/Claudio_Assis_0009M.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5627046727754821698" border="0" /></a>
<br />
<br />
<br /> <meta equiv="CONTENT-TYPE" content="text/html; charset=utf-8"> <title></title> <meta name="GENERATOR" content="OpenOffice.org 3.1 (Linux)"> <style type="text/css"> <!-- @page { margin: 2cm } P { margin-bottom: 0.21cm } A:link { so-language: zxx } --> </style> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> Cláudio Assis, cineasta pernambucano, diretor dos filmes “<i>Amarelo Manga</i>” (2003), “<i>Baixio das bestas</i>” (2007) e o mais recente “<i>A febre do rato</i>” (2011), concedeu um breve, porém interessante entrevista a edição deste mês da revista Cult.</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <a href="http://revistacult.uol.com.br/home/2011/07/o-anarco-cineasta/">http://revistacult.uol.com.br/home/2011/07/o-anarco-cineasta/</a></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> Dentre os aspectos mais interessantes abordados, menciono sua denúncia ao corolenismo no cinema brasileiro (exercido, segundo ele, pela família Barreto e por Cacá Diegues e Hector Babenco, bem como por cineasta de uma nova geração, os quais se limitam a repetir fórmulas consagradas. Sobre isso, afirma:</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY">
<br /></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> “<i>Por mais que se diga que o cinema é uma arte nova, ele está em extinção, então é preciso um olhor novo, que não esteja preso a regras, estereótipos, mercado</i>”</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY">
<br /></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> Destaco também o compromisso com os problemas sociais mencionado pelo cineasta, bem como o moralismo hipocríta em relação à nudez no cinema:</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY">
<br /></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> “<i>O cara mata, rouba, estupra criancinha e sai livre; a gente coloca um cara nu em um filme e isso é crime? Isso mé falsa moral, prepotência, anacronismo</i>”. </p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY">
<br /></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> Ps. embora a reportagem esteja on-line na íntegra no site da revista, há outras matérias que não estão e justificam a compra da revista, como as de capa, sobre o intelectual francês Michel Foucault e a sobre o intelectual brasileiro Sérgio Buarque de Holanda. </p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY">
<br /></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY">
<br /></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> Alberto Bezerra de Abreu, 08/07/2011</p>
<br />Miradouro Cinematográficohttp://www.blogger.com/profile/07903931216347442007noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5438534101292804732.post-41914911349402626712011-05-23T15:08:00.008-03:002011-05-23T15:22:33.398-03:00Cannes 2011 ou quando o “patrulhamento ideológico” (quase?) se sobprepõe ao cinema<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiX9o_tH7Om8Nnf1U6rGbT3QoaqzhO1P32X_juiZUgnWYrn1JV3c49O9oxRqH_o1TNFoxi_qpxosqe0XpfpU2noth-ZjYqcXuw7MOyrcSCV4nc13g8p90dZOZCELRtGjEWnBjo_k0XSe9Q/s1600/lars-von-trier.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 206px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiX9o_tH7Om8Nnf1U6rGbT3QoaqzhO1P32X_juiZUgnWYrn1JV3c49O9oxRqH_o1TNFoxi_qpxosqe0XpfpU2noth-ZjYqcXuw7MOyrcSCV4nc13g8p90dZOZCELRtGjEWnBjo_k0XSe9Q/s320/lars-von-trier.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5609976404866442818" border="0" /> </a>Lars von Trier
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<br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi41hcackeC5zYXHtYXdQcW6GERhg58r4wMsOVgTmyKa6eYcSR4eRYbhhx56dTbCuxBBT1kFNeY21AY4qNY0hNuv4ayd1Z1N1rcXeFBdL9WIdrKuEVkLGZWYFhpVa502wNL8rYUVmZxMio/s1600/Melancolia_01.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 212px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi41hcackeC5zYXHtYXdQcW6GERhg58r4wMsOVgTmyKa6eYcSR4eRYbhhx56dTbCuxBBT1kFNeY21AY4qNY0hNuv4ayd1Z1N1rcXeFBdL9WIdrKuEVkLGZWYFhpVa502wNL8rYUVmZxMio/s320/Melancolia_01.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5609976249576287682" border="0" /></a> Melancholia
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<br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibrkccdUxD92hgrmektse7JAHr3frUhHpRpuMXeUNTYauVmJ1ZFLQqx-ZM9HZaVdSKKJ5GygXN8nxNWQ2izxQGRYROX2b92kI10kuCELJDqEmywnJKw8_HwFBfvrOaUXM1w7mLv6g7WOk/s1600/Arvore-da-Vida-22Abr2011.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 174px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibrkccdUxD92hgrmektse7JAHr3frUhHpRpuMXeUNTYauVmJ1ZFLQqx-ZM9HZaVdSKKJ5GygXN8nxNWQ2izxQGRYROX2b92kI10kuCELJDqEmywnJKw8_HwFBfvrOaUXM1w7mLv6g7WOk/s320/Arvore-da-Vida-22Abr2011.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5609976089478909474" border="0" /></a> A árvore da vida
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<br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirB3Ozfqk91O8Tmpq1isqHryQVnX0FbIo8JRHmAFBo6DqephSNqnVsY2US339WaRJX8I0qPsVcDNVFSm4h-1jEqqjLXFM6vDhbE3CnuxWN3AXtvdkhr43KXJwQMF3Of-HRa5uzv7GEo_A/s1600/Arvore-da-Vida-22Abr2011_230000000000000.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 290px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirB3Ozfqk91O8Tmpq1isqHryQVnX0FbIo8JRHmAFBo6DqephSNqnVsY2US339WaRJX8I0qPsVcDNVFSm4h-1jEqqjLXFM6vDhbE3CnuxWN3AXtvdkhr43KXJwQMF3Of-HRa5uzv7GEo_A/s320/Arvore-da-Vida-22Abr2011_230000000000000.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5609975902796137410" border="0" /></a> A árvore da vida
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<br /> <meta equiv="CONTENT-TYPE" content="text/html; charset=utf-8"> <title></title> <meta name="GENERATOR" content="OpenOffice.org 3.1 (Linux)"> <style type="text/css"> <!-- @page { margin: 2cm } P { margin-bottom: 0.21cm } A:link { so-language: zxx } --> </style> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;" align="JUSTIFY">
<br /></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> Em sua 64º edição, o festival de Cannes teve como protagonista uma polêmica não cinematográfica; trata-se da desastrada declaração do cineasta dinamarquês Lars von Trier, o qual, provocativamente, demonstrou simpatia para com Hitler e o nazismo. Certamente Trier sabia que estava mexendo em vespeiro, mas parece-me ter sido deveras ingênuo em não acreditar que a reação pudesse ser tão extrema (o cineasta foi expulso do festival, embora seu filme tenha permanecido entre os concorrentes). Ou será que sua afirmação de que estaria chocado com a reação não passa de puro cinismo? (não tenho e menor dúvida que Trier é profundamente perturbado, mas igualmente genial, persuasivo, corajoso, provocador, iconoclasta e etc.). Sua afirmação, segundo a qual “<i>Talvez Cannes tenha me expulsado para que eu me torne um rebelde maior</i>.”(<a href="http://ultimosegundo.ig.com.br/cannes/expulso+de+cannes+von+trier+acha+desagradavel+pedir+desculpas/n1596966883626.html">http://ultimosegundo.ig.com.br/cannes/expulso+de+cannes+von+trier+acha+desagradavel+pedir+desculpas/n1596966883626.html</a>) quiçá pode indicar que seu objetivo maior não era promover seu filme, mas sua visão de mundo (acabo de perceber que terei de esforçar-me imensamente para não converter este texto sobre Cannes numa hermenêutica pessoal da figura fascinantemente asqueirosa – ou asqueirosamente fascinante – e altamente contriversa de Trier). Fato é que a polêmica declaração não vitimou apenas a pessoa do cineasta, mas também seu filme, (em entrevista com Trier, intitulada “<i>Preciso beber e tomar remédio</i>”, a edição do último sábado 21/05/2011 do Jornal do Commercio, Caderno C, p. 4 informou que “<i>o novo longa-metragem de von Trier, Melancholia, que disputa a Palma de Ouro, pode ter sua distribuição internacional boicotada. A rede de cinemas DC, da Argentina, já descartou seu lançamento, que no Brasil está previsto para 5 de agosto</i>”); além disso, mais de uma das fontes por mim consultadas (uma delas antes da premiação, a título de previsão do que poderia ocorrer, outra, posteriormente, a título de explicação do ocorrido), afirmaram que “<i>Melancholia</i>” poderia sair da briga por premiações centrais (melhor filme, melhor diretor) por conta das declarações de seu relizador (saliente-se aqui: tais declarações de Trier nada têm a ver com o conteúdo do filme, ou seja, trata-se dum julgamento exôgeno, de pressões político-ideológicas externas ao âmbito cinematográfico). E, de fato, “<i>Melacholia</i>” foi agraciado tão somente com o prêmio de melhor atriz para Kirsten Dunst, o que gerou a seguinte pergunta: “<i>A escolha de Kirsten Dunst como melhor atriz, por 'Melancholia', esconde uma pergunta, apesar de seu bom trabalho: não teria sido um prêmio de consolação, depois de Lars Von Trier literalmente dar um tiro no pé ao levar uma piada longe demais?</i>” (<a href="http://ultimosegundo.ig.com.br/cannes/premiacao+tem+zebras+inexplicaveis/n1596971444326.html">http://ultimosegundo.ig.com.br/cannes/premiacao+tem+zebras+inexplicaveis/n1596971444326.html</a>), pergunta esta respondida positivamente pelo mesmo texto. </p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> Entretanto, nem só de Lars von Trier vive o cinema autoral de qualidade realizado atualmente, tendo sido o veterano “estadosunidense” Terrence Malick agraciado com a Palma de Ouro de melhor filme nesta polêmica 64º edição do festival de Cannes, com o filme “<i>A árvore da vida</i>” (The tree of life). Autor de filmes clássicos da década de 1970 como “<i>Terra de ningém</i>”(Badlandas, 1973) e “<i>Cinzas no paraíso</i>” (Days of heaven, 1978), Malick sumiu do mapa cinematográfico, retornando 20 anos depois, com o excepcional “<i>Além da linha vermelha</i>” (The thin red line, 1998). Penso que, se, por um lado, a recepção positiva de “<i>A árvore da vida</i>” não foi unânime (longe disso), não é menos verdade que o filme já era considerado um dos favoritos antes da “questão Trier” e que, embora “<i>Melancholia</i>” pudesse, num contexto político ideológico não tão flagrantemente desfavorável, ter brigado realmente pelo prêmio, não ficou no ar (ao menos assim me pareceu, de longe como estou) a sensação de que a escolha pelo filme de Malick tenha se dado exclusivamente pelo fato de Trier não poder ser premiado. </p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> Polêmicas à parte (a serem retomadas posteriormente aqui, em momento oportuno), fomos agraciados com duas promessas de filmaços de dois de meus cineastas favoritos (Malick apenas por “<i>Além da linha vermelha</i>”, seu único filme que assisti até então), Trier por seus últimos filmes (não me agradam os primeiros). Resta torcer para que o “patrulhamento ideológico” não inviabilize sua exibição por estas bandas (embora eu acredite que haverá estados brasileiros nos quais há chance real de isto ocorrer, infelizmente). </p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> Ps. não mencionei os demais filmes, pois desconheço não somente a eles, mas também a seus realizadores; porém, a coisa mais fácil do mundo é informar-se sobre os premiados via internet. </p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY">
<br /></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY">
<br /></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> Alberto Bezerra de Abreu, 23/05/2011 (redigido ao som de Rachmaninov)</p>
<br /> Miradouro Cinematográficohttp://www.blogger.com/profile/07903931216347442007noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-5438534101292804732.post-65200777201184477202011-05-04T17:09:00.004-03:002011-05-04T17:32:52.087-03:0015 anos do Cine PE: últimos dias!<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFbCd54j2iPcrYWRmaHlpYNW3U9kDOhKsD2bw9LdpO5UOBp2ZTn-k0_4C3o0NFd_xL1btUZzESB4aPkoq02OWq1WSJ12r3P6-nMcpie8BAtlnhnZiuNNXY8VvzLQVjnlQtcmSi6LiQRow/s1600/cine_pe_15_anos.jpgB"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 126px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFbCd54j2iPcrYWRmaHlpYNW3U9kDOhKsD2bw9LdpO5UOBp2ZTn-k0_4C3o0NFd_xL1btUZzESB4aPkoq02OWq1WSJ12r3P6-nMcpie8BAtlnhnZiuNNXY8VvzLQVjnlQtcmSi6LiQRow/s320/cine_pe_15_anos.jpgB" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5602961512142942834" border="0" /></a>
<br />
<br /> <meta equiv="CONTENT-TYPE" content="text/html; charset=utf-8"> <title></title> <meta name="GENERATOR" content="OpenOffice.org 3.1 (Linux)"> <style type="text/css"> <!-- @page { margin: 2cm } P { margin-bottom: 0.21 </style> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> Neste ano de 2011, o renomado festival de Cinema de Pernambuco (incialmente chamado "Festival de Cinema do Recife", atual "Cine PE Festival") completa 15 anos. Considerado o maior festival brasileiro em termos de expectadores por sessão, bem como tendo a platéia mais calorosa, a edição deste ano do evento se iniciou no último sábado (30/04/2011) e se encerrará na próxima sexta (06/05/2011).</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> Meu intento é o de comparecer ao evento todos os dias, intento este que tenho conseguido realizar até agora, apesar do dilúvio que insiste em cair em diversas partes do Estado (tanto no litoral quanto no interior). Pretendo, posteriormente, redigir resenhas pontuais sobre cada um dos filmes que assisti. Por hora, limito-me a enfatizar que o festival está acabando (sexta será o encerramento, havendo entrega de prêmios e exibição de apenas um filme, fora de competição, de modo que as duas últimas noites “valendo” serão a de hoje – quarta-feira, 4 de maio de 2011 e a de amanhã). Destaco, até então, os curtas “<i>Janela molhada</i>” e “<i>As aventuras de Paulo Bruscky</i>” (ambos pernambucanos, os quais eu já havia assistido), “<i>Fábula das três avós</i>”, “<i>Traz outro amigo também</i>”, bem como os educativamente subversivos longas “<i>Augusto Boal e o Teatro do Oprimido</i>” (que me fez conhecer esta figura essencial da cultura brasileira) e “<i>JMB, o famigerado</i>” (que fez-me interessar-me mais pelo hilário “mau velhinho” Jomard Muniz de Britto, “agitador cultural marginal” de Recife – ainda vivo, ao contrário de Boal). </p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY">
<br /></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> Alberto Bezerra de Abreu, 04/05/2011 </p>
<br />Miradouro Cinematográficohttp://www.blogger.com/profile/07903931216347442007noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5438534101292804732.post-83619598013180860072011-04-28T23:58:00.002-03:002011-04-29T00:24:59.067-03:00A última tentação de Cristo ou como uma ode é recebida como ofensa<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgquFRIZlDNSmS0d_BWIXw_IIORlIGTMysZd7IAODIB9Jqw8akCwCs5KeT42D-BJXjqjkOI7T8XqmeHRtOT5WRpruh_kAEbTCBo6kgYun-SERn9B-nv4zx6rum1-PMy8RgcIXj6Oyt-Ksg/s1600/F6FB1158112C8E040C3CD2913B1D3.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 187px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgquFRIZlDNSmS0d_BWIXw_IIORlIGTMysZd7IAODIB9Jqw8akCwCs5KeT42D-BJXjqjkOI7T8XqmeHRtOT5WRpruh_kAEbTCBo6kgYun-SERn9B-nv4zx6rum1-PMy8RgcIXj6Oyt-Ksg/s320/F6FB1158112C8E040C3CD2913B1D3.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5600841147650831058" border="0" /></a>
<br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkuLX_Pe3Zn7bmWLqRkwX6kApOA-sV5HhI8ZaGYkF6DAn-cOEh2DyPu0GZStX6ZFLlv5-JgGuxK_KD1ypm9FjAUXPRWHcRxKIt4IBmFfrIbe7ALCm4sbuR7Ydx9AHKDe4sgYbZenZAfCI/s1600/ultima+tenta%25C3%25A7%25C3%25A3o+de+cristo+1.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 248px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkuLX_Pe3Zn7bmWLqRkwX6kApOA-sV5HhI8ZaGYkF6DAn-cOEh2DyPu0GZStX6ZFLlv5-JgGuxK_KD1ypm9FjAUXPRWHcRxKIt4IBmFfrIbe7ALCm4sbuR7Ydx9AHKDe4sgYbZenZAfCI/s320/ultima+tenta%25C3%25A7%25C3%25A3o+de+cristo+1.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5600841023222380642" border="0" /></a>
<br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPsa83PtRncANB-6qQwk-KBK2G1zOLtRNlhy5G3XxzKnvMX5Vs79Z_fueFb8WdfpYw8Uirm1_lspvlfVH-aBr9xOfpt2VtvfzS2zRokUuOLE885p9hwcFljzBQi43Pv880cZMRu8Thqfc/s1600/tumblr_l7om4fNrmC1qzzh6g.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 212px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPsa83PtRncANB-6qQwk-KBK2G1zOLtRNlhy5G3XxzKnvMX5Vs79Z_fueFb8WdfpYw8Uirm1_lspvlfVH-aBr9xOfpt2VtvfzS2zRokUuOLE885p9hwcFljzBQi43Pv880cZMRu8Thqfc/s320/tumblr_l7om4fNrmC1qzzh6g.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5600840889814249026" border="0" /></a>
<br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgy_3eC-CLSQgLIPgzFOEwqrwSgpxe5X-Mk5Q5eeXqEiw7nTJmMjP9fgJTuwjNK3PNZGgMjkyzRJa4JprL6AEiyyCW0HjTIj2ZhBCSXs12Xb8K_SCVDqY0Be97uHbGqvcL7umKp16sCft8/s1600/A-%25C3%259Altima-Tenta%25C3%25A7%25C3%25A3o-de-Cristo.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 179px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgy_3eC-CLSQgLIPgzFOEwqrwSgpxe5X-Mk5Q5eeXqEiw7nTJmMjP9fgJTuwjNK3PNZGgMjkyzRJa4JprL6AEiyyCW0HjTIj2ZhBCSXs12Xb8K_SCVDqY0Be97uHbGqvcL7umKp16sCft8/s320/A-%25C3%259Altima-Tenta%25C3%25A7%25C3%25A3o-de-Cristo.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5600840705113195442" border="0" /></a>
<br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWwBomZ41HuTTRmC2Wt5RlAebhWBa10Kh-keHhiPjUx7E-u-A8M4selZZJ42pUse_AbW-6iCj2zSUHndNupzVNY94RuZ6uDMmHLEdQiqxU1yPlNDAE_gNGffGxeZaAC0ShOMA7LpCHdus/s1600/NDVD_004%255B5%255D.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 181px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWwBomZ41HuTTRmC2Wt5RlAebhWBa10Kh-keHhiPjUx7E-u-A8M4selZZJ42pUse_AbW-6iCj2zSUHndNupzVNY94RuZ6uDMmHLEdQiqxU1yPlNDAE_gNGffGxeZaAC0ShOMA7LpCHdus/s320/NDVD_004%255B5%255D.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5600839898351475762" border="0" /></a>
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<br /> <meta equiv="CONTENT-TYPE" content="text/html; charset=utf-8"> <title></title> <meta name="GENERATOR" content="OpenOffice.org 3.1 (Linux)"> <style type="text/css"> <!-- @page { margin: 2cm } P { margin-bottom: 0.21cm } --> </style> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> Meu nada recente repúdio ao cristianismo institucionalizado (anterior inclusive às leituras de Nietzsche) fez-me ter outrora algumas atitudes um tanto abusadas, como quando, no Ensino Médio, pintei uma cruz de ponta cabeça em minha farda, pondo os números 6,6,6, respectivamente ao lado/ em baixo das três pontas do símbolo (mas como a camisa era azul escura e a “arte” tomava o preto como efetivador), o desenho ficou discreto. Já a insistência em comer carne durante a semana santa durou mais tempo (confesso que neste ano, tendo demasiadas coisas mais urgentes com as quais me preocupar, nem pensei nisso, apesar de que de hoje acabei comendo pirão com guisado de boi). No entanto, minha verve herética se manifestou nesta semana santa no plano cinematográfico: resolvi assistir novamente “<i>A última tentação de Cristo</i>” de Martin Scorsese. Conheci tal obra através de um amigo que a trouxe, há alguns anos (uns três acredito eu, talvez mais). Lembro-me de ter apreciado a obra, mas tendo ficado com uma pulga atrás da orelha em relação a seu conteúdo supostamente polêmico. </p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> Acontece que se trata do famoso filme que mostra Jesus se casando com Maria Madalena. A questão fundamental é em que contexto isso se dá. Ora, meus conhecimentos acerca do cristianismo são parcos; quando cursei a disciplina “filosofia da religião” escolhi traçar uma comparação entre judaísmo e islamismo justamente com o intuito de, ao conhecer um pouco de ambas as religiões, tentar investigar até que ponto suas divergências justificariam seu conflito bélico e constatei que a questão é essencialmente política, pois no plano estritamente religioso elas têm muito mais em comum do que um leigo (como eu) poderia supor e fiz tal escolha também com o intuito de não estudar o cristianismo. Voltando a este último, o filme parece-me ser bem tradicional até chegar na “heresia” próxima do final. A exceção é uma cena em que Cristo está num leito ao lado de vários homens os quais, um a um possuem uma mulher. Após todos se saciarem, ele se aproxima da tal mulher (deitada numa cama/ esteira e despida) e esta, ao perceber de quem se tratava, se cobre com um pudor insuspeito caso se tratasse de qualquer outro homem. Mas este era Jesus e a mulher em questão era Madalena. Somos então informados de que eles se conhecem desde a infância e de que ela é apaixonada por ele que, por sua vez, parece correspondê-la, mas não da mesma forma (a mim, pareceu ser o sentimento dele mais o seguinte: não querer seguir os desígnios do “Senhor”, mas viver uma vida comum com mulher e filhos, sendo Madalena uma boa opção, mas não propriamente uma paixão – tal interpretação está aberta a controvérsias, claro). </p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> No mais, o filme parece retratar a jornada de Cristo de forma bastante tradicional (aliás, o fato de ele fazer cruzes e de conhecer Judas antes dos demais apóstolos também me soou estranho, mas como passei longe da Bíblia até então não posso especular mais a fundo sobre a fidelidade do filme aos textos “Sagrados”). Insisto nesta questão da fidelidade por dois motivos: 1) o filme se inicia com a afirmação de que não se inspira nos Evangelhos; 2) tudo que vá contra os textos “Sagrados” é taxado de herético, infame e mentiroso pelos cristãos donos da verdade . </p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> No decorrer do filme, lá estão as passagens mais célebres da vida de Jesus, conhecidas por todos que tenham o mínimo de cultura cristã, mesmo que não tenha sequer chegado perto da Bíblia; Cristo salvando Madalena do apedrejamento perguntando “quem nunca pecou” (o interessante aqui é que um ancião não intimidado com tal assertiva dizia não ter o que esconder, sendo necessário ao Messias mencionar alguns de seus podres – o fato de enganar seus empregados, bem como um romance indevido – de modo que o argumento me pareceu mais psicológico que moral – enquanto for possível negar meus pecados não hesitarei em apedrejar, mas não ouso faze-lo se muitos sabem de minhas faltas); o batismo de Jesus por João Batista; as meditações e a provação das tentações no deserto (merece destaque aqui a confiança adquirida por Cristo após tal provação, questão essa que mencionarei mais a frente); os milagres (fazer um cego voltar a enxergar, transformar água em vinho); a fúria contra os mercadores no templo; a última ceia; o beijo de Judas.</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> É interessante a caracterização inicial de um Cristo atormentado, cheio de dúvidas no qual o sentimento predominante é o medo. Ao começar a criar confiança de poder realmente efetivar os desígnios de Deus, faz ele um discurso que não repercute exatamente como o esperado; fala de amor, mas afirma que “os que riem hoje amanhã chorarão” e acaba involuntariamente incitando muitos à violência, ao que ele retruca, decepcionado “eu não disse morte, disse amor”. Após receber o machado de João Batista, Jesus fala em guerra (o que para mim parece mais algo metafórico, ainda que no templo ele efetivamente destrua barraca dos mercadores); no entanto, após o amor e o machado/ guerra, percebe ele que o caminho é o (auto) sacrifício. (As oscilações entre o Jesus medroso e angustiado do início, confiante e altivo pós encontro com João Batista, provações no deserto e “embate” com os mercadores e em desespero após a última ceia, implorando a Deus que haja outro jeito que não seja sua morte na cruz expressam a meu ver uma caracterização verossímil de um homem que enfrentou um grande fardo e realizou um grande feito). Ponto para Scorsese (e para Nikos Kazantzakis, autor do livro no qual o filme foi inspirado) que enfatizaram o lado humano de Cristo (sem negarem seu lado divino – o que pessoalmente considero um ponto negativo). </p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> Um dos aspectos mais interessantes da obra é, sem dúvida, a caracterização de Judas; enviado para assassinar Cristo, resolve segui-lo. Quando este encontra outros apóstolos, Judas (Harvey Keitel, ótimo como sempre) queixa-se serem todos eles muito fracos. Só ele seria forte o suficiente. E essa força ser-lhe-ia cobrada de forma deveras exigente; Cristo não só sabia da “traição” de Judas, mas lhe pedira para perpetrá-la. Desse modo, penso eu, não se pode falar propriamente em traição. Na realidade, só Judas seria suficientemente forte para realizar tal ação, a ponto de Cristo dizer que sua tarefa era mais fácil que a de seu fiel apóstolo. No filme não vemos um Judas trair Jesus por dinheiro, mas – paradoxalmente! – por extrema fidelidade a seu mestre. Tal fato me soa de uma beleza trágica que permite uma analogia bastante significativa: se amo alguém, mas tenho motivos para pensar que tal pessoa será mais feliz com outrem, desistir de tal pessoa não é uma prova de não ama-la, mas, – paradoxalmente – uma prova suprema de amor (desde que tal renúncia tenha sido feita realmente em prol da felicidade do ser amado, e não em virtude de meu medo de ser feliz com a pessoa amada). </p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> Cristo é posto na Cruz; chegamos aqui ao ponto culminante da obra? De forma alguma. Em pleno tormento do Messias, que se pergunta “pai, por que me abandonas-te?”, vemos se desenhar a heresia; diante dele surge uma garota de cabelos loiros que aparenta ter entre 9 e 12 anos, um verdadeiro anjo que veio salvar o salvador da humanidade (e a interpretação da garota é soberba). Deus pediu a Abraão que matasse seu filho, mas quando este provou que o faria, foi impedido. O mesmo se dava então com Jesus, que após tanto sofrer havia cumprido sua missão e não precisaria sacrificar a própria vida. Assim, Cristo escapa de seu destino trágico tao bem conhecido por todos nós ocidentais, sejamos nós cristãos, anticristãos ou qualquer um dos meio-termos existentes entre estes dois extremos. Em cena breve e discreta, vemos Jesus possuindo Madalena. Esta engravida dele, mas acaba falecendo. A “anja”, porém o persuade a arrumar outra esposa, afinal “todas são Madalena, só que com rostos diferentes”. Ele não só arruma esposa, como tem filhos. Encontra então Saul (Paulo) pregando em nome do cristianismo e contando como o Messias foi morto na cruz para nos salvar; Jesus o refuta, dizendo estar vivo e aquele lhe responde dizendo que dá às pessoas a verdade da qual elas precisam (ou seja, afirma explicitamente que não se preocupa em ser fiel aos fatos, mas em ser o mais persuasivo possível, o que provavelmente aconteceu realmente, visto que Cristo nada deixou escrito...). </p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> Jesus envelhece, e próximo de sua morte recebe a visita dos apóstolos; todos lhe são condescendentes, menos Judas; este lhe revela que a “anja” é na verdade o demônio e que ele (Jesus) renunciou a Deus ao aceitar não morrer na cruz. Esta revelação é, de fato, deveras surpreendente. Temos um Jesus covarde, traidor. Nada mais herético, não? Mas ai temos a segunda virada de mesa do filme (e a grande questão a se discutir é até que ponto esta atenua ou mesmo anula a primeira): Jesus ancião (brilhantemente interpretado por Willem Dafoe – ele me parece melhor interpretando o Cristo ancião, apesar de se sair muito bem interpretando o Cristo jovem) cambaleia até o lugar onde fora fixada a cruz na qual ele fora pregado e pede perdão a Deus; vemos então ele novamente jovem, preso à cruz (o que indica que esta sua renúncia ao sacrifício não passou de um sonho). É indiscutível a grande engenhosidade destas duas viradas de mesa (não sei até que ponto isso é produto original do romance...). </p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> Em suma, parece-me que a obra supostamente herética, no fundo constitui uma exaltação da figura de Cristo, essa não sendo ingênua e inverossímil como aquelas que o concebem como infalível (qual seria o mérito de suportar o sofrimento se o sofredor fosse imune a ele?). Não deixa, porém, de ser corajosa, ao apontar caminhos logo taxados de heréticos. Um belo filme, sem dúvida, e que nos faz pensar, e muito (se estivermos dispostos a isso).</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> Em tempo: não tenho nada contra a figura de Cristo (ainda que minha visão sobre ele seja mais a de um homem a frente do seu tempo – como foram outros antes e depois dele – do que a de um santo ou mais que isso) nem contra o cristianismo puro (se é que isso existiu!), mas contra o que chamo de cristianismo institucionalizado, ou seja, a religião transformada em instrumento de opressão e dominação, auto-intitulada portadora duma verdade inquestionável (acredito que isso começou com Paulo e a fundação da Igreja Católica, mas posso estar enganado; não estou enganado, entretanto, quanto a abundante bestialidade perpetrada em nome de Deus, sejam por cristãos de diferentes cisões, seja por adeptos de outras religiões). A isso, deixo expresso meu mais visceral repúdio. </p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY">
<br /></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;" align="JUSTIFY">
<br /></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;" align="JUSTIFY">Alberto Bezerra de Abreu 02/04/2010 (redigido ao som de Chopin e Villa-Lobos)</p> Miradouro Cinematográficohttp://www.blogger.com/profile/07903931216347442007noreply@blogger.com2