domingo, 20 de junho de 2010
Breves considerações a respeito do Oscar® 2010: dicotomia forma versus conteúdo?
23:19 |
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Miradouro Cinematográfico |
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Guerra ao terror
Bastardos inglórios
A fita branca
Perdi qualquer interesse pelo Oscar ainda antes de deixar a pré-adolescência. Na verdade, listas e premiações me parecem excessivamente questionáveis. Afinal de contas, quais os critérios para julgar a qualidade de algo objetivamente? No caso do Oscar há agravantes: tudo ali me cheira a artificialismo. Parece-me tudo mera encenação. Cannes me parece bastante questionável, porém sério. O Oscar não. Afinal de contas, como levar a sério uma premiação que indica um filme como “Avatar” a categoria de melhor filme?
Abro aqui um parêntese para denunciar minha arbitrariedade de julgamento: não assisti “Avatar”. No entanto, pelo que li a respeito (e nem se tratava duma crítica detratora), bem como pelo trailer que assisti (quando fui ver “Bastardos inglórios” em novembro de 2009, última vez que pisei num cinema comercial, o que voltei a fazer após anos de abstinência), me senti impelido a não ir. Se, por um momento pensei em ir foi só pelo fato de a resenha vender o filme como uma verdadeira revolução técnica da sétima arte, comparável talvez à aquisição de som e cor. Isso muito me interessa por eu estudar teoria do cinema. Afinal de contas, quanto maior for a potencialidade da forma (e nosso poder de manipulá-la), maiores serão as potencialidades do conteúdo. O problema de “Avatar” parece ser o de que o conteúdo não passa de mera justificativa (ou antes desculpa) para mostrar-se a excelência técnica alcançada. Os efeitos especiais parecem então terem fim em si mesmos, sendo o enredo algo secundário. Talvez haja exagero em meu argumento, mas não acredito que ele seja de todo destituído de validade.
Fechado o parêntese, voltemos ao Oscar 2010 (de maneira bastante breve, pois me faltam informações e, sobretudo paciência para tecer maiores comentários a respeito). A cerimônia do presente ano mereceu atenção acima da média por conta da acirrada polarização entre o milionário (e apostador na forma) “Avatar”, de James Cameron e o “pobre” (e supostamente apostador no conteúdo) “Guerra ao terror”, de Kathryn Bigelow. Não por acaso cada filme foi indicado a nove categorias; os dois cineastas foram casados, o que confere maior dramaticidade à polarização. Apesar da mediocridade de tal apelação (e não fui eu quem inferiu que o empate técnico em indicações foi estrategicamente calculado; reproduzo aqui algo que li num jornal, por ter achado uma interpretação bastante coerente com aquilo que conheço da cerimônia do Oscar), acredito num avanço: trata-se da indicação de 10 filmes (antes eram 5), o que garante maior versatilidade (palavra essa que parece incomodar aos conservadores votantes da cerimônia em se tratando de inovações).
Dentre todos os indicados, assisti apenas a dois (“Bastardos inglórios”, como já havia dito – o qual gostei, mas não tanto quanto outros de Tarantino, sobretudo os dois primeiros – e “A fita branca”, do qual não gostei). Partindo desta falta de informação e de interesse acerca da cerimônia deste ano (só não estive de todo alienado dela por ter lido duas ou três matérias de jornais – já que quase sempre dou uma olhada nas páginas de cultura nos fins de semana), limitar-me-ei a comentar minhas previsões; dentre as poucas que me atrevi a fazer, só errei em uma: jurava que Meryl Streep (“Julie & Julia”) ganharia o Oscar de atriz principal, desbancando Sandra Bullock (“Um sonho possível”). Jeff Bridges (“Coração Louco”) e Christoph Waltz (“Bastardos inglórios”), respectivamente como atores principal e coadjuvante não me surpreenderam. Em relação ao filme estrangeiro, adorei a vitória de “O segredo de seus olhos” (Argentina) desbancando “A fita branca” (Alemanha, supostamente favorito) e “A teta assustada” (Peru), mas não havia feito nenhuma previsão a respeito. Quanto à vitória de Bigelow como melhor diretora (desbancando Cameron também na categoria melhor filme), não me surpreendeu (mas não saberia explicar o motivo).
Em suma, mais uma premiação do Oscar que pouco ou nada acrescenta aos apreciadores dum cinema autoral, (algumas vezes pretensamente, outras vezes efetivamente mais profundo). Se alguém souber o motivo de eu ter perdido tempo redigindo um texto sobre isso me avise.
Alberto Bezerra de Abreu (março/abril de 2010)
Abro aqui um parêntese para denunciar minha arbitrariedade de julgamento: não assisti “Avatar”. No entanto, pelo que li a respeito (e nem se tratava duma crítica detratora), bem como pelo trailer que assisti (quando fui ver “Bastardos inglórios” em novembro de 2009, última vez que pisei num cinema comercial, o que voltei a fazer após anos de abstinência), me senti impelido a não ir. Se, por um momento pensei em ir foi só pelo fato de a resenha vender o filme como uma verdadeira revolução técnica da sétima arte, comparável talvez à aquisição de som e cor. Isso muito me interessa por eu estudar teoria do cinema. Afinal de contas, quanto maior for a potencialidade da forma (e nosso poder de manipulá-la), maiores serão as potencialidades do conteúdo. O problema de “Avatar” parece ser o de que o conteúdo não passa de mera justificativa (ou antes desculpa) para mostrar-se a excelência técnica alcançada. Os efeitos especiais parecem então terem fim em si mesmos, sendo o enredo algo secundário. Talvez haja exagero em meu argumento, mas não acredito que ele seja de todo destituído de validade.
Fechado o parêntese, voltemos ao Oscar 2010 (de maneira bastante breve, pois me faltam informações e, sobretudo paciência para tecer maiores comentários a respeito). A cerimônia do presente ano mereceu atenção acima da média por conta da acirrada polarização entre o milionário (e apostador na forma) “Avatar”, de James Cameron e o “pobre” (e supostamente apostador no conteúdo) “Guerra ao terror”, de Kathryn Bigelow. Não por acaso cada filme foi indicado a nove categorias; os dois cineastas foram casados, o que confere maior dramaticidade à polarização. Apesar da mediocridade de tal apelação (e não fui eu quem inferiu que o empate técnico em indicações foi estrategicamente calculado; reproduzo aqui algo que li num jornal, por ter achado uma interpretação bastante coerente com aquilo que conheço da cerimônia do Oscar), acredito num avanço: trata-se da indicação de 10 filmes (antes eram 5), o que garante maior versatilidade (palavra essa que parece incomodar aos conservadores votantes da cerimônia em se tratando de inovações).
Dentre todos os indicados, assisti apenas a dois (“Bastardos inglórios”, como já havia dito – o qual gostei, mas não tanto quanto outros de Tarantino, sobretudo os dois primeiros – e “A fita branca”, do qual não gostei). Partindo desta falta de informação e de interesse acerca da cerimônia deste ano (só não estive de todo alienado dela por ter lido duas ou três matérias de jornais – já que quase sempre dou uma olhada nas páginas de cultura nos fins de semana), limitar-me-ei a comentar minhas previsões; dentre as poucas que me atrevi a fazer, só errei em uma: jurava que Meryl Streep (“Julie & Julia”) ganharia o Oscar de atriz principal, desbancando Sandra Bullock (“Um sonho possível”). Jeff Bridges (“Coração Louco”) e Christoph Waltz (“Bastardos inglórios”), respectivamente como atores principal e coadjuvante não me surpreenderam. Em relação ao filme estrangeiro, adorei a vitória de “O segredo de seus olhos” (Argentina) desbancando “A fita branca” (Alemanha, supostamente favorito) e “A teta assustada” (Peru), mas não havia feito nenhuma previsão a respeito. Quanto à vitória de Bigelow como melhor diretora (desbancando Cameron também na categoria melhor filme), não me surpreendeu (mas não saberia explicar o motivo).
Em suma, mais uma premiação do Oscar que pouco ou nada acrescenta aos apreciadores dum cinema autoral, (algumas vezes pretensamente, outras vezes efetivamente mais profundo). Se alguém souber o motivo de eu ter perdido tempo redigindo um texto sobre isso me avise.
Alberto Bezerra de Abreu (março/abril de 2010)
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- Alguém que escreve para viver, mas não vive para escrever; apaixonado pelas artes; misantropo humanista; intenso, efêmero e inconstante; sou aquele que pensa e que sente, que questiona e duvida, que escapa a si mesmo e aos outros. Sou o devir =)
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8 comentários:
Cara eu acho o OSCAR interessante. não pela vitória do filme A ou B, mas pelo evento social mesmo. É um ritual. Junta-se toda a indústria do cinema mundial, atores, atrizes, diretores,etc. São expectativas programadas.
Bem, eu torci por Avatar, que assisti 3 vezes, nenhuma em 3d (o que parece não fazer sentido algum). Assisti guerra ao terror 2 vezes, mas só uma bastava, a segunda foi para não deixar meu pai ver o filme sozinho.
Sim, o meu critério para torcer por Avatar foi "inovação". técnica e estética. O roteiro é bem basicão, qualquer filme do james bond ou do indiana jones barra ele. a premiação para guerra ao terror foi puramente política. Não chega nem perto de um "nascido para morrer" por exemplo.
pergunta: por que o Oscar se preocuparia com o cinema autoral ?
*nasci para matar - full metal jacket
Acredito que meu argumento foi suficientemente claro a este respeito: meu desprezo pela cerimônica do Oscar não se dá simplesmente por eu discordar de algumas (muitas?) de suas premiações, mas antes por considerar a própria ceriômica, ou "evento social", para utilizar um termo seu, artificial. Tudo cheira a muito glamour, aparência, forma e a pouca substância, conteúdo.
A inovação técnica de "Avatar" parece obvia mesmo àqueles que, como eu, não o assistiram; mas qual seria sua inovação estética?
Parece-me coerente torcer por "Avatar" especificamente naquilo que ele é bom: na forma (parte técnica); sendo ele "bem basicão" no enredo, parece-me que não mereceria sequer ser indicado a melhor filme (penso que tal premiação deva ater-se ao conjunto da obra e "Avatar" peca no conjunto).
Também não assisti "Guerra ao terror", mas a sensação de indicação/ premiação de cunho político me parece um argumento válido, referindo-se não apenas a questão política stricto sensu da guerra, mas ao imperativo politicamente correto de dar o Oscar a uma diretora (mulher), sem contar que Cameron já ganhou coisas demais (talvez por isso Meryl Streep tenha perdido para Sandra Bulock). Rodízios são necessários de vez em quando...
Bem, de fato não faz sentido o Oscar preocupar-se com cinema autoral pois ele privilegia o puro entretenimento (leia-se cinema essencialmente comercial e escapista); não estou afirmando que um filme que seja predominantemente ou mesmo exclusivamente voltado para o entretenimento seja necessariamente ruim, mas afirmo que em geral os filmes autorais são muito superiores ainda que alguns acabem sendo demasiado pretenciosos e chatos. Por exemplo, após descobrir o cinema europeu (Bergman, Herzog só para citar dois dos meus favoritos), dificilmente tenho interesse em assistir a algum hollywoodiano. Convém escolher o que é melhor, ou pelo menos o que me parece melhor.
Ps: Hollywood possui sim coisas boas, mas volta-se cada vez mais para rostinhos bonitos, efeitos especiais e enredos que divertem sem gerar reflexão. Isso pouco me interessa. Se quiser me divertir prefiro ir para um bar. Evidentemente minha visão sobre cinema é demasiado exigente e mesmo um tanto (muito?) elitista.
Assisto ao Oscar desde que me conheço por gente, ou seja, faz muitos anos, não vou dizer que é da época em que já me considerava uma amante da Sétima Arte, mas faz bastante tempo mesmo, não lembro ao certo. De uns 2 anos para cá foi que parei de assistir, não por achar que o evento não tivesse a sua importância, mas por começar a acha-lo bastante maçante e no velho estilo “American Way of Life” tudo muito bonitinho e puritano. Digamos que quando eu era mais jovem eu me importava se um filme do qual eu tivesse gostado, não recebesse o seu devido mérito, mas hoje em dia pra mim tanto faz, o que importa é minha visão acerca de devidas obras.
Falando agora de Avatar e sua indicação, assisti ao filme no cinema, e realmente posso dizer que ele possui muitos efeitos visuais espetaculares, que mascaram a todo momento a enorme falta de enredo, e a história tem um teor mínimo e é de facílima compreensão, de acordo com a minha mãe é um “Dança com Lobos” com índios azuis, quanto a isso não posso afirmar nem desafirmar, pois até então nunca assisti a “Dança com Lobos” não por falta de oportunidades, mas por não me interessar mesmo. Posso afirmar que Avatar é um filme assistivel e nada mais que isso, não pretendo assistir uma segunda vez, mas vale-se ressaltar que ele tem sua importância, e essa importância estar presente justamente no que você menospreza Seu Alberto “os efeitos especiais” que diga-se de passagem são estonteantes, e eis um novo marco na história do cinema, não estou dizendo que efeitos especiais, sonoros, enfim o que sejam tenham mais importância que o enredo do filme, mas que de certa forma eles tem importância, desde seu surgimento o cinema passou por enormes inovações que não foram bem aceitas no início, pode-se dar como exemplo a passagem do cinema mudo para o sonoro, que foi arduamente criticada por Chaplin, o qual acabou por aderi-la, entre outras inovações, James Cameron há bastante tempo vem inovando em efeitos dentro na indústria cinematográfica, desde do seu “Exterminador do Futuro”, que se assistirmos nos dias atuais não acreditamos que certos efeitos poderiam ser tão bons para época, e para época foram uma enorme inovação. Não concordo, contudo que Avatar tenha concorrido a melhor filme, mas o tempo em que nós vivemos é outro, as pessoas não estão ávidas por filmes que tenham apenas histórias, mas sim filmes cheios de inovações e essas seriam tecnológicas, as pessoas não se preocupam com a concepção da história e sim com o “prazer” que ela possa lhes proporcionar e esse “prazer” seria mais visual, afinal uma imagem as vezes fala mais do que mil palavras, diga-se de passagem o cinema é encarado apenas como diversão e não como um meio de reflexão, apesar de estarmos passando por uma era chamada da “Era da Informação” as coisas podem ser bastante restritas, por exemplo, uma pessoa quando vai ao cinema ela pode escolher entre assistir a um filme de arte ou a um filme comercial? Não, pois simplesmente não há espaço para cinema de arte, alternativo ou qualquer que seja o nome e muito menos divulgação deste, as pessoas são muitos passivas elas não procuram, mas sim esperam receber, o mesmo vale-se para outros âmbitos artísticos, como o musical, tudo é uma questão de escolha, mas o que fazer quando não se pode escolher, pois só há uma opção? Para assisti filmes de arte é necessário que você procure, raramente eles virão até nós.
Talvez o Oscar indique esses filmes, porque é o que as pessoas assistem e conhecem, é o que as pessoas julgam que deveriam ser premiados, se formos olhar para os filmes nomeados no passado, simplesmente eram filmes grandiosos, mas as épocas eram outras, não havia o aval da tecnologia, era aquele filme ou nada, esse nada seria ficar chupando dedo em casa. O Oscar teve momentos gloriosos e inesquecíveis, como posso citar, quando Marlon Brando recusou o seu prêmio, e mandou a indiazinha fazer um discurso, entre outros. Persistiu por momentos caóticos. Têm seus grandes clichês, como o fato de Meryl Streep soltar um peido em qualquer filme e concorrer ao Oscar ou qualquer outro prêmio que seja, não estou desmerecendo o seu trabalho, porém não são todos que ela cativa, o último com certeza foi quando ela interpretou a freira que julgava as canetas esferográficas como obra do demo em “Dúvida” ela estava maravilhosa, foi um bom ano para o Oscar – acho que esse foi o último que assisti – ótimos filmes concorreram, inclusive o vencedor “Slumdog Millionaire”, outro clichê sem dúvida foi a vitória de Hale Berry – acho que é assim que se escrever – e Denzel Washington, ganharam como melhores atores, um “marco” para o Oscar, já que os dois são negros, achei patético, isso concretiza mais ainda o preconceito, não assisti ao filme por qual ela ganhou, mas assisti a outros que ela fez e diga-se de passagem a garota é meia boca, não posso falar o mesmo de Denzel, excelente ator mas não creio que por esse filme. No tudo o Oscar tem sua história, é mais do que uma noite brega, onde as pessoas se encontram em vestidos e smokings galantes, e quando sobem ao palco soltam a memorável frase “The Goes To”, afinal quem nunca sonhou subindo aquele palco e agradecendo pelo Oscar ganhado? Eu já, inúmera vezes.
Enfim acho que isso é tudo que tenho a falar, creio que me excedi bastante, falei muita besteira, onde o Oscar para mim nos tempos atuais nem fede ou ao menos cheira, fico por aqui, e até o Oscar 2011.
Em primeiro lugar, quero esclarecer que não nego importância ao Oscar (tanto por constituir uma deveras eficiente forma de divulgação/ promoção de filmes, como por prestar reconhecimento – ainda que por vezes de forma indevida – a diversos profissionais que trabalham para tornar o cinema realidade). Minha crítica vai justamente no sentido que a srta. falou: artificialismo, formalidade excessiva.
De fato, Isabele, como vives noutro mundo, a opinião de qualquer outrem lhe é insignificante rs.
Ai não; eu assisti “Dança com lobos” (a anos atrás, é verdade) e achei um belo filme. Mesmo que seja clichê e quiçá piegas, acredito que compara-lo a “Avatar” seja um crime, afinal este último se assenta exclusivamente em efeitos especiais (ou seja, na forma), o que não podemos dizer daquele.
OLHA AI A DETURPAÇÃO!!!!! Eu menosprezo os efeitos especiais? Não é o caso e acredito ter sido muito claro a este respeito no texto, mas se não fui, tentarei sê-lo agora. Minha bronca dar-se tão somente quando os efeitos especiais de tornam fim e não meio (para expressar um enredo); “O senhor dos anéis” possui efeitos especiais estonteantes (não só para a época, mas ainda hoje – Gollum é um marco não só técnico, mas expressivo), mas tais aspectos técnicos se subordinam ao enredo. Filme sem enredo para mim só pornô ou algum muito experimental, beirando o avacalhado, como que intentando reproduzir uma experiência entorpecente das mais viajadas (não assisti nenhum do tipo ainda, infelizmente). Evidentemente há filmes com enredos complexos, intricados, fragmentados, não-lineares e o escambal, mas ainda assim trata-se de enredos.
Concordo que uma imagem por vezes vale mais que mil palavras, sobretudo na presente era do “áudio-visual”, na qual este último prevalece. E principalmente em algo como o cinema. Porém há imagens, imagens e imagens. Explico: a plasticidade em detrimento das palavras pode se dar por uma bela fotografia (vide filmes de Bergman, “O anticristo” de Lars von Trier, “Amor além da vida”, entre outros); pode se dar pelo conteúdo do que é mostrado, ou seja, por uma cena que chame muita atenção, como um coito, ou agressão/ assassinato; ou pode se dar por efeitos especiais vertiginosos. Um belo exemplo do primeiro caso é “A fita branca” (que inclusive concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro neste ano). “Avatar” se encaixa no terceiro caso e não consigo pensar num filme muito recente que se encaixe no segundo (um mais ou menos recente seria “Irreversível”).
Justamente, minha cara, vivemos na “Era da Informação” e não na “Era da reflexão”. Informação assimilada e esquecida, como quem come compulsivamente e depois regurgita devido ao excesso.
Eu discordo; apesar de não haver propriamente estudado os resultados do Oscar (já o fiz com os da Copa do Mundo de futebol hahuahua), parece-me que a muito (quiçá desde sempre) filmes mais profundos foram preteridos por outros que tinham mais apelo; a velha questão do lobby. Ora, certamente o Oscar já premiou filmes realmente bons. E não me parece absurdo que tenham cometido equívocos, afinal todos cometemos. O que me parece injustificável são certos equívocos flagrantemente absurdos. Cito o exemplo mais recente da indicação de “Avatar” para melhor filme. Ora, se ele se destaca pela forma, que fosse indicado a melhor efeitos especiais, melhor fotografia, etc., mas não a melhor filme, que ao meu ver, suponho qualidade de uma obra em sua totalidade, coisa que o filme citado não tem (eu continuo sem tê-lo assistido, mas todos que assistiram concordaram com meu julgamento, inclusive você).
Ta ai outra questão que eu acabaria esquecendo, mas fizeste o favor de lembrar: a questão política; o caso de Denzel e Hale foi o do politicamente correto, e acredito que o mesmo se deu com a ex-mulher de Cameron este ano (se não estou enganado foi a primeira mulher a ganhar o Oscar de melhor diretor(a), não?); mas há outras questões, por exemplo um filme ganhar ou perder prêmios devido a sua posições políticas (não lembro se Fahenheit 11 de setembro concorreu a Oscar). Isso existe em Cannes (e em todo lugar, creio), mas menos, parece-me. Nos EUA parece que tudo é negócio.
Eu nunca sonhei isso. Mas que piegas, Isabele. Logo você que descasca sem dó nem piedade os romancezinhos clichês e os filmes “novelinha”.
Para os meus padrões a srta. não se excedeu =) Quanto a ter dito besteira, certamente não mais (nem mesmo tanto quanto) as que se dizem no Oscar hahahahahaha.
Tu bem sabes que não vou replicar né? Minha preguiça não me permite huahuahuahuahua
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