domingo, 23 de outubro de 2011

PostHeaderIcon Uma postagem bem “twitteira” sobre Spike Lee




O que sempre me fez ter ressalvas em aderir ao Facebook e nutrir ojeriza a priori pelo Twitter (ou seja, desprezá-lo sem nunca ter nem mesmo visitado sua página) foi o padrão hegemônico do “veja tudo o que todo mundo está fazendo”, padrão este incorporado pelo Orkut e que demorei a descobrir como eliminar (nada mais irritante que entrar na minha conta e ver uma lista com tudo o que meus contatos fizeram naquele espaço virtual recentemente). Penso da seguinte forma: se quiser saber o que fulano, beltrano ou sicrano postaram (fotos, vídeos, poemas, enfim), basta ir até seu perfil; não preciso nem aprecio este cardápio virtual que me era imposto a contragosto só pelo fato de eu fazer parte de uma rede social, embora utilizando-a de forma um tanto idiossincrática (ao menos existe a possibilidade de desativa tal opção sem ter de sair da rede social, opção esta negada no que concerne a receber diariamente odiosos telefonemas com oferecimentos de indesejados cartões de créditos, entre outras coisas). Entretanto, em virtude da arrebatadora preguiça que me dominou, impedindo-me não só de escrever novos textos para o blog, mas mesmo de postar textos já prontos (sejam meus, sejam de meu até agora único colaborador Pedro Tenório, que tem mais de um texto “no prelo”), opto por uma postagem essencialmente singela, a qual consiste justamente em dizer o que ando “respirando” no âmbito artístico-cultural.

Minha paixão pelo rock’n roll data de minha levemente longínqua adolescência. Já o jazz, só nela entrou muito recentemente, em que pese meu interesse antigo por ele (e penso que o motivo principal desta demora foi justamente ele/a: a onipresente preguiça!). Pois bem, os primórdios de minha incursão no mundo “jazzístico” deram-se há pouco mais de um mês (por volta de setembro de 2011), quando avistei numa banca de revistas um DVD integrante duma coleção dedicada ao estilo. Tratava-se da coleção que trazia DVDs com documentários de Ken Burns e livretos com textos e fotos; o primeiro que adquiri foi o volume 8, com Charlie Parker na capa. Antes disso, havia baixado dois álbuns particularmente clássicos do Miles Davis: “Bitches Brew” (ao ler uma matéria no Jornal do Commercio intitulada “A bruxa que enfeitiçou Miles Davis”) que apresentava este disco duplo como o início do fusion – fusão do jazz com o rock –, não pude deixar de elegê-lo como inaugurador de minha incursão no estilo) e “Kind of blue” (este contando com participação de John Coltane); entretanto, meu mergulho mais contundente no mundo jazzístico deu-se quando baixei alguns discos da série justamente de Ken Burns (desta vez não documentários em áudio-vídeo, mas coletâneas de vários nomes consagrados do estilo, como Louis Amstrong, Charlie Parker, Thelonious Monk, Miles Davis, Charles Mingus, Ella Fitzgerald, Art Blakey, Dizzy Gillespie, Duke Ellington, Dave Brubeck, entre outros).

Por coincidência (ou não?), acabei adquirindo na mesma época o livro “História social do jazz” de Eric Hobsbawm, na Bienal do Livro de Pernambuco; já sabia da existência da obra e tinha interesse nela por basicamente dois motivos: meu apreço pelas obras do autor que conhecera em meus estudos de História e meu interesse pelo jazz, acerca do qual nada sabia. Contudo, não o procurei, mas foi ele (o livro) quem veio até mim no estande da editora Expressão Popular.

Outro passo decisivo para adentrar de cabeça no mundo do jazz foi a descoberta do site http://www.ejazz.com.br/ (que me foi indicado por Mariana Mayer, a quem dedico esta postagem). Por fim, ao ler que raros jazzistas foram tão combativos em relação ao racismo quanto Charles Mingus (embora o estilo jazz por si tenha constituído uma vanguarda anti-racismo nos EUA), não pude deixar de fazer um link direto com o cineasta também estadunidense Spike Lee.

Em que pese o fato de Lee ser um grande problematizador dos gravíssimos conflitos étnicos em seu país, atendo-se prioritariamente ao setor “afro-descendente” (leia-se negro), sem, contudo, cair numa visão maniqueísta, o que me fez adquirir recentemente um Box de filmes deste cineasta foi menos seu engajamento étnico do que minha memória afetiva. Explico: quando era ainda criança/ pré-adolescente, assisti na TV a um filme chamado “Mais e melhores Blues”, do qual gostei deveras; embora vez por outra lembrasse dele, foi este meu mergulho no jazz que me fez ir atrás da obra e assim cheguei no Box de Lee (“Mais e melhores blues”, de 1990 integra o Box, juntamente com mais cinco filmes: “Faça a coisa certa” (1989); “Febre da selva” (1991); “Crooklyn” (1994); “Irmãos de sangue” (1995) e “O plano perfeito” (2006)). Ontem assisti “Faça a coisa certa” e achei-o excelente, cabendo destacar uma cena em que o locutor de rádio interpretado por Samuel L. Jackson cita uma penca de músicos negros (a maioria do jazz), deixando bastante claro o quão grande foi a contribuição negra para a cultura humana em geral e estadunidense (país hiperbolicamente racista) em particular.

Aguardem textos sobre os filmes de Spike Lee e sobre o próprio, mas tenham paciência, pois deve demorar. Por enquanto, assistam a eles.

Alberto Bezerra de Abreu 22-23/10/2011, redigido ao som de clássicos do jazz

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Alguém que escreve para viver, mas não vive para escrever; apaixonado pelas artes; misantropo humanista; intenso, efêmero e inconstante; sou aquele que pensa e que sente, que questiona e duvida, que escapa a si mesmo e aos outros. Sou o devir =)
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